POV ELENA- Como ela está? - perguntei assim que cheguei ao hospital. Damon estava parado em pé, encostado em uma parede da sala de espera.
- Eu não sei. - ele só balançou a cabeça negativamente sem tirar os olhos do chão.
Eu via Katherine como uma mãe. A minha morava longe e só a Kath me ajudava em tudo que eu precisava. Ela conheceu Damon em uma viagem que nós duas fizemos para New Orleans quando ela ainda cursava o ensino médio. Eu era uma criança naquela época, já que a diferença de idade de nós duas é seis anos. Eles começaram a namorar e ele se mudou para Mystic Falls, nossa cidade. Eles se casaram e tiveram as meninas. Alguns anos depois, decidiram voltar para New Orleans e eu vim junto. Ambas viemos fazer faculdade, mas só eu continuei. Katherine por ser casada, não conseguiu conciliar a família com os estudos. Ela é do tipo mãe e dona de casa exemplar. Capaz de largar tudo pelas filhas e pelo marido. E agora estava deitada em uma cama de hospital por causa de um desmaio repentino que não sabíamos o motivo.
Damon continuou parado sem se mover por alguns minutos.
- E as meninas? - ele levantou o olhar me encarando pela primeira vez.
- Deixei com sua mãe. Elas adoraram a ideia de fazer um acampamento no quarto da vó. - sorri sem vontade.
- Elas sabem? - ele se referia a Katherine.
- Não. Eu não contei. Sua mãe também não achou que era necessário. Elas acham que vocês estão em um encontro. - ele sorriu. Provavelmente imaginando a cena.
Ele voltou pra sua bolha e não falou mais nada. Eu fiquei quieta do seu lado, nervosa e ansiando para que o médico aparecesse logo pra contar o motivo do desmaio.
Pareceu ter passado horas. Mas na verdade foram apenas alguns minutos, quando o doutor finalmente apareceu. Pela cara dele, percebi que não vinha boa coisa.
- Senhor Salvatore? - ele chamou. Damon ainda estava em sua bolha.
Ele só levantou o olhar e de repente seus olhos brilharam.
- Como ela está? Eu posso vê-la? - ele perguntou rápido demais.
Eu também estava curiosa. Queria ver a Katherine, falar com ela, saber o motivo do seu desmaio, mas me controlei. Damon era marido dela, queria aquilo muito mais que eu.
- Não. Não pode. - o médico respirou fundo. - Ela terá que passar por uma cirurgia urgente.
Damon ficou sem palavras, o rosto completamente branco. Um frio percorreu minha espinha.
- Mas por quê? - me atrevi a perguntar.
- Eu não vejo outra forma de contar isso. Então... - ele respirou pra tomar coragem. - Ela está com um tumor no cérebro. Vamos fazer uma cirurgia de emergência porque ele não está em um tamanho considerado normal.
E aí meu mundo caiu. Mas eu precisava ser forte. Damon continuava petrificado do meu lado. Não sabia se ele tinha ouvido o que o doutor falou, mas as lágrimas que escorriam dos seus olhos o entregaram.
- O que eu vou dizer as minhas filhas? - foi a única coisa que ele perguntou.
Meu coração se apertou. Lembrei das meninas, tão felizes porque iam "acampar" no quarto da avó. Como reagiriam ao saber que a mãe estava muito doente e que teria que ficar no hospital, sabe lá Deus por quanto tempo?
Respirei fundo e pensei. As meninas estavam bem por enquanto. Não era motivo de preocupação. Preocupação mesmo era Damon, que agora estava sentado no chão do hospital, cobrindo o rosto com as mãos.
- Vem... - peguei no braço dele. - Vamos tomar alguma coisa.
- Não! Não quero! Eu quero vê-la! - ele parecia uma criancinha chorando, querendo algo que a mãe não queria dar.
Me abaixei para alcançar seu olhar.
- Vai ficar tudo bem! Você vai ver! - eu estava mentindo pra mim mesma também. Eu precisava de alguém pra me apoiar e me dar força. Mas além disso, tinha três pessoas que precisavam que eu fosse essa força. E eu seria. Mesmo que meu mundo estivesse desabando também. - Vamos tomar alguma coisa. E aí a gente volta pra cá. Vai ser rápido! E aí quando acabar a cirurgia você poderá vê-la.
Ele limpou os olhos com uma mão e me observou.
- Obrigada por estar aqui. - foi tudo que ele disse e então se levantou. E eu caminhei ao seu lado ate a lanchonete.
Ele sentou em uma mesa e eu pedi duas águas com açúcar.
- Vai ficar tudo bem né? - Damon me olhou suplicante quando retornei a mesa.
- Vai sim! - tentei sorrir, mas foi uma tentativa falha.
- Você também a ama não é? - ele estava parecendo mais uma criança curiosa do que o marido da mulher que estava passando por uma cirurgia nesse momento. E eu aproveitei para conversar com ele. Eu precisava tirá-lo daquela bolha de preocupação.
- Sim! Ela é como uma mãe pra mim! Sem ela eu não tinha nada pronto pra minha formatura. - formatura na qual eu não estava me importando nem um pouco no momento.
- E nem tinha um padrinho. - ele falou convencido já que ele seria meu padrinho. Katherine o ofereceu e não aceitou não como resposta.
- É! Bem isso. - sorri. Dessa vez foi um sorriso natural.
Damon ficou em silencio e eu tive medo dele ter se trancado de novo. Mas alguns segundos depois ele voltou a falar.
- Eu quero vê-la!
- Eu sei! E você vai! Assim que acabar a cirurgia. - tentei parecer o mais convincente possível.
- Se importa de voltarmos pra lá? Quero estar na sala de espera quando o doutor aparecer.
- Tudo bem!
Levantamos e fomos para a sala de espera. Dessa vez Damon se sentou e eu sentei ao seu lado. Conversamos algumas besteiras uma vez ou outra enquanto esperávamos.
A cirurgia de Katherine durou uma hora e meia. O doutor apareceu e Damon se levantou rapidamente. Eu imitei seus movimentos.
- Só estão vocês dois aqui? - ele perguntou.
- Sim. - Damon assentiu rapidamente.
- Vocês podem ir vê-la, mas só 10 minutos.
Damon abriu um sorriso e seguiu o doutor ate o quarto onde Katherine estava. Eu só o acompanhei.
Katherine estava em um quarto com uma única cama. Ela estava muito pálida e dormindo. Seu cabelo cacheado estava raspado de um lado. Pelo que conhecia da Katherine, ela iria odiar estar desse jeito. Ela faz o tipo super vaidosa e seu cabelo era o que ela mais amava. Ainda dava de esconder aquela parte com um jeitinho e eu imaginei a cena. Eu e Katherine arrumando seus longos cabelos.
- Ela não acordou ainda desde o desmaio. Demos um sedativo e ele estará agindo por mais algumas horas. - o medico quebrou o silencio.
- E o tumor? - Damon estava parado ao lado de Katherine, segurando uma de suas mãos.
- A cirurgia foi para a retirada dele. Ele estava consideravelmente grande. Amanha ela terá que iniciar a primeira sessão de quimioterapia e estaremos fazendo mais exames em seguida.
Damon suspirou.
Eu não sabia como Katherine reagiria. Afinal, a quimioterapia iria fazer o restante de seus cabelos caírem. E nele estava sua maior vaidade. Eu teria que ser mais forte do que imaginava.
Damon, porém, estava com um sorriso no rosto. Era um sorriso fraco, mas estava lá. Acreditei que pelo menos o pior tinha passado.
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Twist of fate
RandomO que você faria se a sua vida perfeita simplesmente desabasse do dia pra noite? Isso aconteceu com Damon Salvatore. Ele vivia uma vida perfeita. Era casado e tinha duas filhas maravilhosas. Mas o destino resolveu meter o dedo, provando que a felici...