ɪɴsᴛᴀɢʀᴀᴍ sᴛᴏʀɪᴇ - ᴊᴇɴɴᴇʀ/ʙɪᴇʙᴇʀ [Concluída]

3.1| Real Life

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- Isso! Perfeito! - gritava o fotógrafo.

Bella e eu estavamos a trabalhar com a Versace. Ia sair o novo perfume da marca em colaboração com Dylan Turquoise e nós participariamos no vídeo publicitário junto de outros modelos.

- Ok, vamos fazer uma pausa de cinco minutos. - o diretor disse. - Depois voltamos ao trabalho.

Imediatamente vesti o robe, pois mesmo parecendo que não, estamos no inverno e eu estava com frio. Sentei-me numa cadeira ao lado de Bella e encostei a minha cabeça ao seu ombro fechando os olhos.

- Pareces cansada. - ela murmurou. - Dormiste esta noite?

Abri os olhos, olhei para ela e fiz uma careta. Bella levantou-se de ressalto e cruzou os braços.

- Nem acredito... KRYSTAL PORQUE É QUE NÃO DORMISTE?

- Eu... - levantei-me também. - Como não tive tempo de praticar o recital de ballet durante o dia, pratiquei á noite.

Bella abanou a cabeça negativamente e começou a andar nervosamente para trás e para a frente.

- Foi só hoje. - menti.

A verdade é que desde a semana passada, tenho andado a dormir apenas duas horas por dia. Maior parte do tempo mal consigo parar para comer, quanto mais para exercitar-me, por isso aproveito para fazer isso quando a casa fica em silêncio durante a noite. Sem contar as vezes que apago e reescrevo mensagens que acabo por não enviar ao Justin.

Exato.

Não falo com ele há uma semana porque ignoro sempre as ligações e mensagens que ele me manda. Pode parecer infantil da minha parte, mas não é. Eu só achei que precisava de um pouco de distância para entender os meus sentimentos, por isso não segui o conselho da Gigi. E agora que finalmente percebi que ainda estou apaixonada por ele, mesmo depois de tantos anos, tenho mais razões para me querer afastar dele.

Em primeiro lugar para não me magoar, e em segundo lugar para não me magoar.

Só isso mesmo.

Pode parecer pouco, mas na verdade é muito. A raiva e tristeza que senti ao ver como mesmo depois de meses a Selena ainda tem efeito no Justin, partiu-me. Querendo ou não, eles têm história, e eu não posso competir contra isso.

E também não é como se ele quisesse algo comigo. E disso eu tinha provas.

A minha sorte era que eu não tinha tempo para nada, nem para pensar. Porém neste pequeno e único intervalo da semana tudo veio á tona. Tudo o que eu ignorei, fiquei calada e reprimi.

- Krystal? Krystal? - abanou-me Bella. - Estás a ouvir-me?

- O quê? - pisquei para não chorar. - Desculpa. Eu só estava a pensar.

- Nós temos muito que falar menina. Tens de dormir para teres boa saúde! - repreendeu-me ela. - Promete que não voltas a fazer isso.

Olhei para a cara preocupada de Bella. E uma lágrima desceu dos meus olhos. Fechei a boca com força e forcei-me a manter-me forte.

- Krysty? - Bella franziu a teste ao ver a minha cara de choro. - Eu disse alguma coi...

- Desculpa. Eu só estou tão cansada disto tudo. - sentei-me encolhida na areia e a minha amiga abraçou-me. E finalmente desabafei. - Estou tão cansada de constantemente receber comentários maldosos, das exigências da minha mãe, das expectativas dos meus fãs, de não ser correspondida no amor, de não poder sair á rua sem ser fotografada, de não poder dizer o que quero, quando quero, sem ninguém me levar a mal, de todas as entrevistas e perguntas evasivas, de não poder vestir-me como quero sem me julgarem e de não poder falar confortávelmente com a minha família sem as câmeras apontadas para nós. Eu só quero ter uma vida normal... sem drama, e com tempo para mim mesma e para minha saúde mental.

Bella chorou comigo também.

- Está tudo bem Krysty. Eu percebo. Mas nós não temos escolha, nascemos em famílias famosas... - apertou-me mais. - Vou ligar á tua mãe...

- NÃO. - levantei-me com as bochechas molhadas das lágrimas. - Por favor não. Ela vai dizer que é só drama.

- Krystal... - Bella murmurou.

- Então liga á Gigi e á Kylie. - pedi.

- Eu ligo... - garantiu.

Minutos depois Kylie e Gigi estavam no set com chocolates quentes e lenços de papel para nos apoiar nas gravações.

Continuei como se nada tivesse acontecido. E culpei-me por me ter ido a baixo e chorado. Afinal, eu não me posso queixar.

Certo?

Muita gente daria para estar no meu lugar, foi o que o meu pai sempre me disse, e por isso devia estar grata.

Mas o que essas pessoas não sabiam era o que a internet não mostrava. E acima de tudo, eu era humana, tinha sentimentos...