15. Leitura de Receios

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É a minha vida
É agora ou nunca
Eu não vou viver para sempre
Eu só quero viver enquanto eu estou vivo
(É a minha vida)
Meu coração é como uma rodovia aberta
Como Frank Sinatra disse
Eu fiz do meu jeito
Eu só quero viver enquanto eu estou vivo
É a minha vida

It's My Life — Bon Jovi


Algum lugar a caminho de Madrid, Espanha

03 de Outubro de 1818


Charles não pretendia acordar de novo ao lado de Santiago, mas, bem, a vida era uma caixinha de surpresas não era? Com Rosa tendo passado dias com Letitia no vurgon dela, Charles tinha ficado bem livre para ir e vir de onde quisesse e para onde quisesse, e o resultado disso tinha sido bem mais encontros com Santiago do que teria esperado. Naquela manhã em particular, depois de ter dormido um pouco mais do que o esperado, Charles acordou e saiu do vurgon dando de cara com Santiago do lado de fora, acabando sua rotina de qigong matinal.

Charles não queria atrapalhar, então se sentou nas escadas do vurgou e pegou seu narguilé, acendendo e fumando enquanto acompanhava os movimentos do colega de clã. Ele sabia que Santiago mantinha a prática como um hábito adquirido do pai, e achava o esforço realmente louvável. Podia entender muito de cultura chinesa levando em conta o tempo que sua família tinha passado na China com clãs de caçadores de lá, mas o qigong em particular era uma parte que ele nunca tinha dominado. Era um homem bastante calmo, mas não tão calmo a esse ponto.

O caçador abriu um sorriso levemente lascivo ao ver os músculos de Santiago se contraindo um pouco com alguns dos movimentos, criando luzes e sombras diferentes sobre as diversas tatuagens que cobriam o corpo do caçador. Ele não sabia quanto aos outros, mas para ele as tatuagens acrescentavam todo um outro nível de sensualidade a Santiago. Talvez por isso tivesse voltado para a cama ao lado dele com tanta frequência nos últimos dias...

Com um último movimento, Santiago terminou a prática e recolheu a blusa na grama, se virando para trás bem a tempo de ver Charles sentado nas escadas do vurgon o observando. O caçador soprou mais fumaça de seu narguilé e abriu um sorriso mal-intencionado.

Ni hao, Santiago. — o cumprimento em chinês foi uma boa piada interna para os dois, e Charles achou que não poderia deixar a oportunidade escapar. — Não estou certo de que tenha te dito isso ontem, mas tatuagens ficam muito bem em você.

A resposta de Santiago foi um sorriso pequeno. Ele vestiu a blusa e Charles colocou o narguilé de lado, indo até o colega de clã e abraçando sua cintura. Santiago segurou os braços de Charles, puxando um pouco, se afastando devagar.

— Estou com fome, Charles.

— Quem você quer comer? Perdão, quero dizer, o quê quer comer?

Charles soltou o abraço, vendo o sorriso se abrir mais no rosto de Santiago.

— Qualquer coisa que o clã estiver fazendo agora está bom.

— Entendido. Vou só guardar isso aqui — Charles comentou, pegando o narguilé do chão. — e te acompanho.

Segundos depois, a dupla estava se juntando a uma roda de Flores e ciganos de outras caravanas que tinham viajado na mesma direção, ao redor de uma fogueira acesa. Charles pegou uma maçã de uma pilha de frutas e acabou encontrando Letitia e Rosa ao lado da fogueira, a líder ajudando a criança a assar um espeto com carne e verduras. Charles ajeitou o cabelo, abrindo um sorriso pequeno. Tinha deixado Rosa com Letitia por um bom tempo. A amiga deveria estar cansada.

Caçadores (Caçadores 1) - Apply FicOnde histórias criam vida. Descubra agora