CAPÍTULO UM

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Alguns meses antes

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Alguns meses antes.

Droga.

Mais um dia se passou e ninguém arrumou o elevador. Tá barril continuar dessa maneira. Moro no décimo andar de um prédio quase caído em Camaçari e fazem quase dois anos que o elevador quebrou e ninguém fez questão de correr atrás para poder ajeitar, e mesmo que eu tivesse pegado no pé do porteiro, ele não mexeria seu dedinho para nada. Espero um dia ter dinheiro suficiente para poder me mudar.

Desde que me mudei da casa da minha mãe, dois anos atrás, anda difícil ter uma boa vida. Eu trabalho como garçonete em uma conveniência de lanches em Salvador. O salário não é bom, mas pra quem quer ter sua independência já é um belo início. Moro sozinha, pago aluguel, água e energia, e com o restante do dinheiro tento sobreviver até o fim do mês, gastando com alimentação.

Olho para as escadas que me chamam e acabo por dar um sorriso fraco. Não tenho do que reclamar, eu tenho um teto para morar e é isso que importa. Tantas pessoas que nem isso tem. O que me faz lembrar que minhas últimas moedas eu entreguei para uma mulher que queria comprar seu jantar alguns minutos atrás, antes de entrar no meu prédio. Mas essa é a vida, temos que ajudar aqueles que não tem, com o pouco que temos.

Meus pés estavam esmagando na minha sapatilha, pela qual já estava quase abrindo um buraco no meu dedão do pé de tão desgastada que estava. Começo a subir os degraus rapidamente, pois ansiava por um banho. Sentia o suor grudento em minha nuca, o que me deixa agoniada.

Depois de alguns minutos correndo nos degraus, dobro meu corpo para a esquerda para então ir em direção a porta do meu pequeno apartamento. Ergo uma sobrancelha confusa por Bella estar ali, parada e com uma expressão facial assustada e de quem chorou.

Conheci Bella assim que entrei na faculdade, formei-me em gastronomia com a ajuda dos meus pais e desde então temos uma amizade firme e forte de oito anos. Ela é americana e veio tentar a sorte no Brasil. Confome suas próprias palavras, se apaixonou por Bahia.

- Bella, não sabia que viria. Por que não me ligou? - perguntei, abrindo minha bolsa para pegar a chave da porta. - Tá tudo bem?

Fecho o zíper da bolsa marrom e ergo as chaves, enquanto noto seus olhos lacrimejarem. Merda.

- Eu te liguei, mas pelo visto seu celular estava sem bateria, como sempre - falou, enquanto eu encaixava a chave na fechadura da porta e logo abria a mesma. Deixei Bella passar na frente e logo fechei a porta atrás de mim.

Não respondi ela de volta, apenas deixei minha bolsa sobre a mesinha, tirei minha sapatilha, abri o zíper da calça que eu usava e estava apertando-me, assim como fiz com os botões da camisa que vestia. Estava muito calor.

Joguei-me no sofá e manejei com a cabeça para que ela fizesse o mesmo. Não demorou para que ela se jogasse em meu colo, chorando a ponto de soluçar. Sabia que algo havia acontecido.

- O Felipe terminou comigo. - Abri minha boca para responder alguma coisa, mas naquele momento não consegui.

Abracei seu corpo com a maior força habitada em mim e deixei que ela se acalmasse, para que pudesse explicar-me melhor o que havia acontecido.

Felipe era seu namorado há três anos, ambos gostavam-se bastante e mesmo que eu no inicio tivesse um pé atrás com ele, ele mostrou ser totalmente o oposto do que eu imaginava ser, mas ainda sim não confiava de olhos fechados. Entretanto, ele fazia Bella feliz e era isso que importava.

Passou-se quinze minutos e ela estava recompondo-se em meu colo, logo ergueu-se e foi até a cozinha, creio que para buscar água, então aproveito para fazer o mesmo. Meu apartamento era composto por três cômodos, um se dividia por um balcão, tornando-se a sala e a cozinha, um quarto e um banheiro. Como eu morava sozinha, era o suficiente para mim.

Sentei-me no banquinho após pegar um copo d'água e fui bebendo aos poucos, enquanto observava Bella que tinha seus lábios inchados de tanto morder. Achei que poderia ser o momento certo para perguntar o que havia acontecido.

- Quer me contar o que aconteceu? - Coloquei o copo sobre o balcão e esperei ela terminar com a água que bebia.

Torcia para que não fosse algo tão grave e que pudesse ser resolvido. De toda forma, Bel e ele faziam um belo casal e eu já imaginava ambos casados e com filhos.

Preciso parar de ler história no Wattpad. Pareço uma adolescente sonhando com finais felizes.

- Eu tô grávida e ele não é o pai.

Enquanto perdia-me em pensamentos minha melhor amiga soltou isso. Abri minha boca para responder, mas fiquei sem palavras. Meus olhos provavelmente estavam arregalados. Mas sabia que não era só isso, pois em seguida ela voltou a chorar e pedir ajuda.

 Mas sabia que não era só isso, pois em seguida ela voltou a chorar e pedir ajuda

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Primeiro capítulo quentinho pra vocês. Como eu disse no prólogo, não terão datas exatas para as postagens, mas prometo não demorar.

Obrigada por estarem lendo.
❤️

Significado:
barril = difícil

Mel

Mel ❤

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Uma Dose De Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora