Eu não sei por que, eu não sei por que
Nós precisamos nos magoar tão duramentelet it all go, birdy
Acordei antes de abrir os olhos.
Meu corpo deu um solavanco tão forte na cama que precisei prender a respiração.
A imagem era tão vívida, tão real, que os cheiros do óleo do motor e do sangue fresco ainda rondavam minha mente. E parecia um castigo eterno ver aquela cena repetidamente, sem nunca saber qual era a real versão da história.
De fato, aquilo deveria ser uma punição por não estar lá quando realmente aconteceu.
Fazia sol, as borboletas voavam alegres entre os arbustos floridos da calçada e, de repente, o corpo de Lindsay estava esmagado contra a parede.
Daquela vez não consegui nem mesmo tocar sua mão e dizer que sentia muito.
Daquela vez eu só assisti o metal contra a carne e contra os ossos.
— Owen, está tudo bem? — A voz de Patrícia era aflita e engoli seco antes de limpar o suor que havia se acumulado na minha testa e abrir os olhos.
Eu estava em casa, na minha cama.
Estava tudo bem.
Repeti aquilo algumas vezes, ignorando a loira de olhos claros ao meu lado até ter certeza de que estava bem o bastante para minha voz não falhar.
— Está. Foi só...
— Mais um daqueles pesadelos terríveis. — quando os olhos dela encontraram os meus, houve uma clareza que nunca havia tido antes. — Você nunca vai deixar de amá-la, não é mesmo? — a tristeza que embargou sua voz não teve tempo de fazer mais nada dentro daquele quarto. Assisti quando a mulher que tentava a todo custo me amar trocou de roupa e saiu no meio da madrugada, sem que eu pudesse impedi-la. Sem que eu quisesse impedi-la.
Mesmo que por seis longos meses eu tivesse realmente tentado deixar tudo para trás e seguir em frente, não havia nada que eu pudesse fazer. A dor não havia diminuído, mesmo depois de todos aqueles anos e parecia que, conforme eu tentava seguir em frente, tudo só ficava mais e mais sufocante.
No final das contas, eu me convenci que minha história com Patrícia tinha acabado muito antes de eu me dar conta e arrastar aquilo por mais tempo seria puro egoísmo. E foi nisso que continuei acreditando três meses depois, quando cruzei com ela na calçada do prédio em que trabalhava.
Um cumprimento de cabeça foi tudo o que compartilhamos. Ela estava acompanhada e seria indelicado da minha parte atrapalhar o discurso de seu novo parceiro.
— Bom dia, senhor Smith. — Célia, minha boa e velha secretária me recepcionou e me seguiu na direção da minha sala. — Os documentos das empresas que o senhor solicitou ontem já estão na sua mesa e agora de manhã temos um call marcado com Grace Reed, outro com James Porter e mais tarde há uma reunião com o administrativo da Corpus. — ela destrinchou os compromissos enquanto eu abria a porta e ia na direção da poltrona.
— Ótimo. Com Grace eu tenho tudo à mão. Com James, se puder imprimir o último trimestre de informação sobre a empresa dele, eu agradeço.
— Trarei junto com o seu café. — Célia, bondosa como sempre, saiu com um sorriso no rosto.
Enquanto todos que eu conhecia mantinham suas secretárias jovens e interessantes, Célia era herança do prédio. Eu até pensei em dispensá-la, mas quando conheci a eficiência e enxerguei sua experiência no tom de voz e no modo em que se portava, preferi investir em seu crescimento profissional e, depois de alguns ajustes, nosso trabalho em conjunto era feito com perfeição.
Tirei o paletó, me ajeitei em frente a minha mesa e, antes de começar a trabalhar, encarei a foto de Lindsay em cima da minha mesa e dei bom dia . Nunca haveria uma resposta, mas saber disso não fazia doer menos.
Seguindo minha rotina, passei os olhos nas partes importantes do jornal que Célia havia colocado ali para mim. Se havia alguma mania que eu ainda era refém, era de gostar de papel. Mesmo sabendo que todas aquelas informações viriam mastigadas na internet, eu gostava do hábito de folhear o papel, encontrar a informação, ler uma ou outra coluna de esportes e então, depois focar no computador para afunilar o que precisava para o dia.
E aquele era um bom dia.
Por um milagre, mínimas quedas, nenhuma reclamação, nenhum incêndio repentino que me forçasse a correr para apagar. E como CEO de algumas empresas, eu precisava estar atento antes da minha equipe. A especialidade da casa era a administração das corporações que acreditavam em um trabalho sólido e transparente para a organização de suas atividades. Eu era, na verdade, um grande síndico.
Depois de Célia trazer meu café e o que eu precisava, levantei tudo o que precisava para as reuniões da manhã e esperei a primeira ligação, que surgiu pontualmente às dez da manhã.
— Grace, que prazer em revê-la. — disse em alto e bom som quando o rosto da matriarca Reed surgiu na tela.
— Owen, como vai?
— Muito bem, e você? — e depois da formalidade dos cumprimentos, comecei a falar de negócios. Ficamos nisso por pelo menos uma hora, até que ela me disse a grande novidade.
— Casey e London concordaram em assumir minhas tarefas na empresa assim que se casarem. — O sorriso em seu rosto era algo tão comum nos últimos anos que quase esqueci da dama de ferro que ela era quando a conheci.
— Sério? Isso é um grande passo. Já temos data para o casamento?
— Por ele, casariam amanhã, mas ela é centrada, não? Boa menina. Terminou a faculdade com honras. — o orgulho transbordava em sua voz. — E Casey está fazendo shows no país todo, você já foi vê-lo?
— Ainda não tive a oportunidade, mas irei em breve. Vi que a nova turnê passará por aqui.
— Acha que ele vai gostar de saber que estamos indo aos Emirados? É algo grande, Owen... Uma surpresa inesperada e muito boa.
— Acho que Casey vai gostar. É o legado da família e, hoje em dia, ele sabe respeitar isso.
— Tem razão. — ela suspirou, sonhadora. — Bom, me conte quando terminar as negociações, estou ansiosa para conhecer nosso amigo, sheik Ibrahim Al-Maktoum.
— Em breve tudo estará encaminhado e, quem sabe, não levo nosso novo amigo para um chá por aí?
— Seria uma boa ideia.
— Então está tudo acertado, Grace. — e antes dela desaparecer na tela, Daniel surgiu na minha porta, batendo no vidro.
Ergui a mão para que ele esperasse, mas isso não o impediu de entrar.
— Que você tenha uma boa notícia ainda essa semana. — ela desejou. — Até mais, Owen. — e a tela apagou.
— Velhinha simpática. — Daniel comentou, apoiando as mãos sobre o encosto de uma das cadeiras à frente da minha mesa.
Só por desencargo de consciência, conferi se a chamada realmente havia se encerrado e suspirei, movendo tudo o que precisava acertar com meu único amigo e advogado de confiança.
— Ela é boa pessoa. — concordei. — e ficará ainda mais simpática quando o seus amigos árabes fecharem negócio com a gente.
E, de repente, Daniel disse a palavra que anunciava coisas ruins.
— Então... — ergui os olhos para encarar o rosto dele. Os olhos azuis envoltos em sobrancelhas franzidas só me deixaram ainda mais alarmado. — Temos um problema.
É, o dia estava muito bom para ser verdade.Não esqueçam de votar e de comentar <3
E me contem: como que cês acham que esses nenês vão se conhecer?
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MIRRORS - O CEO E A SUGAR BABY (Série +1 clichê - livro 2) [DEGUSTAÇÃO]
RomanceAdicione o livro na sua biblioteca e siga a autora no instagram para mais informações em @_mynameiszoex SINOPSE: Owen Smith é o CEO que cuida da empresa da família Reed há mais de uma década. Estudioso, inteligente e sagaz nos negócios, mas quem con...