02. Você não pode dizer que não, parte 1

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Com os olhos fixos no homem caminhando em sua direção Kyara imagina o que deve fazer para se livrar dele e se por algum motivo esse indivíduo a conhece e está agindo assim por conta disso, mas com a mente rebobinando os últimos anos e tudo que tem feito não vê como poderia ser possível, precisa ficar calma ou vai entregar o doce ao lobo a sua frente.

Entretanto, não tem um pensamento que tenha ficado na mente da moça quando Luca se aproximou dela, tanto que o corpo dos dois tiveram que ficar rentes para evitar a aproximação indesejada do outro. Tão juntos dessa forma os indivíduos se encaram tendo pensamentos muito distintos. Luca observa cada detalhe do corpo da mulher, se atentando aos olhos escuros e convidativos para uma dança, a sobrancelha bem feita, os lábios vermelhos se torcendo vez ou outra enquanto o fitam. A sua protuberância no busto, a mão na cintura dando a ela um toque divertido, enquanto as meias em suas pernas chamam o desejo de qualquer homem para sair e brincar.

Já Kyara não perde tempo em tentar reconhecer a fisionomia do homem, para então saber com qual pessoa da tríade está lidando no momento, mas logo os pensamentos que deveria ficar entre meios de se proteger e as possibilidades de escapatória se perdem quando nota os olhares do homem, de como é observada em cada pequeno aspecto, e sua mente corre nessa direção fazendo o mesmo.

Os olhos verdes fazem Kyara por a língua para fora ao umedecer os lábios, pois depois de os ver com um pouco mais de atenção não resiste a descer até outros lugares, passando pela barba bem feita, os lábios cheios, os braços duros, ao menos ela pondera que seja, já que mesmo dentro da jaqueta de couro grossa ainda pode sentir sua rigidez.

Além disso, o homem é um pacote enorme de músculos, tendo pelo menos 1,85 de altura, talvez tenha mais, ajuíza a morena, como se não fosse o suficiente as tatuagens recobrindo sua pele a fazem dar uma pequena risada, pois tem um desejo insano de contar cada uma delas, querendo saber suas extensões, percebendo que até mesmo as mãos dele são recobertas por algumas.

— Você está olhando demais — murmura Luca ao notar que a mulher o observa de modo descarado.

— Nada que não tenha feito, e então, vai por sua arma para fora agora ou depois? Não posso perder tempo aqui para sempre. — Luca ri de lado ao ver como a moça tem uma língua afiada, que não mostra um pingo de medo, ainda que saiba que o homem a sua frente está armado, e que possivelmente quer lhe dar um tiro.

— Você não tem ideia de com quem está mexendo garota — diz o mafioso se aproximando ainda mais de Kyara que não recua como ele imaginou, então acabam com os corpos colados, com a morena tendo que erguer seu rosto para que possa fixar seus olhos no dele devido a diferença de altura.

— É mesmo Sr. pervertito? Por que não me conta então? Estou esperando há tanto tempo que minhas pernas estão cansando. — Kyara tem um leve problema em controlar sua língua, o que já a levou a entrar em muitas confusões das quais nem gosta de lembrar, e o homem a sua frente a instiga a falar de modo provocativo.

Uma combinação que pode ser bem ruim para ambos, mas agora sequer notam as pessoas ao redor, estão focados demais em brigar um com o outro através de olhares mortais.

No entanto, Luca não sabe como está se aproximando de um monstro aterrador, que antes estava seguro por estar a uma distância que impediria a mulher de lhe atacar devido ao provável uso da arma, mas não mais, neste momento o mafioso está perto o suficiente para que Kyara faça movimentos que podem livrá-la da morte.

— Sabia que uma língua afiada pode matar? — Com os olhos agarrados a mulher Luca sente a vibração de seu telefone e sorri ao ver o nome piscando na tela, pois sabe que vai poder mostrar a este demônio com evidências quem é, podendo retirar de si as acusações infundadas que recebeu. — Me acompanhe se não quiser que um buraco seja feito bem no meio da sua testa.

Como (ser) se tornar uma mafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora