Cap. 3 - ...ou quase isso

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— Você disse que ia ajuda-lo, mas no final não tem ideia nem de onde estamos.

Seguindo as orientações do menino, os irmãos adentraram na floresta. O caminho por entre as árvores quase todas as horas eram estreitos, devido ao formato dos troncos e das grossas raízes, que se uniam formando um emaranhado confuso.

— Eu podia usar o gps do celular, mas dentro da floresta não tem sinal.

E para completar, as árvores davam interferência no sinal de celular.

— As árvores funcionam como uma caixa de metal. Frequências de rádio ou qualquer outra não chegam aqui. E se chegam é o mínimo do mínimo, não serve pra nada — resmungou.

Árvores naturais de Roxidaze. Seus troncos são perfeitos para realizar experimentos envolvendo ondas eletromagnéticas. Porém, na atual circunstância, elas serviam apenas para complementar a falta de direção, bloqueando os sinais de internet.

— Então, resumindo toda sua explicação...

— Resumindo tudo, minha querida irmã, estamos perdidos e sem nenhum ponto de referência.

Tal era a situação. Alice entrou de cabeça e Klaus foi logo atrás dela, mas não pensaram em como voltariam. Um ato falho que eventualmente custou caro.

— Eu te puxei pra isso e nem pensei em nada... desculpa — disse enquanto abaixava a cabeça.

Pensar em quão inconsequente foi sua ação a deixou cabisbaixa. Deveria ter feito, pelo menos, alguma estratégia para conseguirem voltar. Porém, além de não pensar na situação, também não esperava adentrar tanto na floresta a ponto de se perderem.

— Isso não combina com você, maninha.

— ...? Ai! Pra que isso? — perguntou enquanto passava a mão na testa, no lugar onde Klaus dera um peteleco.

— Pra você acordar, dã.

— ?

Klaus parou de andar, levantou o dedo indicador da mão esquerda e disse olhando para ela.

— Primeiro, ninguém me obrigou a vir aqui. Então não tem motivo pra se sentir culpada por isso — ele puxou o ar para os pulmões, recuperando o fôlego e levantou o dedo médio. — Segundo, a parte de bolar planos sempre foi minha. Então eu tenho mais parte da culpa.

Alice poderia ter uma parte da culpa, mas Klaus foi quem cometeu o erro mais grave. Sempre que ia junto com sua irmã para resolver qualquer problema, ele bolava uma forma de sair caso desse errado, coisa que não aconteceu desta vez.

— Por isso não se sinta mal. Vamos achar o garoto e sair daqui a tempo de nos inscrevermos em alguma Academia, beleza?

Apesar de não ter jeito com as palavras e suas frases na maioria das vezes saírem como uma piada de mau gosto, ou como um deboche muito elaborado ou até mesmo como palavras de desprezo, Alice sabia que, no fundo, seu irmão tinha um coração bondoso e tentava de verdade ajudar as pessoas, como estava tentando animá-la agora.

As palavras dele a fizeram esquecer a própria inconsequência. Agora que já estava no meio do problema não tinha o porquê se lamentar. O melhor a se fazer achar o garoto o quanto antes e depois arrumar um jeito de sair dali.

— Tem razão, maninho. Vamos lá — disse abrindo um sorriso radiante.

— Assim que eu gosto — respondeu.

Eles voltaram a caminhar, indo cada vez mais fundo na floresta.

— Mas mesmo assim não temos nenhum sinal no moleque. Pra onde será que ele foi?

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