- Acordem crianças, tenho que sair para trabalhar e se vocês não se levantarem agora vou me atrasar – Dona Ana gentilmente conhecida por "ninha" chamava pelos filhos pela terceira vez.
- Ah mãe – Bruno o filho mais velho reclamou – estou cansado de ter que levantar todo dia cedo e olha que estamos nas férias a senhora não tem pena dessas crianças tão injustiçadas?
Ninha se aproximou do filho.
- Filho, você sabe que a mãe precisa trabalhar, para que vocês possam ter o que comer, ou você quer que seus irmãos passem fome?
Bruno se sentou na cama, e bateu com as mãos para que sua mãe se sentasse ali com ele, Ninha olhou no relógio, balançou a cabeça e fez o que o filho pediu.
-Mãe – Bruno começou após uma pausa – eu já disse que não me importo de trabalhar para ajudar nas despesas de casa, eu sei o quanto tudo isso é pesado pra senhora, e o papai se é que podemos chamar assim, nem dá sinal de vida, eu posso te ajudar.
Dona ninha se aproximou dos filhos, pegou sua mão e enquanto acariciava, fez o mesmo discurso que fazia toda vez que Bruno lhe pedia para deixa-lo trabalhar.
- Filho, não é seu o papel de trabalhar e colocar as coisas dentro de casa...
-Mas.. – Bruno tentou interromper, mas a mãe colocou o dedo indicador em seus lábios pedindo para que lhe deixasse terminar de falar.
-Você já terminou seus estudos, mas quero que se esforce pra conseguir uma bolsa pra cursar a faculdade que você sempre sonhou, e se eu te pedir pra trabalhar agora, todo o tempo que você poderia investir estudando para o vestibular, vai ser gasto e você pode se arrepender depois.
Dona Ninha queria mesmo que o filho se dedicasse aos estudos, mas no fundo ela sabia que seria muito bom ter alguém pra ajudar nas despesas da casa, seu marido pediu o divórcio quando os gêmeos Julia e João fizeram dois anos, tanto que eles não se lembravam do pai.
Cleiton dizia que não nasceu pra gastar dinheiro com criança não a fala preferida dele era:
-Estou de saco cheio, mal pego o dinheiro do meu salário que é um trabalho suado, não como esse seu ai de trabalhar sentada o dia inteiro, e já tenho que gastar, não fico com nada pra mim, assim não dá.
Ninha tentava argumentar com ele:
- Mas Cleiton eu também não gasto dinheiro comigo não, todo meu dinheiro fica aqui e foi você mesmo que disse que queria ter filhos.
Cleiton se alterava e já se levantava batendo as coisas
-Se eu soubesse que seria assim, preferia que não tivessem nascido.
Depois saia batendo a porta e sumia, mas voltava lá pelas três da madrugada, porém um dia depois de uma dessas discussões ele saiu e nunca mais voltou, a família dele acusou Ninha de ser a causadora da separação e por conta disso ela entrou em uma depressão profunda, não queria fazer mais nada, ela só se levantava para dar banho e comida para os filhos o restante do tempo era deitada, se perguntando porque Deus não tinha lhe tirado a vida.
Ninha estava presa nesses pensamentos quando sentiu a mão do filho em seu ombro
- Mãe – ela se assustou e ficou de pé, Bruno já tinha se levantado e estava pronto pra sair, ao seu lado estava Julia e João também já prontos só esperando a mãe.
- Desculpa crianças , mamãe estava aqui pensando na vida – levantou –se deu um beijo na testa de cada um dos filhos e prosseguiu- Como vocês estão lindos, já tomaram o café?
João logo se manifestou enquanto alisava a barriga:
- Sim mamãe, tô de barriguinha cheia.
- Eu também mamãe – Julia concordou com o irmão.
Dona Ninha olhou para Bruno, agradecida, e saiu com as crianças.
Todo dia era essa mesma rotina, ela se levantava cedo, ajeitava as crianças, levava os gêmeos para casa de uma irmã da igreja que cuidava dos dois, e Bruno ia direto para o cursinho pré-vestibular. Se despediu dos gêmeos e já estava indo embora quando João puxou a barra do seu vestido e disse:
-Mamãe, não vamos orar?
Ninha colocou a mão na testa como se tivesse esquecido, entrou com as crianças e começaram a prece que faziam todos os dias, desde o inicio do mês de dezembro:
- Papai do céu, obrigado por mais esse dia, pela nossa saúde, que esse dia seja muito bom, e papai do céu que nesse ano, tenhamos um natal legal. Amém
Ninha não orava, ela não tinha forças, aliás ela começou a achar a muito tempo atrás que orar era besteira, dizia para si:
- Deus tem coisas mais importantes pra fazer do que se preocupar com as lamurias de uma mulher que nem o marido quis. Ninha estava muito errada em relação a isto, mas ainda não sabia.
Despediu- se mais uma vez das crianças e saiu, no caminho para o trabalho foi calculando quanto tempo de horas extras teria que fazer, para conseguir comprar pelo menos um peru de natal, e estava nesses pensamentos, quando uma criança que aparentava ser um pouco mais nova que os gêmeos puxou a sua blusa.
Ela parou e olhou a criança de cima a baixo, e depois olhou para os lados procurando os responsáveis por aquela criança:
- O que faz aqui querido? É cedo, e cadê os seus pais? –Enquanto falava observou que o menino era bem magro e estava calçado apenas com um pé de chinelo, olhou novamente em volta para ver se encontrava o outro par.
O menino fez menção de que ia começar a falar, mas em vez disso gemeu bem baixinho e começou a correr.Gostou desse capítulo? Deixe sua estrelinha e comente. 😊
Que Deus abençoe a sua vida e que esse conto te edifique e aqueça seu coração, que ao finalizar esse conto, você entenda o verdadeiro sentido do natal.987 palavras
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Um Natal de Amor
General FictionDona Ninha uma mulher com dois filhos e cheia de problemas, não tinha tempo para pensar no sentido das coisas muito menos do natal, que por falar nisso estava se aproximando. É apenas quando seu filho João lhe pergunta qual o verdadeiro significado...