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Vitória on:

Gritos por toda a parte.

- Hugo!- a Gabriela grita desesperada, sinto uma forte dor de cabeça, vejo tudo preto, o que se passa?

(...)


Um teto branco é a primeira coisa que vejo ao abrir os olhos, sinto-me zonza.

Sinto que levei uma tareia, o meu corpo esta acabado, as dores são horríveis e até respirar me custa. Olho em volta e consigo perceber que estou num hospital, o som da máquina ao meu lado é irritante, sinto que vou vomitar.

Sento-me na cama e levo as mãos a cabeça e ao meu cabelo que parece que não é lavado a mais de um mês, sangue faz com que ele esteja cheio de nós, respiro fundo algumas vezes retirando a mascara de oxigénio. 

Lembro-me dos gritos da Gabriela e ao longe a voz do Hugo, mas não me lembro ao certo do que aconteceu.

- Querida!- a minha mãe entra no quarto e vem até mim.

- Mãe!-  digo mas a minha voz sai fraca.- Onde estou? O Hugo? 

- Calma querida! - ela aperta a minha mão. - Vai tomar banho, e vamos para casa, lá conversamos.

Estou mais confusa do que nunca, e essa palavra tem estado na ordem do dia desde que o Hugo entrou nas nossas vidas. Mais uma vez estou completamente perdida e cheia de duvidas, será que tudo isto foi um sonho?

Tenho nódoas negras espalhadas por o  meu corpo, nada de muito grave, estou um pouco mais magra também, há partes arranhadas e avermelhadas, estou com um aspeto horrível. 

Vesti as peças de roupa que a minha mãe me tinha trazido, pelo vistos novas. 

Ao sair do hospital reconheci que estava na minha cidade, pelo o tempo escuro,  nublado e são perto das cinco da tarde, mas para mim parece que passaram alguns meses ou até anos.

Sigo a minha mãe até ao carro que me abre a porta com um sorriso caloroso, encosto-me ao banco, ainda me sinto atordoada. 

O caminho para casa é feito cheio de perguntas, ou as que o meu cérebro meio adormecido me deixa questionar,  em que a minha mãe não me dá resposta.

(...)
Uma chuva começou ao vir-mos para casa.

- Tome!- ela diz sentando-se ao meu lado na cama entregando uma chávena com café.

- O que se passou? Onde esta o Hugo, a Bianca, a Gabriela?- pergunto por todas as pessoas que eu vi antes de desmaiar.

- Querida, tente esquecer tudo ok?- ela diz passando a mão na minha face.- Agora esta tudo bem!

Eu juro que acho que a minha mãe está louca, ela tem um ar sereno e um sorriso estranho.

- Voltarás a faculdade segunda!- ela diz, levantando-se.- Teremos a nossa vida de volta.

Ela sai do quarto, fazendo um género de festejo, mano que merda é que se passa?  eu juro que não estou a perceber, e juro que me estou a passar novamente. 

Pego na minha mala que esta em cima da secretaria. Ligo para o Hugo e dá como desligado, foda-se! 

Eu juro que não aguento.  Desço as escadas o mais depressa possível e paro quando oiço a minha mãe ao telefone.

- Ela esta bem! -a minha mãe parece nervosa.- Não, não... Não podes vir cá!

Aproximo-me, a mesma agita a mão, mostrando sinais mesmo de nervosismo. 

- Faz o que quiseres, mas eu não a quero nesta vida!- ela quase que grita.- Posso decidir porque sou mãe dela, e ela vai esquecer-te se não te vir mais.

- Se apareceres aqui, eu própria mato-te!- ela desliga o telefone.

- Mãe !- chamo-a. 

- Querida, esta ai?- ela ajeita o cabelo e o vestido que usa, voltando ao seu ar natural numa fração de segundos. 

- Está tudo bem? Estava a falar com o Hugo? -pergunto-lhe, eu acho que ela esta louca.

- Estava, mas meu amor, vai ter de o esquecer!- ela diz aproximando-se de mim e sorri, fazendo-me festas na cara. 

- Não, eu gosto dele! Mãe por favor!- os meus olhos enchem-se de agua e pelo os vistos os dela também. - Porque é que a mãe esta a fazer isto? 

- O Hugo não é para a menina, você não gosta dele, isto é só mais um dos seus caprichos!- ela diz quando as lágrimas escorrem pela a cara.

- A mãe esta muito enganada! Eu não tenho mais 10 nem 16 anos!- grito.

Ela ri-se ironicamente.

- Vitória, segunda-feira começara a sua vida novamente, arranje um namoradinho na faculdade, faça o que quiser, mas não volte a falar, ver ou qualquer coisa relacionada com o Hugo!- ela diz nervosa.- A menina quis saber de tudo...

- Mas no entanto continua a esconder-me coisas!- interrompo-a. - Mas cada vez mais sei que a mãe me mentiu a vida toda!

- Não seja ingrata por favor! - ela diz virando-se de costas.- Só lhe peço que esqueça o Hugo, porque afinal a menina nunca gostou dele, ou aliás será porque é meu marido? Se fosse alguém mais velho, com realmente idade para ser seu pai, a Vitória também se tinha feito?

- A mãe está doida!- digo com a cara inundada de lágrimas.

- Não, eu estou é cansada de si, uma menina mimada, a menina mimada que o seu pai deixou!- ela fala mais calma.- Eu sempre o avisei, mas ele sempre lhe fez as vontades, tudo o que a Vitória queria!

Ela nem sequer me deixa falar, e remata novamente.

- Eu sempre o avisei! E a menina veio só provar que eu tenho razão! - ela olha para mim séria.- Eu sou sua mãe, e eu só quero o seu bem, e se quer depositar culpa, deposite no seu pai!

Ela sai rapidamente, o barulho dos sapatos altos ecoam pelo o corredor.

Deixo-me cair sobre o sofá, e deixo que as lágrimas tomem conta de mim.


O meu Padrasto IIOnde histórias criam vida. Descubra agora