Como um outono qualquer, naquele ano de 1989 as crianças ainda brincavam sem a supervisão dos pais na praça do centro da cidade de GREENVILLE. Como um adolescente qualquer estava folhando uma revista de jogos em um banco abaixo de uma grande árvore. Alex estava ao meu lado, com seu longo cabelo, coloração em tom de cobre, suas calças de moletom e a camiseta ao qual eu dera a ela em seu aniversário de 15 anos, ano passado. Um leve aroma de flores exalava dela misturada com baunilha, sorvete ao qual tomava naquele momento.
— Hey, Jason — Disse Alex me dando uma leve cotovelada na costela — Você não sabe ver outra coisa além dessas velhas revistas de jogos?
Assenti com a cabeça em sinal negativo.— Bom, perdi dinheiro ao comprar elas, esse é meu carma… ao menos devo o trabalho de ler elas, não? — Respondi.
Frustrada dando os ombros, disse — Você é patético — Sorriu mostrando sua leve cicatriz no queixo ao qual nunca me contara a história.
Mesmo sendo amigos a muitos anos, algumas coisas não estão bem esclarecidas até hoje, por exemplo. Onde ela mora, o porquê de uma garota tão linda andar comigo e como nos conhecemos. Acredito que foi em uma estação do ano qualquer neste mesmo lugar, entretanto lembranças antigas sobre Alex são muito vagas, nada fresco em minha memória.
Passamos varias tardes jogando conversa fora e falando mal das pessoas naquele banco, sobre as roupas curtas e indecentes da Sra. Halaran minha vizinha de 76 anos, a brilhante calvície de Martin, entre outras pessoas naquele local. Sei que não era um papo muito saudável para se conversar, pelo contrário era bem maldoso, mas confesso que amava as imitações de Alex sobre as diversidades de nossas vítimas.— Hey, olha só — Falou Alex, apalpando seus seios e andando em linha reta como se estivesse de salto alto.
— Sou eu Sra. Halaran, veja como sou gostosa… olhe minhas pelancas.Levando a mão a boca, não resisti e ri, de forma ensurdecedora — Isso é maldade, Alex — Dizia enquanto olhava ao redor para ver as reações.
— Como uma voz de motor de fusca ela gritou — Não devo nada meu filho, tenho 76 anos, bem resolvida da vida e gostosa pra caramba!
Minha barriga chegava a doer era impossível resistir as suas piadas.
— Ei, acho que já deu — estreitando o sorriso, olhei para ela — Veja as pessoas estão encarrando muito.
Enchendo as bochechas de ar e cruzando seus braços ela me encarou ferozmente — Você é muito chato às vezes Jason — virou de costas.
— Isso é de família acho, mas sou seu limitador… sem extrapolar lembra da última vez? Você me deve essa.
Fazendo um okay com a cabeça confirmou se lembrar.
Isso aconteceu 2 meses atrás, em mais uma de suas peças de imitação, dessa vez sobre o Martin enquanto ele passava próximo à esquina da loja de doces onde também comecei meu vício por revistas de jogos. Foi um azar, naquele momento ele ouviu de média distância ela dizer que seu cabelo havia sido dividido igual o mar vermelho por Moisés com seu cajado, detalhe ele é religioso. Em um impulso ele foi para nossa direção, Alex como sempre fugiu, sério… do nada desapareceu, ela era boa nisso. Infelizmente não fui tão ágil e levei esporro e uma mensagem de uma passagem da bíblica, foram os 30 minutos mais longos da vida.
Enquanto permanecia de costas Alex chutava as folhas secas no chão, enquanto o céu se tingia de uma cor alaranjada… dizendo que estava anoitecendo.
— Jay… — Disse enquanto entrelaçava suas mãos em seus fios de cabelo.
Olhando em sua direção, formei um semblante sério, tinha algo por vir… era meio raro me chamar pelo apelido que minha falecida mãe me chamava, aquilo me tomava toda atenção.
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Outono de 98
Misterio / SuspensoJason, um garoto comum começa a questionar sua sanidade após presenciar vários acontecimentos estranhos.