1847
O clima mediterrâneo crepitava na pele e uma brisa leve pairava por toda a região da Toscana. A pequena regiãozinha de Sorano, era uma das paisagens mais apaixonantes em um raio de alguns kilometros, e a aparência de vila medieval poderia cativar qualquer pessoa que se permitisse o envolvimento com as boas vibrações que o local emanava. Era como estar em um doce sonho com todas as melhores coisas do mundo, e até os animais aéreos cantarolavam uma melodia singela e fascinante, que podiam encantar a mais carrancuda das pessoas.
Anexada ao Granducado de Toscana a partir de 1604, a cidadezinha de Sorano tinha sido de domínio da poderosa família Orsini, uma das famílias mais importantes do renascimento, se destacando pela riqueza, influencia e poder. Os Orsini, durante o período do Renascimento, tinham se aliado a poderosa família Médici, banqueiros de Florença, e mecenas patrocinadores das artes. Um de seus influentes membros, Cosimo de Medici, auxiliou na construção de uma imponente igreja em Florença, com o projeto arquitetado por Brunelleschi.
Em Sorano a família Orsini estabeleceu seus domínios, e possuía uma residencia onde muitos artefatos e pinturas renascentistas foram guardados como jóias preciosas, trazendo o frescor da Arte para a cidade. Com uma cidade construída em um morro de baixa altitude, nas casinhas de tijolos de Sorano a mágica sociedade italiana se estabelecia. Diferentemente da Inglaterra e até mesmo da França, com toda a sua pomposidade e luxo, a rotina na Itália era pacata e amena, e boa vida não se resumia a bailes e caçar maridos (mesmo que isso também acontecesse), mas uma lareira aconchegante, um bom vinho dos vinhedos da região, boa comida, e a família ao redor.
O refúgio dos amantes da vida despreocupada, Sorano se tornou uma cidade jovem e cheia de entretenimento para os mais novos em pouco tempo, e isso Amélia Longuiani poderia atestar. Nascida e crescida nessa região, ela tinha pouco sobre o que se orgulhar quando era mais nova. Não tinha frequentado tavernas, muito menos uma quantidade exorbitante de bailes. Amélia sabia o que sabia sobre o mundo pelo conhecimento de seus pais, e quando se apaixonou, teve que despedir-se de seu grande amor pois surgira uma grande oportunidade para ela: casar-se com um nobre inglês, Arthur York, cuja família viajava com frequência e em um destes momentos, conheceu Amélia.
Era um casamento vantajoso e Amélia soube que poderia tentar ser feliz com ele, apesar de já ter amado uma pessoa antes. Aceitou casar-se e com Arthur teve três filhas, após mudar-se para a Inglaterra em definitivo.
Na Inglaterra, teve que lidar com uma série de preconceitos até realmente se estabelecer como viscondessa de York, e jamais poderia imaginar que essa posição lhe daria tanta dor de cabeça que no final seria melhor ter ficado na Itália mesmo. Não tinha nada de animador em frequentar bailes, festas, saraus e jantares. Não era algo que Amélia gostasse, mas mesmo assim fazia, pois acima de tudo, ela tinha aprendido a gostar do marido e gostava de achar que estava agradando-o.
Agora, Amélia tinha voltado para a Itália, e estava desolada, para dizer o mínimo. Fora traída pelo homem por quem abandonou tudo, seus pais, amigos e terra natal. Arthur York, seu marido, havia traído ela e Deus sabe quantas vezes e com quais mulheres. Ela tinha ido para a Itália com as duas filhas menores, deixando a primeira filha na Inglaterra, recentemente casada.
Tayla, era a primogênita, havia se casado recentemente com um conde digno de respeito e admiração, Edmond Hughes. Apesar de ter uma filha difícil e de personalidade forte, havia conseguido que ela se casasse com o conde, juntando o lobo a rigor e a dama das chamas em matrimonio (seus apelidos foram dados pelos jornais de Londres, que viviam para fofocar da vida alheia e dar alcunho maldosos para as pessoas).
Sienna era a caçula, e que Amélia pudesse ser perdoada pelos céus, pois parecia que só conseguia criar filhas para que elas lhe dessem dor de cabeça. Sienna era a mais divertida e implacável em inteligência, conseguindo arrancar um sorriso de qualquer pessoa que quisesse, mas ainda era muito nova para pensar em casamento.
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Quando um Marquês quer Vingança
Ficção HistóricaHelena York passou a vida inteira sonhando com o amor. A irmã do meio de uma família com três moças, Helena sabia que, logo após presenciar o casamento de sua irmã Tayla, ela deveria começar a pensar em matrimônio. Vivendo na Itália com sua família...