Sociopatas

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Existe uma gigantesca parede logo na entrada da escola, acima das escadas, onde existem diversas fotos de formandos ao longo dos anos e uma grande foto centralizada, mostrando os formandos do ano que se passou. Eu ainda lembro dos rostos de alguns daqueles veteranos, onde várias daquelas garotas eram minhas amigas. No rodapé da gigantesca foto, uma frase. A famosa frase, que percorria inúmeros corredores da enorme escola:

As crianças inteligentes que obedecem aos adultos terão um brilhante destino.

Vários alunos debochavam daquela frase, mas aquilo servia como um mantra na minha vida desde sempre, mesmo que eu só viesse a conhecer aquela frase anos à frente. Meu nome é Işık, e eu tinha certeza de quem eu era, certeza de quem eu queria ser quando crescer e tinha certeza de que se continuasse fazendo o que eu estava fazendo, eu iria crescer certo. Iria ter um futuro confortável e normal. Por isso, eu estava sempre estudando, sempre admirando aquela frase a cada dia que eu atravessava o portão, e aquilo praticamente servia como um mantra, pra que eu não esquecesse nunca do meu objetivo principal.

— Admirando de novo esse quadro idiota, Işık? — Eda esbravejou pra mim, me empurrando com o ombro. Uma batida forte, por sinal.

Eda era um dos quatro sociopatas da escola. Era vulgar, tinha uma boca suja e era valentona. Vivia pregando peças nos outros, sabotando os eventos e ferrando as pessoas. O escândalo mais recente fora o do professor novato do primeiro ano. O diretor Necdet havia pego os dois na sala de aula, algumas semanas depois do início das aulas.

Eu era incapaz de responder qualquer coisa a ela pelo simples fato de que eu morria de medo; porque sua presença era ameaçadora. Aliás, eu morria de medo de qualquer um deles. Quase todos.

Deixei que ela sumisse no corredor e segui em direção a sala de aula, ajeitando minha bolsa que havia desequilibrado do ombro com o impacto proposital de Eda. Para meu azar, os sociopatas estavam em minha sala de aula. Há dois anos. E por mais um ano eu teria que aguentar todos eles.

Osman era o segundo dos sociopatas. Era um vigarista. Conseguia dinheiro fácil com apostas e sabe-se lá com o que mais; ele fazia uma rede de negócios com os caras mais inteligentes da escola, onde eles faziam as atividades escolares para quem contratasse seus serviços. Ele era como um desses grandes empresários, dos mentirosos e corruptos. Certo dia, ele tentou fazer com que eu me juntasse a sua rede de pilantragens. Eu recusei.

Osman podia não me por tanto medo assim como Eda, mas ainda era um deles.

Entrar na sala de aula e me ver cercada de tanta gente não sociopata acalmou a angustia que comecei a sentir antes. Eram quase 40 alunos em sala, então eles não iriam fazer nada comigo, pelo menos eu achava que não. Eu costumava me sentar sozinha na terceira coluna da direita para a esquerda, na quarta fileira. Eu sentava sozinha, com um conjunto de cadeira e mesa vazio ao meu lado. Não era ruim, assim eu conseguia me concentrar ainda mais nas aulas, sempre focando no meu plano de vida.

— Eu juro que um dia Kerem vai ter o que merece. Ser expulso do time de basquete parece que não foi o suficiente. — Comentou um dos alunos algumas cadeiras de distância de mim.

Organizei o material em cima da mesa enquanto o terceiro dos sociopatas aparecia pela porta. Ninguém dava tanta atenção assim para eles, mas Kerem tinha uma forte presença. Ele costumava ser o astro do time de basquete, mas depois de agredir o juiz por não marcar uma falta, foi finalmente expulso do time.

Kerem era um brutamontes. Da voz grossa e cheia de arrogância, a resposta para todos os seus problemas era o simples e puro soco. A violência. O sangue dos seus adversários em maior quantidade no chão cinzento. Com certeza, entre todos, ele era o que mais me assustava. Ele era o que mais parecia não ter medo ou hesitação de meter um socão em mim caso eu tombasse com ele em algum momento.

Todo o meu Amor para Sinan - FANFIC LOVE101Onde histórias criam vida. Descubra agora