Numa noite fria de outubro, Bruce Wayne olhava pela vidraça de seu quarto enquanto pensava em coisas atípicas. O alerta não tocara naquela noite, o que era estranho tratando-se de Gotham. A televisão estava ligada e falava sobre os avanços da tecnologia na cidade, nada que Wayne não estivesse saturado de ouvir. No braço de sua poltrona, repousava um copo de whisky pela metade, que fora apenas degustado. A mansão estava vazia. Grayson era um adulto agora, não precisava passar noites e mais noites ao lado de Bruce. Se Dick ainda fosse uma criança, provavelmente estariam treinando movimentos acrobáticos, mas o primeiro Robin –agora Asa Noturna – já tinha aprendido o necessário. O vazio da ausência de Dick se unia ao espaço deixado por Jason após sua morte. A bat-caverna nada mais era do que um museu e o traje esfarrapado deixado por Jason Todd ainda era o pior castigo de Bruce. A mente do homem-morcego estava conturbada. Para ele, era mais fácil combater qualquer outro inimigo do que encarar seus próprios fantasmas pessoais. Já faziam dois anos desde o assassinato do segundo Robin e seu autor, o Coringa, ainda estava no Asilo de Arkham. Todos os inimigos em potencial do Batman já tinham sido presos. A divisão de tarefas entre Asa Noturna e Batgirl conseguia segurar os crimes baixos da cidade. Não havia nada com o que se preocupar naquela noite.- Deseja alguma coisa, Patrão Bruce? – Disse Alfred, entrando no quarto com um olhar incerto de preocupação.- É estranho ficar em casa durante a noite. Não tenho sono, não há nada que me entretenha e também não estou com vontade de beber. – Bruce caminhou até a estante de livros e apanhou um romance de capa dura para ler – Esse silêncio todo está me matando, Alfred.- Viver pulando de prédio em prédio e se escondendo pelas sombras o faz desejar sempre o escuro? – Alfred acendeu o abajur sobre o criado mudo – Morcegos não conseguem ler livros usando apenas o radar.- Um morcego raramente voa sozinho. – Bruce deixou o livro sobre a cama e caminhou até a sala principal da mansão. De frente para o antigo móvel relógio, o arrastou para a direita e desceu pelo pequeno elevador. Era hora de visitar o museu. O barulho das engrenagens era sutil e incômodo. Bruce, ainda de roupão, debruçava-se no corrimão do elevador. Chegando ao destino, caminhou com seus pés descalços até o computador principal. Era ainda mais frio lá embaixo. Puxou a cadeira e sentou-se como quem não tem paciência. Wayne não era mais o mesmo. O computador foi ligado e logo mostrou seu próprio registro das funções cerebrais. Algo estava errado. O elevador subiu. Ele sabia que alguém apareceria por ali logo, mas presumiu ser o mordomo confiável. Bruce verificou os arquivos e começou a selecionar diferentes fórmulas para reparar o dano cerebral que aparecera nas análises, mas todas eram falhas. Ele já estava naquele projeto há meses e mesmo assim não chegara a nenhum resultado positivo. A tecnologia para salvá-lo era inalcançável, até mesmo pare ele. O homem morcego estava prestes a cair.
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BATMAN MEETS CHESS HOODIE (fanfic Crossover)
Short StoryComo seria se por algum milagre o Elliot invadisse o universo do Batman? Esse breve conto nos delicia com uma aventura que pode ter acontecido - ou não - entre os dois.