Home [Jinkook]

집 - único

Um garoto mimado que acabou de completar vinte anos, um vaso de cinco mil dólares quebrado e uma praia. Esses três elementos que aparentemente não possuem ligação alguma são os responsáveis por uma mudança drástica na minha vida.

Tudo começou quando meu pai descobriu que o filho prodígio não estava cursando medicina em Seul, mas sim artes cênicas. Ele simplesmente não pode aceitar que nunca tive (nem terei) interesse em seguir uma carreira nesse ramo.

O resultado foi o corte da minha mesada que até então estava me ajudando a pagar as mensalidades do curso e o aluguel do pequeno quarto em que vivi nos últimos três anos e meio.

Sem condições de pagar as mensalidades e minhas despesas de vida com os trabalhos de meio período, pedi ajuda para meu único amigo nessa cidade. E foi assim que passei a trabalhar no hotel da família de Namjoon.

Mudanças foram necessárias.

Tranquei meu curso a fim de juntar o dinheiro para pagar as mensalidades atrasadas e conseguir me ajeitar com as contas acumuladas. De todo não foi ruim porque eu até que precisava de um tempo longe de todo aquele caos.

Meu novo trabalho não é difícil. Eu estava habituado a lidar com clientes, até porque quem em sã consciência olharia para esse meu rostinho lindo e se atreveria a não sorrir e acenar?

Os demais funcionários gostaram das minhas piadas logo na primeira conversa (isso ou simplesmente riam de desespero, mas isso não vem ao caso) então foi bem fácil me adaptar. Consegui alugar um quarto bem próximo ao hotel então também não tive problemas com gastos extras de transporte ou risco de atrasos.

Tirando o cansaço ao fim do dia (decorrente de todo aquele sobe e desce carregando bagagens e paparicando clientes hospedados no hotel), meus dias eram tranquilos. Tão normais que beirava o tédio.

Após poucos meses já consegui o valor para quitar as despesas do curso e consegui transferir as disciplinas que faltavam para a plataforma EAD. Apenas uma vez na semana eu precisava voltar a Seul e realizar as provas e atividades presenciais.

Tudo muito normal, não é? Mas quem disse que a vida deixaria minha rotina sempre tão tranquila e livre de peripécias? Exato. Ninguém.

Ninguém disse mas eu deveria saber.

Numa tarde eu estava simplesmente voltando ao hotel após meu dia de atividades em Seul. Naquela mesma noite eu estava com uma dívida de cinco mil dólares por causa de um vaso maldito.

E a culpa disso é de um pirralho com vinte anos. Um pirralho viciado em leite de banana e aparentemente apaixonado por ferrar com a minha vida.

Ah, ele também é o filho de um diplomata.

Quando o vi pela primeira vez, Jeon Jungkook não me pareceu mais do que um adolescente qualquer fazendo coisas de adolescente.

Naquela tarde eu havia passado no hotel para assumir um turno no lugar de Soobin que havia ficado doente. Cá entre nós eu avisei ele para não se atrever a comer os experimentos de culinária de Yeonjun, mas ele não me ouviu então deu no que deu.

Eu levei vários hóspedes aos seus respectivos quartos até receber a chamada da suíte presencial onde o pequeno riquinho estava.

Meu chefe se desdobrou em avisos sobre o quanto era um hóspede especial e que eu deveria ter cuidado redobrado para não fazer nada que pudesse desagradar Jeon. E foi com todo o cuidado do mundo que fui até o quarto com o fardo de leite de banana que ele pediu.

Sim, ele pediu um fardo inteiro de uma marca específica que não tínhamos nos quartos então precisei sair para comprar, o que me custou sete preciosos minutos e fez o pentelho surtar.