I. Enquanto eu estiver aqui.

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Não parecia fazer tanto tempo que o treino da tarde do Fukuroudani havia começado. Os treinos estavam cada vez mais pesados e intensos, uma vez que o colégio chegou na final do Torneio de Primavera e estavam contra o famigerado colégio Nekoma.

Por mais que o time adversário tenha vários amigos de Bokuto, isso não deixava ele tão relaxado. Até porquê, o Tetsurou não pegaria leve apenas por se conhecerem a longo prazo.. Naquela mesma tarde de treino intensivo, Akaashi percebeu que o seu Às estava com um comportamento estranho do normal dele. Bokuto estava extremamente calado e focado, mal chamava o nome do levantador e mantinha um semblante de irritação e cansaço.

Observando de longe, o moreno não podia evitar se sentir preocupado com o estado do atacante. Conseguia ver com clareza que, além de exausto, estava triste. Até seus chamativos cabelos prateados pareciam para baixo. Para Akaashi, ver aquele Bokuto cabisbaixo o deixava de coração partido.

— Bokuto-san. — Chamou, assim que levantou a bola perfeitamente na direção que desejava, do jeito que o atacante gostava: alta e não muito perto da rede.

Com todo esforço possível, Bokuto pulou o mais alto que conseguia para dar aquela última cravada e ouvir o som do apito, indicando o fim daquele treino. Akaashi sorriu minimamente, o que fez o rapaz de cabelos platinados se sentir mais leve. Suspirou alto, demonstrando fadiga.

O treinador os chamou para uma conversa rápida para tranquilizar o time, exceto o Às, que estava quase sufocando com aquela conversa motivacional sobre autoconfiança e esforço. Sabia que havia uma pressão enorme nele, e dessa vez, aquilo o afetava bastante. Sentia que era sua obrigação mostrar a todos e ao seu time o que sabe e precisa fazer para ganhar, não estava conseguindo relaxar com essa ideia nos últimos dias.

Distraído em seus pensamentos ansiosos, não percebeu o fim da conversa e um moreno preocupado atrás dele esperando que acordasse do seu transe. Cabisbaixo, Bokuto deitou a cabeça na curva do pescoço fino de Keiji, respirando fundo e soltando o ar lentamente, sentindo o perfume ali presente enquanto abraçava a cintura de seu parceiro. Akaashi acariciou os cabelos pontudos do rapaz deitado em seu ombro e com a outra mão, acariciava sua bochecha.

— Eu 'tô morto.

— Só está cansado, Kou. Vamos conversar em casa. — Bokuto saiu da posição aconchegante que estava apenas para olhar triste para Akaashi.

— Pega leve comigo, por favor, 'Kaashi. — Murmurou, fazendo Akaashi sorrir levemente.

— Não vou te dar bronca. — Bokuto respirou aliviado. — Não hoje. — Ambos soltaram um riso fraco antes de derem um selinho que aqueceu seus corações por alguns segundos.

Após trocarem de uniforme, seguiram de mãos dadas até o carro de Koutarou. Ambos sonolentos e cansados, apenas curtiram a viagem com as músicas que tocavam no rádio e conversas curtas, falando sobre como foram sortudos com as instabilidades que ocorreram na arena central que proporcionou ao Fukuroudani e ao Nekoma uma semana inteira de treino.

Ao chegar na entrada da casa, Bokuto bocejava enquanto Akaashi lentamente procurava a chave e em seguida, abria a porta. A casa nova ainda estava bagunçada por conta da mudança que iriam concluir após o Torneio de Primavera. Como Bokuto iria se formar independentemente de perder ou ganhar o nacional, tinha plena convicção de que não aguentaria um ano longe de Akaashi. Com muita preparação, convenceu seus pais e os pais do mais novo a deixarem o casal morando sob o mesmo teto. A rotina não estava sendo tão diferente do cotidiano de ambos, uma vez que se visitavam sempre que possível, estavam sempre juntos. Sem falar que o apartamento não era tão afastado da residência da família Akaashi.

Akaashi espreguiçava-se enquanto Koutarou rapidamente despia-se caminhando ao banheiro.

— Quer que eu faça algum chá para você, Kou? Acredito que está com dor de cabeça. — A pergunta do moreno fez Bokuto voltar para respondê-lo.

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