Orfanato

238 21 14
                                    

Acordei ao lado da morena que dormia tranquilamente, meu celular estava tocando,o peguei e atendi sem ao menos ver quem era.

- Que é? -Falei sem paciência.

- Sabrina Barcelos? -Falou uma voz calma.

- É ela. -Esfreguei meus olhos.

- Sou Mônica da faculdade F.F.A. -Me sentei assim que soube que era da faculdade.

- Meu Deus Mônica desculpa a grosseria. -Me desculpei.

- Sem problema querida, eu só tô ligando para te avisar que não teremos aula essa semana, os professores estão em uma reunião de três dias com avaliadores importantes para faculdade. - Disse.

- Entendo, obrigada por avisa. -Agradeci.

Não gostava de ficar sem aula, mas dessa vez séria ótimo. Minha família resolveu ficar até o próximo final de semana aqui, séria o aniversário da minha bisavó na quinta, como já estávamos todos reunidos resolveram fazer um pequeno jantar. Estava feliz por conseguir tá presente. E fora que eu e meu irmão temos assuntos pendentes a resolver em Petrolina, o assunto ,Guto. Será que ele estava bem?

Ouvi uma voz de sono baixinha e uma mão pequena me abraçar por trás.

- Bom dia Sabrininha! -Juliana falava próximo ao meu ouvido.

- Bom dia juh, cê dormiu bem? -Perguntei.

- Dormir sim, só tô um pouco dolorida e com dor de cabeça, ainda tenho que trabalhar mais tarde. -Sorriu.

- Sério isso? -Falei a olhando levantar.

- Sim, nem todo mundo tem uma vida de patricinha que você leva. -Ela falou soltando uma piscada.

- Tá doida Juliana? Não sou patricinha, eu trabalho pra manter minha casa, tudo bem que meu Ap foi presente da minha mãe, mas se eu não trabalhar assim como você eu também não como. -Falei séria.

- Ok, não tá mais aqui quem falou. -Ela se aproximou de mim e me deu um beijo no canto da boca antes de sair.

Tomei um banho e desci, tinha poucas pessoas em casa, metade da minha família deveria está passeando. Tai e Felipe devem está a caminho de Portugal agora, só não entendi o porquê quiseram casar em um interior de Pernambuco se e agora foram embora para Portugal, minha família é tão imprevisível.

Meu irmão e Isa estavam tomando café perto da piscina, me aproximei deles e me sentei.

- Bom dia meus dengos. -Falei.

- Bom dia meu amor! -Disse meu irmão.

- Boa tarde você quis dizer né? -Disse Isa sorrindo.

- são só 12:30 da tarde Isa, fomos dormir quase o dia amanhecendo ontem, e fora que estou com sono acumulado. -Falei colocando suco no meu copo.

-Mana que horas vamos em Petrolina? -Meu irmão perguntou.

- Irão ver o negócio do Guto? -Ouvir a voz da minha mãe atrás de mim.

- Isso mãe, será que vamos conseguir? -Perguntei.

- irão sim e eu estou orgulhosa por isso. Inclusive seu pai estava falando em adoção. -Se sentou conosco.

- Vocês querem adotar o Guto? -Perguntou meu irmão.

- Sim, mas conversamos melhor, não teríamos como, trabalhamos muito, já temos o Wenzell, criança precisa de atenção, e mal paramos em casa, não quero que ele cresça sem essa atenção e esse amor de pai e mãe! -Disse minha mãe.
- Entendo mãe, mas não se preocupe, Guto ficará em boas mãos. -Falei.

Juliana também se aproximou de nós para tomar o seu caféz e no mesmo instante sentir um olhar de malícia do meu irmão sobre a gente, eu apenas o encarei e ele piscou em cumplicidade.

De longe podia ver meu irmão mais novo e meus primos brincarem com pérola, e pude ver o quanto ela estava ficando esperta então pouco tempo.

- Juh que horas você vai trabalhar? -Perguntei.

- Umas 16:30 por aí, porquê? -Bebeu um gole do seu suco.

- Quer uma carona com a gente ?Estamos indo pra lá! -Ofereci.

- Quero sim -Ela sorriu. -Pérola é tão linda, fofa, parece a dona. -Ela olhava na mesma direção que eu.

- Huumm! -Minha mãe limpou a garganta. - não é só assim não em mocinha, flertando com a minha bebê na cara lisa! -Minha mãe fez cara seria e começou a rir em seguida.

Juh ficou totalmente vermelha.

Terminamos de tomar café e eu fui pegar minha mochila, para seguirmos.

- Sabrina? -Chamou meu pai. - Antes de ir quero te falar uma coisa. Eu liguei para o orfanato de Petrolina, e consegui falar com a assistente social, ela estará aguardando vocês.
Diana disse que Guto sempre vai a tarde por volta das 17:30. Depositei um dinheiro na sua conta, compre algumas coisas para o menino, a assistente social disse que a roupa e produtos de higiene pessoal é individual, acredito que ele não tenha nada disso, acho que no orfanato tem, mas quero que compre coisas melhores.- eu ouvia com atenção - agora vá lá com seu irmão e se cuida.

- Obrigada pai! -Agradeci recebendo um beijo na testa do meu pai.

Algumas horas de viagem e já estávamos em Petrolina, deixamos Juh no trabalho e seguimos para a filial. Não demorou muito e Guto chegou , ele estava mais forte, parecia mais saudável.

- Oi Guto? -Me aproximei.

- Oi moça, você voltou mesmo! -Ele se levantou e me deu um abraço apertado. - Esse é seu namorado? -Perguntou olhando para meu irmão.

- Não, esse é meu irmão, William. -Disse.

- Oi carinha como vai? -Meu irmão foi gentil.

- Eu tô bem desde que ela me achou no aeroporto, agora todos os dias eu posso comer. -Senti a felicidade em sua voz e isso me fez querer chorar.

- Vamos dar um passeio carinha? -Meu irmão bagunçou ainda mais o cabelo de Guto.

- Onde vamos? -Perguntou.

- Quero que você conheça um lugar, você vai poder morar lá, se quiser, claro! -Falei.

- Serio que vou ter um lugar onde morar? Mas essa gente não vai me bater não né? -Falou um pouco assustado.

- Claro que não! -Falei.

Saímos do local e fomos para o orfanato era um lugar muito grande, não era tão bem estruturado, mas me parecia bom.

- Vocês devem ser os irmãos Barcelos, correto? -Falou uma moça de cabelos longos e olhos claros.

- Sim somos, você quem é? -Disse meu irmão.

- Me chamo Ariely, sou assistente social aqui do orfanato, esse rapaz deve ser o Gustavo. - Olhou para o menino.

- Não moça, eu me chamo Guto mesmo. -Corrigiu.

- Tudo bem então senhor Guto? -Ela se abaixou para ficar na altura dele.

- Tô bem, eu vou poder morar aqui? -Ele olhava ao redor.

- Vai sim, você quer morar aqui? -Ela perguntou.

- Eu não sei, mas também não gosto de dormir na rua, lá às pessoas são ruins que me betem. -Guto falou e nos deixando calados.

- Guto vai lá brincar no parquinho que a tia vai conversar um pouquinho com Sabrina e William e já volta pra falar com vc. -Ela mostrou a direção.

Guto saiu correndo em direção ao parquinho e nós seguimos ela até sua sala.

- Agora é com vocês... seu pai me contou tudo que aconteceu e como estava a situação! -Ela olhava para mim. - Sei que vocês não podem adotar essa criança, ele me explicou exatamente tudo. Aqui trabalhamos com forma de apadrinhamento para poder manter o orfanato funcionando, alguns empresários apadrinha várias crianças, umas empresas mandam verbas , mas não é o suficiente para manter todas as dispensas por aqui, sendo assim não teríamos estrutura para mais uma criança, então quero propor que vocês da família Barcelos fossem padrinhos de Guto até ele ser adotado ou atingir a maior idades.

- E o que o padrinho faz exatamente? - meu irmão Perguntou.

-A função do padrinho é ajudar a manter os custos da criança, no final do mês mandaremos a nota fiscal de tudo que compramos com o dinheiro que os padrinhos mandam. Enfim, oque me dizem? - Nos olhou sorrindo.

- Nós queremos sim. -Disse.

- Sim nós queremos, inclusive quero propor uma reforma, talvez mudar as cores das paredes, colocar algo mais colorido e divertido. -Disse meu irmão.

- Eu acho ótimo, e fico grata por essa doação! -Ela sorriu.

- Só queremos o melhor para Guto. -Meu irmão falou.

Depois de um tempo saímos da sala dela e fomos atrás de Guto, ele parecia animado com a ideia de ter um lugar para comer e dormir.

Antes de voltarmos para casa passamos em um shopping e compramos várias coisas para Guto como meu pai mandou, ele estava feliz e muito animado, compramos o necessário e algumas coisas a mais ,como brinquedos e mimos, fomos ao cinema 3d, e depois voltamos para deixar ele no orfanato e para conhecer o seu novo cantinho.

- Sabrina? - Guto me chamou - antes de ir quero te dar uma coisa. -Guto veio até a mim com as mãos fechadas.
- Ué, e o que seria? -Me abaixei.

Ele abriu sua pequena mãozinha me dando passagem para ver o que tinha ali.

- Eu ganhei esse pingente do meu pai antes da policia prender ele, esse pingente tem três partes, a parte que tou te dando era a parte da minha mãe, essa aqui é a minha! -Ele me mostrou a outra mão.

Eu estava completamente emocionada.

- Muitas vezes quando a fome apertou pensei em vender para poder me alimentar, mas eu não podia, era a única lembrança que tinha deles. -Eu fiquei ainda mais impressionada com a forma madura que ele falava.

- Guto não posso aceitar, isso era da sua mãe, como você disse é a única lembrança que você tem dela. -Falei sentindo uma lágrima escorrer dos meus olhos.

- Meu pai me disse que eu poderia dar a uma pessoa especial um dia e você é especial pra mim. -Pegou minha mão.

- Porquê? -Perguntei.

Eu estava sentada em uma das camas que tinha ali , Guto se aproximou ainda mais ficando de frente pra mim, ele passou as mãos pequeninas no meu rosto secando minhas lágrimas e em seguida colocou o pingente na minha mão.

- Você salvou minha vida, sei que aqui vou poder dormir, comer e brincar não vou passar mais fome ou frio, vou poder trocar de roupa todos os dias e vou fazer amigos. -Ele me olhava com os olhos marejados.

Meu irmão apenas observava a cena de longe ao lado de Adriely. Fechei o pingente de ouro em minha mão e abracei Guto forte.

- Obrigada meu pequeno, eu sempre irei usar e quero que faça o mesmo. Sempre que senti medo ou se sentir sozinho aperte ele bem forte e sinta que estou aqui com você. -Falei lhe dando um beijo na testa.

Me levantei dei mais um abraço em Guto e fui embora. Estava com a sensação de missão cumprida.

SEMPRE SERÁ VOCÊ (em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora