Prólogo

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Minha irmã entrou em êxtase quando pegamos a carta no correio. Pra ela já estava tudo decidido, eu me escreveria, me tornaria uma selecionada e viraria princesa. Então ela seria nada mais, nada menos, do que A Irmã Da Princesa. Ridículo não?! Mas todo plano brilhante tem suas falhas e a principal falha desse, era eu.

Não quero ser da realeza, nem ser princesa, nem rainha e muito menos passar o resto da minha vida com o príncipe herdeiro Nathan Schreave. Qual é?! Ele deve ser um babaca.

Logo percebi que minha irmã estava gritando pela casa inteira na busca de mamãe. Sempre que Clarisse ficava eufórica, ela saia gritando pela casa chamando por alguém, na maioria das vezes é por mim ou pela mamãe.

Escondi-me no meu quarto, o único lugar da casa em que só eu tinha a chave da porta – porque eu destruí as cópias. Amo a privacidade, coisa que meus amigos e família não sabem o significado... -. Liguei a televisão e não tinha nada de interessante passando. Então comecei a pensar em algum argumento convincente que me tirasse dessa enrascada.

Meus pais sempre foram liberais quanto ao assunto da seleção, eu participaria se quisesse, mas isso mudou quando, a um ano atrás – quando a minha ficha de filha, já estava meio suja - minha mãe me flagrou aos beijos com meu atual ex-namorado na minha cama, sendo que ele estava sem camisa e eu também. Mas qual é?! Não iria acontecer nada demais...eu acho...Lembra da privacidade?

Foi no dia seguinte que ela declarou: “Elizabeth Chase, aquela foi a última gota, o que aconteceria se eu não tivesse chegado? Você só tem dezesseis anos garota!” Eu não iria discutir (de novo) com a minha mãe, aceitaria o castigo, seja lá qual fosse. “Você irá se inscrever na Seleção.” Eu esperava tudo, menos isso. Tentei até argumentar mas a única resposta que tive foi“Arque com consequências dos seus atos!”  Então ela saiu batendo a porta do meu quarto, que vinte minutos depois parecia ter passado por um furacão.

Eu não iria escapar daquelas duas por muito tempo. Era quase hora do jantar, e eu, a filha mais velha da família Chase, devia servir de exemplo para minhas irmãs. Minha mãe estava grávida e Clarisse com certeza já estava na cozinha lendo cada palavra que havia dentro daquele envelope. Agora, qual é a lógica de servir de exemplo pra sua irmã exemplar caçula e para uma criatura que ainda nem nasceu? Nen-hu-ma. Mas como as coisas entre eu e meus pais estavam tensas resolvi pular da cama, destrancar a porta e ir para o ninho das cobras.

Minha mãe me recebeu com um olhar furioso, como se o fato de Clarisse estar tentando estourar o cérebro de uma pessoa com sua enooorme felicidade fosse minha culpa, quando na verdade é culpa dela por me obrigar a me inscrever. Ela murmurou um “me ajude aqui” e nas atuais circunstancias, obedeci. Claro que, chutei minha irmã da cozinha em antes.

Além de um suspiro aliviado por Clarisse ter saído e vários resmungos sobre como estava cansada e como sua coluna doía, minha mãe não disse mais nada.

Já estávamos todos jantando quando meu pai se pronunciou pela primeira vez naquela noite.

- Liz quando vai anunciar os participantes daquele negócio em que você se inscreveu?

- Na quarta-feira dessa semana – respondi sem muito interesse, foi ai que eu me toquei.

- Espera que dia é hoje?

- Quarta-feira, que negócio foi esse? – disse minha mãe confusa, ops, acho que esqueci de avisar ela... Logo olhei pro relógio da cozinha, faltava menos de uma hora para o programa começar. Como pude ter esquecido? Culpa da seleção idiota.

- Eu me inscrevi em um programa de talentos que vai acontecer aqui em Illéa. O prêmio será a gravação de um clipe com a música vencedora e um contrato com uma gravadora.

Resumindo em poucas palavras, o sonho da minha vida.

- Pra se inscrever num programa bobo que não vai te levar a lugar nenhum, você foi sem nem pensar. Agora pra se inscrever na seleção, que pode se tornar uma oportunidade maravilhosa pra você, com um futuro brilhante, imagina, minha filha, a nova rainha de Illéa. Mas o que você faz? Fica com essa cara de quem comeu e não gosto. Como se esse fosse o pior castigo do mundo.

- Mas esse é o pior castigo do mundo. Será que você não percebe?! Eu abomino a realeza mãe. A música é a minha vida, é o meu sonho desde pequena e você sabe disso. O que aconteceu com o “Liz eu sempre vou ser sua amiga e vou te apoiar em qualquer decisão que você tomar”?

Meu pai já tentava acabar com a briga mas nos duas o ignoramos, eu podia sentir os olhos de Clarisse sobre mim, ela estava tensa.

- Acontece que eu sei que esse não é o melhor caminho para você e também eu não estaria te obrigando a fazer isso se você, como sempre, não tivesse passado dos limites.

- Ah qual é! Você não pode querer mudar minha vida só por causa de uns amaços, você não tem direito sobre a minha vida! – a essa altura já estávamos aos berros

- Ah mas eu tenho sim! Eu sou sua mãe e enquanto você viver sobre o meu teto, terá que viver sobre as minhas regras.

- È mesmo? O que vai fazer se eu não obedecer? Vai me tirar dessa casa, me colocar na rua? Fique sabendo dona Thalia que seria um favor que você estaria me fazendo porque eu prefiro mil vezes morar debaixo da ponte do que ter uma mãe ridícula como você.

E num piscar de olhos, se não fosse pelo meu pai, minha mãe estaria no chão, desmaiada. Em vinte minutos estávamos no hospital e minha mãe ainda estava inconsciente, o que me fazia sentir mal porque essa era a quarta vez que ela vinha parar no hospital durante a gravidez por minha causa. Logo um médico chegou avisando que minha mãe, tinha acordado, chorando e chamando por mim, o olhar do meu pai poderia me matar a qualquer instante. Fomos até ela e além das bilhões de desculpas que eu disse, ainda tive que prometer realmente me inscrever na seleção.

Mais tarde o médico nos disse que ela ficaria internada até que o bebe nascesse e foi ai que meu pai entrou em desespero e a culpa me consumiu. Clarisse começou a chorar e eu não sabia se consolava ela, ele ou eu. A nossa vida só funcionava com a mamãe por perto.

Papai chamou a tia Ally e ela nos levou pra casa. É claro que, enquanto minha irmã tomava banho, minha tia fez aquele discurso sobre “o que custa você fazer o que ela pediu?” e realmente me convenceu que me inscrever na seleção não era nada demais e que ela acalmaria minha mãe em relação ao The Voice. E foi só depois que ela foi embora que fui verificar meu email, fui aceita. Sou uma candidata aprovada ao The Voice Illéa.

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⏰ Última atualização: Jan 26, 2015 ⏰

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