Capítulo dois

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Yeonjun acordou com o despertador do celular tocando pela segunda vez. Ele se sentou e viu que Soobin não estava ali, provavelmente tinha se cansado de ficar deitado enquanto o outro dormia e saiu para andar a toa.

Se levantou, pegou o uniforme que estava dentro do guarda roupas e foi para o banheiro, onde tomou banho. A água tépida escorria por seu corpo, fazendo-o acordar, ainda estava bem sonolento, detestava acordar cedo. Precisava lavar o cabelo, mas não estava com tempo para secar, então deixou os fios molhados mesmo, tirou apenas o excesso com a toalha e se vestiu.

Ao descer para a cozinha, encontrou o pai sentado lendo um jornal e a mãe terminando de preparar o café. Ela não fazia um bom café, na verdade era péssima na cozinha, mas ela e o marido sempre revezavam durante a semana quando estavam em casa.

― Bom dia, filho, dormiu bem? ― Seu pai, Hyunwoo, deixou o jornal de lado e passou a dar atenção ao filho. Isso não fazia parte de seu comportamento, mas, depois de uma discussão séria entre eles, começou a pegar o costume.

― Dormi bem sim. Por que não está fazendo café hoje? Pensei que fosse seu dia. ― Se sentou na cadeira da ponta.

― É meu dia, mas sua mãe insistiu em fazer.

― Mas o café dela é horrível. Sem ofensas, mãe!

― Não ofendeu, querido. ― Ayeong beijou a testa do filho, arrumou o cabelo dele e se sentou com uma xícara pequena de café na mão. ― Ontem pela noite ouvi você conversando com alguém, quem era?

― Não era ninguém, mamãe. ― Comeu uma torrada, queria fugir do assunto.

― Era algum... fantasma...? ― o pai perguntou. Ele costumava ver Yeonjun como uma aberração por ver mortos e se assumir bissexual. A mãe o tratava estranho, mas se esforçava para manter a amizade entre os dois, o que funcionou bem. Hyunwoo demorou para entender e aceitar.

― Vai ver que ele estava falando com alguma namoradinha. Ou namoradinho! ― Ayeong deu uma risada curta e bebericou o café, Hyunwoo quase engasgou, juntamente com Yeonjun, que se levantou.

― Preciso ir, gente! ― Ele terminou de se arrumar, se despediu, pegou a mochila e correu para fora de casa. Um motorista estava à espera do garoto.

Seus pais contrataram o motorista quando Yeonjun entrou no ensino médio. Era uma das formas de compensar a ausência, o pai era quem costumava levar Yeonjun para a aula. Antigamente, eles ficavam meses viajando por causa do trabalho, isso foi diminuindo com o tempo, às vezes só o pai viajava, às vezes só a mãe e, às vezes, Yeonjun ia junto. Eles mantinham contato, mas ainda se sentiam culpados e enchiam Yeonjun de presentes.

Quando chegou à escola, subiu as escadas de dois em dois degraus, dando de cara com Huening Kai. Paralisou de nervosismo, mas não sabia o motivo de ficar assim.

Huening olhou para ele, cerrando os punhos ao lado de seu corpo.

― Você realmente vê fantasmas, né? ― perguntou baixo. Estava acabado, muitas olheiras, olhos e nariz vermelhos, provavelmente estava chorando recentemente. Estava mais magro também. Yeonjun apenas concordou com a cabeça. ― O Soobin... ele está por aqui?

Yeonjun sentiu um pequeno aperto no peito ao tentar imaginar o que o garoto estava sentindo com a perda. Ele não precisou olhar ao redor à procura do fantasma do amigo de Kai para saber que não estava ali, sempre sentia a presença de Soobin quando ele estava por perto. Beomgyu apareceu logo em seguida e parecia irritado. Os dois Choi's não se davam bem há tempos devido a uma briga no fundamental, aconteceu em uma festinha de aniversário.

Kai teve o pulso agarrado e puxado por Beomgyu, que subiu as escadas, dando um esbarrão em Yeonjun, eles foram rapidamente para a sala e Yeonjun sentou em um banco próximo à porta para desenhar, esperaria o sinal bater para entrar. Taehyun passou por ele e entrou na sala também.

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