Abri a porta e encontrei uma moça baixinha que parecia trabalhar ali, ela me encarava de uma forma estranha.
— Bom dia.. ou tarde, poderia me dizer como chegar à saída por favor? – Ela continuava a me encarar sem nenhuma resposta.
— Você entende o que eu digo? Porque meu galês vai te assustar. – Ela balança a cabeça levemente para cima e para baixo, mas continua sem sair nenhum som de sua voz, será que ela é muda? Tento então me comunicar em libras, mas a mulher se assusta e arredou os pés da minha direção.
Óbvio que ela não entendeu que estou usando língua dos sinais de Portugal, na Escócia deve ser de outra maneira, não julgaria se a mulher pensasse que sou uma retardada.
— Me perdoe pelo incomodo, só me guie até a saída mais próxima que eu paro de ocupar seu tempo. – Disse o mais devagar possível em inglês.
Ela me leva até o corredor da recepção e desaparece, aparentemente ela não era surda. O caminho que fizemos parece diferente do qual eu iniciei para chegar à biblioteca, e o tempo passado lá deve ter sido longo porque eu não vi tantas turistas transitando pelos corredores, apenas mais alguns empregados me encarando de modo questionador.
Quando sai, o sol não existia mais, tinha apenas nuvens cinzas e com uma leve garoa caindo sob minha cabeça e só me questionava quanto tempo eu passei nesse castelo? Roza deve estar louca de preocupação, resolvo mandar uma mensagem para a minha amiga e não me surpreendo ao ver que tinha uma ligação perdida dela, mas aparentemente eu estava sem nenhum sinal.
— Que porcaria de companhia telefônica, era para cobrir até o norte europeu, vou ter que comprar outro chip.
O jardim agora parece estar com guardas e quase vazio, penso então em sair silenciosamente e ir a pé mesmo ao centro da cidade – eu tinha uma leve impressão de que estas casas tinham uma cor mais desgastada e menos mato em volta.
Mas antes de sair propriamente do palácio me deparo com vozes que parece de uma luta física, eu e minha curiosidade seguimos em direção ao barulho.
Enquanto sigo a rota em direção aos ruídos tento novamente achar um sinal, mas nada, nem um mini risco de rede, me pergunto como é possível não ter nenhum sinal. Meus dados móveis é compreensível, mas rede telefônica é o mínimo. Quando avistei dois homens, cogitei ignorar e sumir dali, porém um deles gritou algo sobre a coroa e estávamos na Escócia, não poderia deixar passar qualquer informação que fosse.
— Suma da minha frente!
— Sinto muito, mas este pedido é muito contra mão para minha pessoa.
— Então sou eu que sinto muito por isso Henry, preciso terminar isso. – E em segundos o cara passa correndo pelo tal de Henry e passa uma lâmina na dobra do seu joelho e some entre as árvores e arbustos desse imenso jardim. Me aproximo rapidamente, tirando meu mini kit de primeiros socorros que meu pai sempre me obrigou a levar na minha pochete, santo Heiko.
— Você está bem? – Me ajoelho para ver o tal corte e percebo que o cara queria mesmo machucar, o corte é de um extremo a outro e sai muito sangue dali, rasgo um pouco mais da calça dele que é de um tecido bem fraco e aperto contra o machucado, como resultado ouço reclamar.
— Quem é você?
— Uma jornalista curiosa. – Digo baixinho.
— O que disse?
— No momento, uma aliada. Preciso que estique a perna para eu ver a profundeza do machucado.
— Está me pedindo para deitar de cara na terra?
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Um Romance Fora de Época ( Degustação)
RomanceClarice Wisniewski é uma portuguesa, que trabalha como jornalista com histórias, lendas e contos antigos retratados na Europa. Quando uma lenda de um duque que roubou a rainha é renascida na Escócia, depois de quase 200 anos do acontecimento, Claric...