EPILOGO

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Noah's POV

- Noah, meu amor? Vamos?

Sinto a Dixie me chacoalhando para me acordar e descer do avião e só de ouvir o "meu amor" reviro os olhos. Dou um sorriso amarelo para a morena que parece satisfeita ao ver que me acordou e se vira para pegar suas coisas espalhadas pela volta do seu assento no avião.

Eu seria extremamente babaca de admitir em voz alta que eu não gosto tanto da Dixie assim. Quer dizer, ela é gostosa e tal, mas estar com a Dixie nunca foi a mesma coisa que estar com ela.

Eu queria que ELA estivesse na casa dos meus pais no Arizona. Eu queria viajar com ela. Eu queria levar ela para jantar fora e depois de volta pra casa para dormir no meu quarto da adolescência, sem ter vergonha nenhuma dos brinquedos ou fotos feias nas estantes.

Infelizmente eu só me dei conta disso quando era tarde demais. Quando a Dixie me ligou dizendo que poderia ir viajar comigo, eu não pensei nela. Nos primeiros dias de viagem, eu pensava nela, mas até que me distraía com a Dixie.

Mas quando o Bryce me ligou brigando comigo por ter sido um filho da puta com ela, nada vai tirar da minha cabeça que eu ouvi um barulho de choro ao fundo. E desde esse dia todos os dias ao lado da Dixie tem sido mais monótonos e chatos do que nunca.

Posso estar sendo um babaca e usando a Dixie, mas o que me conforta é saber que ela está na mesma situação, tentando suprir a sua falta do Griffin comigo. Ambos sabemos lá no fundo que isso nunca vai funcionar mas continuamos fingindo um para o outro que conseguimos nos contentar um com o outro.

Passamos pelo desembarque e toda essa burocracia de aeroportos e logo estávamos na saída esperando nossas devidas caronas.

- Tchau, meu amor, se cuida - Dixie diz me dando um selinho e entrando no táxi.

Espero mais um pouco e logo vejo o carro do Bryce chegando para me buscar. Fomos em silêncio no caminho, ele ainda não havia me perdoado por ter magoado ela.

No caminho olho o meu celular e vejo que era dia 26 de abril, e dou um sorrisinho ao lembrar que hoje era o aniversário de cinco anos da Olivia, a irmãzinha dela. Eu gostaria tanto de conhecê-la.

Chegamos em casa, eu cumprimento os meninos, todos meio distantes e eu logo assumo que foi por conta dela. Eu não os culpo.

Como uma tigela de cereal e logo vou para o meu quarto dormir, estranhando o fato de a cama estar desarrumada. Eu não tinha arrumado antes de viajar?

Tento, numa tentativa falha, dormir, mas passo a noite em claro, o pensamento nela e a frustração de não tê-la por perto.

Quando vejo o sol lá fora, desço para a sala e fico lá sozinho. Ouço a campainha e vou até a porta, vendo o carteiro. Pego as cartas e apenas passo o olho para ver se não pegamos a correspondência do vizinho, afinal quem recebe cartas hoje em dia. Conta de água, conta de luz, papéis desnecessários... Até que pego uma carta largada no fundo do correio, com uma caligrafia conhecida e a data do dia em que ela foi embora. Me dou conta do que se trata e largo as outras cartas no chão, abrindo aquela e a lendo sem nem respirar.

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Querido Noah,

Sinceramente, ainda não acredito que estou indo embora. Estou escrevendo essa carta de dentro do avião, voltando para o Brasil.

Me entristece saber que fui embora sem dar um ponto final na nossa história. Me sinto perdida, sozinha numa encruzilhada e voltando para qualquer lugar, menos para casa.

Estou escrevendo essa carta para ser o mais sincera possível. Para que você possa ouvir o som do meu coração, uma melodia que eu comecei mas nunca terminei, afinal nunca fui a melhor com as palavras, mas sinto que estarei verdadeiramente livre depois de te dizer tudo o que sinto.

Desde o primeiro dia você foi um companheiro leal, presente e carinhoso. Em seu rosto, seu olhar, nunca houve nem um pouco de mentira, dissimulação ou falsidade. Na verdade, você foi um grande amigo, talvez o melhor amigo.

Eu não queria admitir, mas apesar de ir embora, sei que vou lembrar de você em cada passo do caminho. Eu sempre vou te amar. Talvez eu nunca mais namore ninguém ou talvez namore mais vinte caras e ache o real amor da minha vida, mas você sempre estará marcado como o meu primeiro amor.

Fizemos coisas que não devíamos ter feito um com o outro, e infelizmente nem todo aquele nosso amor foi capaz de compensar isso. Mas apesar de ainda estar magoada e machucada, isso me ensinou uma lição que eu precisava aprender.

Sinceramente, minha ficha de que tudo acabou ainda não caiu. É difícil ter que aceitar que isso tudo não existe mais. O intercâmbio, a gente... Mas eu vejo isso como um bom sinal, afinal, o quão sortuda eu sou por ter algo tão incrível que faça dizer adeus tão difícil?

Quero que você saiba que vou levar comigo apenas as boas memórias. O nosso melhor. Quando eu ia dormir no seu quarto simplesmente por saudade de você durante o dia. Os almoços depois da minha aula que não eram nada demais mas ao seu lado ficavam mais divertidos, tudo fica. Os nossos beijos e sentimentos mais bonitos que alguém pode ter por outra pessoa.

Acho que você nunca iria saber, mas Peaky Blinders sempre foi a minha série favorita. Já tinha visto a coisa toda duas vezes. Mas quando eu vi o jeito que os seus olhinhos brilhava e você sorria com a coisa mais simples do mundo, apenas ao falar de uma série que você gosta, eu não podia estragar isso. Você também nunca descobriria que eu senti sua falta, dormindo no seu quarto quase todos os dias desde que você foi viajar.

No início da nossa relação, éramos duas pessoas tristes tentando compensar nossos fracassos nos últimos relacionamentos um com o outro, e talvez por isso, as coisas tenham dado errado.

Eu espero que a vida te trate com gentileza e carinho, como você trata os outros. E espero que você realize todos os seus sonhos. Eu te desejo muita alegria e felicidade, mas acima disso tudo, eu te desejo amor.

Você merece.

Você merece alguém que esteja aí para tudo. Que te faça rir até a barriga doer e que nunca tenha visto Peaky Blinders. Você merece o amor mais lindo e puro do mundo. Eu espero que ela te proporcione isso.

Você me proporcionou as memórias e os sentimentos mais lindos do mundo. Diferente de todos os outros, você apenas me deu o seu coração e pediu o meu em troca. De quantas pessoas podemos dizer o mesmo? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial como você me fez? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?

Eu aprendi, porém, que não importa o quão o seu coração esteja quebrado, o mundo não para pela sua dor. Então devemos seguir. Terminando essa carta, me sinto livre para tentar seguir em frente.

Eu espero que em algum dia gente ainda se encontre por aí...

Com carinho,
Alexia

 𝑚𝑦 𝑒𝑥𝑐ℎ𝑎𝑛𝑔𝑒 𝑠𝑡𝑜𝑟𝑦 // 𝑠𝑤𝑎𝑦 𝑏𝑜𝑦𝑠 Onde histórias criam vida. Descubra agora