Correntezas colidem em dez segundos, gerando um redemoinho em cinco.
Naquela semana, as aulas seguiam um trajeto morno e aconchegante. Mentalize qualquer conteúdo de rápido entendimento e mais uma turma tranquila, eram três blocos de açúcar no meu café amargo. Persistiu até a próxima quinta-feira, quando houve uma curva, aquele tipo que choca cabeças no vidro da janela. Quando me convenci que algo muito bom não deve ser elogiado por respetivas vezes. Inclusive o tempo.
De manhã, a consciência veio a tona surgindo de um sono pesado. Quanto mais força eu tinha para abrir as pálpebras, mais arrepios passeavam da minha extremidade rumo às pernas. Um pé para fora do lençol, a ponta dos dedos um tanto doloridas. Eu esperava acordar suado, mas estava com... frio.
Meu quarto localizava-se embaixo de minha residência. Era para ser o porão ali, mas eu o transformei num ninho de abrigo. Meu ninho de abrigo. Existia apenas uma janela. Uma fresta na verdade, fazia ligamento com o solo do jardim. Eu mal conseguiria escapar por ela, caso uma fuga fosse necessária.
Certo ruído mostrou presença, minhas orelhas remexendo. Pude imaginar, de princípio, uma televisão chuviscando, mas aos poucos minhas ideias foram se ampliando. Não era tão forte para ser pancadas, nem opaco o bastante para vir da panela de pressão do vizinho (é, as vezes eu podia escutar).Vivíamos o verão, no mês que sabíamos que o asfalto das ruas de Tóquio estavam mais para algum tipo de chapa futurista — é sério, você podia até fritar um ovo se quisesse. Já era o costume ter os móveis, marcados por uma faixa de luz amarelada, como a minha primeira visão do dia. Mas, quando finalmente acordei, foi diferente. Encontrei a obscuridade em pessoa atrás do meu guarda roupa — falta de luminosidade.
Foi o começo da minha divergência vívida.
Saltei para cima da cama, na pontinha dos pés acima do colchão. Esfreguei os olhos. Pisquei varias vezes. Mas as minhas sobrancelhas continuaram saltadas.
— ChhhhHHhhhHHHhhHh
— Tic tic tic tic...
O ruído fazia sentido, sua presença é quem era estranha. E não tinha razão, ela apenas estava ali. Era chuva.
Verão ≠ Frio ≠ Chuva.
Aquilo atingiu o cotidiano dos idosos que faziam caminhada nas ciclovias, ou de quem precisava pegar um ônibus para trabalhar. Apesar de não tenha feito meu penteado espetado por pura lógica, a minha rotina continuou na mesmice.
Depois de uma disputa com minha mãe, meu pai se deu o trabalho de me levar para a escola de carro.
Na U. A. ninguém estava agasalhado o bastante. Pelo visto, assim como eu, os outros alunos acreditavam que o clima-sem-lógica desapareceria em breve. Isso me fazia sentir incluso. Em vista, ninguém acreditaria que debaixo do meu penteado maneiro havia um repetente — é o que penso.
Ainda antes de cruzar para minha sala, eu encontrei um diferentão agasalhado. Me impressionei com a coragem, mas não fiquei exatamente surpreso. Bakugou Katsuki nunca foi do tipo de pessoa convencional, ele tinha algo diferente — literalmente um senso de discordância! Não deixem ele ler isso, por favor!
Assim como uma abelha é atraída por pólen, ou uma formiga por montinhos de açúcar, aquela era uma característica que atraia meu olhar para ele. Eu gostava de ser próximo dele. Meu lugar ficava atrás do dele.
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Palavras-chave para um Beijo Árduo - 𝕂𝕚𝕣𝕚𝕓𝕒𝕜𝕦 𝕆𝕟𝕖𝕤𝕙𝕠𝕥
FanficBakugou Katsuki testa os limites de Kirishima sendo algo além do que uma mente adolescente considera normal. Entretanto, não o torna diferente para o ruivo, mas sim, especial e chamativo. Como o verão jorrando frio, o destino faz algo curiosamente d...