Os dois voltaram para casa ao anoitecer. A brisa fresca batia em seus rostos, bagunçando os cabelos. Soobin se sentia bem e Yeonjun melhor ainda. Fazia tempo que ele não se divertia assim, quase se esqueceu da sensação incrível.
Ele costumava sair com Beomgyu quando eram adolescentes e antes de discutirem. Espalharam pela escola que Yeonjun estava ficando com a (quase) namorada de Beomgyu, ele ficou com raiva e socou Yeonjun bem no nariz. Claro que era só um boato e Yeonjun tentou se explicar, mas Beomgyu não quis saber.
Quando chegaram em casa, Yeonjun foi direto para o banho. Ele estava feliz, até cantou no chuveiro.
Dormiu tranquilamente ao lado de Soobin, o garoto de quem gosta. Eles estavam bem próximos, mas não se tocavam em momento algum.
Alguns sorrisinhos bobos escapavam ao se olharem, mas Yeonjun não demorou a pegar no sono. Já Soobin ficou acordado. Não precisava dormir. Não sentia sono. Ele ficou um tempinho com os olhos fechados, mais um tempinho observando Yeonjun, focando nos detalhes do rosto dele e em quão calmo o garoto estava enquanto dormia, mas acabou ficando agitado demais para permanecer deitado, então se levantou e foi caminhar pelo bairro.
Ele sempre esbarrava com outros fantasmas e, como não era acostumado, sempre ficava surpreso quando um tentava puxar assunto. Pensava que talvez fosse outro humano igual a Yeonjun, capaz de ver espíritos, mas não era. Ele nunca dava assunto a outros espíritos, conversava apenas com uma adulta que ficava na mesma rua o tempo todo, em frente a uma loja de conveniência. Ela disse que mora ali por perto, mas não lembra onde. Disse também que tinha um filho e não sabe como ele está recentemente, já que faz tempo que ela faleceu. Será que se eu ficar muito tempo por aqui também vou me esquecer das coisas?, Soobin se perguntava sempre que ela tocava no assunto da casa e de seu filho.
― Eu não quero esquecer as pessoas, Soyeon-ssi ― Soobin falou ao se aproximar dela. Sentou-se ao lado, no chão, e abraçou as pernas.
― O que aconteceu, criança? Quem não quer esquecer? ― ela perguntou com o tom de voz baixo e calmo, mexendo nos fios do garoto.
― Se eu ficar muito tempo... Eu vou esquecer, não é? Eu não quero me esquecer dos meus amigos... da minha mãe e muito menos do Yeonjun.
― Quem é esse Yeonjun? Você nunca me falou dele, só dos seus amigos.
― Ah... É um menino que eu tinha uma quedinha ― respondeu baixo, envergonhado. Não costumava falar das paixonites para as pessoas. ― De onde eu estudei... Ele consegue nos ver.
― Isso é bem interessante, menino. Vocês se encontram por aí? Ele também gosta de você? ― Ela ajeitou o cachecol ao redor do pescoço, por mais que não sentisse frio. Gostava de manter o estilo mesmo após morta, diferente de Soobin, que usava a mesma roupa do acidente, porém sem todo o sangue.
― Sim... E eu não sei o que ele sente. Acho que talvez. Ele está me ajudando a seguir em frente com minha morte e é divertido... mas eu não quero ir ― Soobin disse de forma triste, abaixando a cabeça.
― Mas precisa ir, ou vai ficar esquecido da cuca igual a mim. Isso se não virar um espírito maligno.
― Eu sei... Será que vou continuar lembrando deles depois que for embora? E existe céu ou inferno?
― Não sei, querido. Mas se existir, você vai para o céu, tenho certeza. É um bom garoto ― Soyeon respondeu tentando passar calma para o garoto, apertou as bochechas dele e bagunçou os cabelos, dando um sorriso gentil.
Ela puxou o menino para que ele a abraçasse e deitasse com a cabeça no ombro dela. A mulher o tratava com carinho, provavelmente como forma de matar a falta que sentia do filho. E Soobin gostava. Também ajudava na falta que ele sentia da mãe.
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Wishlist | Yeonbin
FanfictionSoobin sofreu um acidente de carro ao fugir de noite para ir ao show da banda preferida. Não conseguiu ver a tempo o carro que rapidamente o atingiu ao atravessar a rua na bicicleta antiga que tinha. Se tornou mais um de vários fantasmas que ficam p...