005. COMPAIXÃO

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No dia seguinte, aquela terça-feira péssima pra trabalhar, mas ótima pra ficar embaixo das cobertas, aconteceu um pequeno imprevisto. Cheguei atrasada no trabalho, já que tava um trânsito de merda pela chuva, e o Uber foi a passos de tartaruga. Ir a pé teria sido mais rápido.

Pedi mil perdões pro gerente, que foi compreensivo e não se preocupou muito, porque já sabia que em dias assim o movimento é bem menor.

Assim que segui pra me trocar, Cíntia me puxou pelo braço com tudo pro banheiro.

─ Tá louca, minha filha? Quer me sequestrar, é?

─ Seu ex tá aí de novo. Mas tá sozinho.

Revirei os olhos.

─ Pode deixar que eu me viro, amiga. Eu atendo ele hoje. ─ disse, enquanto reforçava meu batom olhando no espelho.

─ Cê não tá entendendo, né? ─ Cíntia me pegou pelos ombros, me virando em sua direção. ─ Ele tá aqui pra falar com você. Ele tá sentado lá desde que abrimos, e assim que chegou, perguntou de você.

Arregalei os olhos, um misto de medo e ódio.

─ Quanto mais eu me afasto, mais ele se encosta. ─ reviro os olhos, deixando o banheiro sem nem olhar pra trás.

Pedro passava a ponta dos guardanapos da mesa por entre os dedos, uma expressão triste no rosto, e o petit gâteau intacto em seu prato.

─ Posso saber o que você quer aqui? ─ apoiei minhas duas mãos na mesa, de frente pra ele, que se assustou levemente; não tinha me visto chegar.

─ Oi, Bianca... Será que dá pra gente conversar um pouco? ─ o desânimo era nítido em sua voz, ao mesmo tempo que implorava por atenção.

─ Apesar do movimento do restaurante estar uma merda, não dá pra conversar aqui. ─ respirei fundo, mal acreditando no que iria dizer. ─ Vai em casa mais tarde, te aviso quando sair.

Esboçou um sorriso fraco, fiz o mesmo e segui pro trabalho.

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⏰ Última atualização: Jan 10, 2021 ⏰

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SMILE | pedro orochiOnde histórias criam vida. Descubra agora