Capítulo 43 - CLAUDIO / LOBO

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Os garotos chegaram de manhã da festa a fantasia. Eu dormia no quarto do Marcelo, porque o berço da Malu ficava nele.

Eles dormiram o sábado quase todo, e quando acordaram me contaram o que aconteceu na festa. Hugo parecia menos travado, enquanto nos contava o que tinha feito. Mais tarde continuamos com os treinamentos.

O final de semana passou e o próximo seria carnaval. Eu tinha combinado com o Marcelo de passar o carnaval na casa da família dele.

Dona Cida ficou insistindo para que fossemos para sua casa, ela disse que estava morrendo de saudades (e não era da gente, e sim da sua netinha), como eu não sei dizer não para aquela mulher, confirmarmos que iria.

Na sexta-feira de manhã pegamos o ônibus e partimos para nossa cidade de infância. Malu ficou meio enjoada no caminho e chegou a vomitar em cima do Marcelo. O cheiro não ficou muito bom no ônibus, mas os passageiros foram muito compreensivos.

Chegamos à cidade quase anoitecendo, e fomos para a casa da mãe do Marcelo. Dona Cida nos aguardava na porta e toda feliz, logo pegou Malu no colo.

- Vem meu amor, não sabe o quanto a vovó estava com saudade.

- Nossa... Eu também estava com saudade de você, mãe - Marcelo disse rindo e dando um abraço na mãe.

- Antes eu era o único chamado de amor... Agora ela só quer saber dessa babona - Reclamo de brincadeira e a abraço também.

- Cadê o pai? - Marcelo perguntou

- Esta no sitio, daqui a pouco ele chega. Vão tomar um banho que vocês estão fedendo, me deixem aqui com essa coisinha linda.

Fazemos o que Dona Cida mandou. Quando o pai de Marcelo chegou, já estamos de banho tomado e o mais importante, sem cheiro de vomito de criança.

O senhor Airton nos recebeu com carinho, mas não nos deu muita atenção, ele só queria saber da Malu. Ver o amor que eles tinham por minha filha me deixava muito feliz.

Seu Airton avisa que teria que ir ao sitio amanhã e pergunta se nós queríamos ir. Aceitamos, fazia tempo que não íamos para lá.

Dona Cida prepara um jantar delicioso e depois fala para gente ir para rua aproveitar a sexta de carnaval, que ela ficaria cuidando da sua netinha.

Negamos, mas ela insiste e então saímos, deixando Malu com os pais de Marcelo. Era a primeira vez que saímos os dois para curtir a noite sem nossa filha.

A cidade era pequena de interior, dessas que tem uma igreja com a praça na frente e o comercio a sua volta. O centro era a praça e foi para lá que fomos.

O local estava cheio, com bastante gente fantasiada, crianças correndo para todo lado e seus pais atrás. Malu ainda nem engatinhava, mas me imaginei ali no meio, correndo atrás dela, dou um riso.

- O que foi? - Marcelo me pergunta.

- Nada, só pensando na Malu.

- Você também não vê a hora de ser um desses pais babão que ficam correndo atrás dos filhos, né?!

Olho para o meu amigo, ele me conhecia tão bem, parecia que tinha lido minha mente.

- O bar do Seu Tião ainda existe - aponto, mostrando o bar aberto - vamos lá?

No bar, Seu Tião estava no balcão. Ao nos ver, ele vem em nossa direção e nos abraça.

- Meninos, pensei que iria morrer e nunca mais ver vocês.

O bar estava diferente, menos sombrio, ou talvez eu tenha crescido e vencido o medo do local.

- Claudio, - Seu Tião me chamou e apertou minha mão - Eu sinto muito pela morte do seu pai, já fazia um bom tempo que ele não bebia. Ele me falava muito de você, que queria te procurar para pedir perdão, mas não tinha coragem.

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