III

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Era o começo de uma noite tranquila quando Matteo decidiu ir a taverna para beber e conversar com alguns amigos conhecidos. O lugar costumava ser frequentado pela elite italiana masculina, uma vez que na sociedade patriarcal da época, as mulheres não deveriam frequentar aquele espaço.

Por este motivo, tamanha foi a surpresa de Matteo ao observar a doce e inocente Helena naquele ambiente cercado de homens bêbados e mal intencionados. Não que Matteo desaprovasse a presença daquela dama lá, ele tinha o pensamento muito evoluído para julgar o que uma moça devia ou não fazer, mas ele se preocupava, pois Helena não parecia ser alguém que se defenderia sozinha. 

Algo dentro dele foi despertado. Um sentimento de proteção. Daqueles que o irmão mais velho possui quando vê algum almofadinha chegando perto de sua irmã mais nova. Mas Helena não era irmã de Matteo, e de todo modo, não significava nada para ele, ele mal a conhecia, como tinha conseguido despertar nele tal sentimento?

Ao vê-la cruzando a porta de entrada na taverna, usando trajes simples e o cabelo um pouco desarrumado, sentiu o ambiente se iluminar, mas ela entrou com a cabeça tão baixa e a postura tão retraída, que pouquíssimos homens conseguiriam notá-la. Sienna, sua irmã, fazia uma entrada espalhafatosa, como demonstrou ser quando Matteo conheceu a família de Helena no café. 

Helena parecia insegura, como um pequeno patinho em um lago de predadores, e logo pensou o quanto ela devia se sentir deslocada. A princípio, não tinha intenção nenhuma de se aproximar, pois mesmo achando que poderia protege-la, não queria interromper a diversão das irmãs e poderia observar mais de longe se precisasse protege-las de algum homem ruim. No entanto, Helena tinha algum tipo de magnetismo que emanava de seu corpo e que puxava Matteo como um imã. Quando percebeu, já estava se aproximando da moça, que iria beber na companhia da irmã.

Mais tarde, deitado em sua enorme cama, pensava em como tinha chegado naquela situação. Helena dormia tranquilamente (ou pelo menos ele achava que ela dormia) em um quarto próximo ao seu, logo depois de ele ter resgatado as duas da taverna. Era extremamente perigoso deixar Sienna passando mal e Helena, que estava fraca após beber, em um lugar como aquele então trouxe as garotas para a sua casa e conseguiu dar a elas uma noite segura.

Matteo sabia que com a pouquíssima quantidade de álcool que Helena tinha ingerido, em poucas horas o efeito passaria e Helena se sentiria melhor. Como ainda era relativamente cedo quando a encontrara, agora, que a madrugada se aproximava, Matteo tinha medo de que Helena acordasse no meio da noite, furiosa por estar em uma casa desconhecida, e nunca mais quisesse ve-lo, quando apenas tentou ajudar. 

Estes pensamentos ocuparam sua mente por horas e não traziam seu sono, a ponto de fazer com que ele levantasse várias vezes da cama e andasse pelo quarto, tentando trazer seu sono de volta.

Em um quarto da mansão de Matteo, Helena abre seus olhos, assustada e aflita. Tenta reconhecer onde estava mas era praticamente impossível, uma vez que seus olhos não estavam abertos o suficiente. Ela esforça um pouco mais a íris e percebe um lustre muito bonito no teto, mas que certamente não era o da casa de sua avó, a menos que estivesse sonhando ou tivesse sido levada para um cômodo da propriedade da família Longuiani que ela ainda não conhecia.

Pobre Helena, mal sabia ela que estava na casa de um caçador e sedutor nato. Um libertino italiano talvez? Matteo Vicenzza poderia ser muito pior que Edmond Hughes se bem quisesse, as mulheres eram praticamente impossíveis de resistir ao doce som de sua voz, ou aos seus lábios possessivos e de atitude.

Ela não sabia muito bem como tinha acabado aquela noite de loucura quando decidiu ir até a taverna com Sienna. Lembrou de sentir o corpo em chamas quando percebeu a respiração do marques de  Vicenzza perto de sua boca, mas sabia que devia se afastar dele o mais rápido possível, antes que cometesse algum erro incorrigível.

Quando um Marquês quer VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora