Capítulo 1 - Academia Lectus de Magia

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"Londres infelizmente e não uma Lisboa ou Belfast da vida, 04:11 da manhã, uma desanimadora sexta-feira chuvosa(como é de se esperar da Londres) e mais um pombo correio que morreu na minha janela por tentar atrapalhar o meu sono e organização pro dia de hoje."

Capitão! Capitão! - gritou uma jovem do lado de fora. O feiticeiro nada respondia. - Capitão Rostan! - A porta abriu imediatamente em uma força explosiva que quase fez a jovem cair das escadas que guiavam até a porta. A jovem tinha vestes extremamente caras, usava um vestido prata Burberry típico inglês bem apertado na cintura e pouco decotado, em uma mão segurava um guarda chuva multifuncional e da outra uma bolsa de mão nobre com anotações. - É PROFESSOR, professor Rostan. Capitães são os brutamontes que ficam na inveja atrás de suas armaduras de ouro. - disse se referindo aos também famosos Cavaleiros da Ordem.
-Perdão professor, eu só queria conversar sobre a minha matrícula na su-- Imediatamente a porta se fecha com força sem ao menos o feiticeiro encostar a mão na maçaneta. - Não existe privilegiados nos meus escolhidos, apareça lá e veremos a sua avaliação. E NÃO ATRAPALHE OS MEUS PENSAMENTOS DE NOVO.

Pelo visto mais uma das novatas de elite que foi tentar uma chance garantida com o reconhecido Rostan, arquimago da Academia Lectus de Magia. Essa época do ano era sempre um tempo de muita correria, era um dos professores com o qual a universidade usava para representar a cara da educação mais cara que se poderia obter no mundo para estar à frente de todos em questões de magia.

Foi até seu quarto novamente e abriu a janela em que o pombo correio estava morto após insistir em deixar a carta de seu bico na casa de Rostan. Casa a qual possui proteções arcanas de fogo. - Hm, avisei pra não me enviarem cartas. Por isso ganho fama de ameaçador. - Não era apenas por isso, seu pavio curto era famoso entre seus alunos e internos que tinham que lidar com ele. Tirando a carta do bico do coitado, visualizou o que estava escrito com certa atenção:

"Não tão querido Rostan, sabemos que você já organizou a cerimônia a dedo, mas tente não transmitir a sua exaustão audaciosa para os novatos que chegarem. Hm... sei que tem amor por ensinar, seu, hã... Como posso dizer, seu posicionamento rígido é algo que atrai os futuros aprendizes mas como o seu amigo, que gosto de acreditar que sou, tente ouvir o meu conselho: aproveite a cerimônia. Entre nós, você e Professora Lina são os que mais merecem descanso nesse momento. Do então querido diretor, Sir Ruan González."

- Fascinante. Se você parou mesmo pra escrever isso...
- Bufou consigo, e então se levantou novamente da cama e foi se arrumar. Quando olhou para o joelho mecânico que o auxiliava a caminhar, deu alguns tapas na peça e em um estalar de dedos suas vestes já tinham se trocado pelo seu kit formal e foi se olhar no espelho. - Mais um dia... - Disse transportando sua bengala para sua mão direita e o guarda chuva na esquerda no aguardo da forte chuva que o aguardava.

A gloriosa Londres não decepcionava na modernidade, mas tinha algo na cidade que o feiticeiro não sabia descrever desde que mudou aos 12 anos. As chuvas torrenciais se transformavam com o tempo em flocos de neve, deixando as ruas brancas e escorregadias e o vento que já era forte em quase um empurrão de frio, então Rostan desfez de seu guarda-chuva, era a época de Natal dizendo que estava chegando. Entrelaçando duas moedas nos dedos indicadores, o seu andar lento e cambaleante que o irritavam mesmo que ele se auxiliasse do joelho mecânico pela vida inteira se direcionaram até uma rua estreita aconchegante e florida para tomar o café da manhã, mas antes parou na banca mais próxima e fez as moedas pousarem nas mãos do garoto que estava com os jornais em mãos. - Bom dia, professor! Pega! - Exclamou o menino sorridente que jogou o jornal até o professor que já estava alguns passos a frente e um segundo depois, no estalar de dedos, com o jornais na mão esquerda e a bengala na direita. - Pra você também jovem Charlie! - Gritou de longe. Tentava descobrir alguma notícia diferente do esperado mas nada demais. "Inglaterra reafirmava que não abriria mão da Índia, rumores de que D. Pedro II foi visto em algum hotel da cidade", mas a capa do jornal era óbvia. Adentrando a lanchonete, até que o homem não se incomodava ou se surpreendia com a lotação do lugar: a cidade inteira parava nos bares, lanchonetes e monumentos onde eram transmitidos o famoso "Ritual de Testes da Academia Lectus" para ver os futuros jovens promissores que lhes dariam orgulho na área da magia. Sim, transmissão, através dos magos dimensionais que refletiam as imagens por toda a cidade. - Um cappuccino e ovos com bacon e cogumelos, por favor. - A garçonete confirmava com a cabeça e sorria até mais que o normal. - Minha filha é sua maior fã, vou mandar capricharem pra você hoje, Rostan. - Bem, você sabe não sou capaz de recusar algo assim, Margaret. - Ela riu de canto e gritou o pedido para a cozinha. O ambiente parecia ter parado por alguns segundos e depois foi entender o porque disso, os olhares, nem todos de admiração ou repulsa, boa parte era pela curiosidade mesmo. - Um arquimago... na lanchonete que eu frequento. - Falou um civil tentando não falar muito alto para não perder a postura. Arquimagos eram uma raridade não só em Londres, mas no mundo inteiro, um professor que era Arquimago era algo inédito. Rostan estava começando a ficar famoso pela escolha do diretor de colocar ele e sua amiga, Lina, como os magos que representam o melhor da universidade por causa de seus feitos recentes. - Quem diria, um rabugento como você ter essa fama toda. - Falou Margaret voltando com a xícara de café e o café da manhã em mãos. Ela parecia feliz mas exausta, a filha ia participar do teste e tinha certeza que a mesma se destacaria entre as outras. Seu jeito de tratar os clientes denunciava a criação em casa. - Hmph. E então, vai aparecer no final do evento? Já que vai ser perto do natal a academia vai estar aberta pra receber os amigos e familiares. - Ela não me quer lá. - Rostan parecia que ia interrompê-la mas não o fez. - Mas tudo bem, eu já sou orgulhosa dela, eu sei que ela vai conseguir. Um dia Julie vai entender porque fui tão dura.

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⏰ Última atualização: Nov 25, 2020 ⏰

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