Doce aroma do seu toque

Prólogo

“NÃO!” - gritou ele a ponto de chorar caindo de joelhos em frente a mulher desolada “Eu te amo, então... por que me deixar agora?” um carro então...  então... Arg!

Como se aquele dia não tivesse nem começado, Isao Hayashi apagou rapidamente mais de 10 páginas que havia escrito de seu novo livro.

Isao tinha apenas 31 anos porem já era um escritor um tanto popular entre romancistas, seus livros vendiam assim que chegavam as lojas, mas ele mesmo nunca desfrutou da fama. Vivendo escondido atrás de um falso nome, Isao apenas passava seus dias calmamente em seu escritório saindo algumas vezes só quando havia necessidade ou quando não conseguia “fugir” de seus amigos.

“Por que está sendo tão difícil ultimamente...? Isso está horrível. Ninguém compraria –o protagonista não deveria ser assim...” Isao se debruça sobre o teclado de seu computador e solta um longo suspiro desistindo de continuar a escrever.

“Hayashi-san? Ainda trabalhando?” uma voz suave vinda do lado de fora do pequeno escritório ecoa por toda a sala de Isao. O mesmo responde apenas com um “hm”.

A porta então é aberta, um jovem bem vestido de estatura mediana e cabelos claros entra no cômodo escuro, um sorriso doce que tinha desaparece logo após entrar, “Hayashi-san, já te disse para não trabalhar assim! São 5:20 da tarde... por que está tão escuro? - parece que nunca viu a luz, é um algum tipo de vampiro?”

O homem coloca ambas as mãos na cintura e com uma expressão amarrada, caminhava até a janela para abrir as cortinas deixando o que sobrava da luz do sol daquele dia entrar, iluminando o pequeno cômodo com um tom alaranjado.

Isao respondeu “é o suficiente Saito-san.”, ele apagava mais alguns arquivos sem se importar com a presença do outro ali. 

O homem então se afasta da janela revirando os olhos percebendo que não adiantaria continuar a reclamar.

Tatsuo Saito era secretário e editor substituto de Isao, ele sempre esteve à disposição dele para o que ele precisasse dês de que começou a trabalhar na editora.

“como foi o trabalho hoje? Precisamos de mais um capítulo até o fim da semana, foi difícil já ter prolongado a data novamente sabe disso certo? -era pra ter sido entregue a 3 dias...”

Isao com seu rosto sem expressão alguma se vira para Tatsuo “Estará pronto quando ficar pronto, não se preocupe.”

“já até sei...” numa poltrona que havia ali, Tatsuo se joga apoiando os braços no apoio do estofado, “Oto-san irá brigar comigo de novo por você atrasar a data, já consigo o ver entrando na sala gritando...”

“Sai~to-kun? Hayashi-san?”

A voz meio rouca entra diretamente pelos ouvidos de Tatsuo fazendo o mesmo estremecer.

“é o meu fim, ele vai me matar por sua causa!” 

Tatsuo levanta agitado da poltrona num pulo enquanto Isao o observava com a sombra de um sorriso no rosto. A porta então se abre e um homem na faixa de seus 30 anos com um terno vinho um tanto chamativo entra, ele para diante a porta e os olha, mesmo tendo um sorriso no rosto seu olhar era assustador.

“que bom que estão juntos, me poupa tempo de correr atrás de vocês. -A editora me ligou... Hayashi-san, onde está o novo capitulo? E Saito-kun, eu não te disse para pressiona-lo se isso acontecesse?”

Tatsuo se vira para Isao implorando com os olhos para não falar nada a mais que pudesse piorar, mas é ignorado, “acabei de apaga-lo...”

“espero que com ‘apaga-lo’ queira dizer que já o enviou para mim, não é Hayashi-san?”

Um silencio incomodo preenche o lugar, Tatsuo se dá um tapa interno. 

“não ficou do meu agrado então apaguei. -Vou começar novamente.” 

Isao encarava aquele olhar de Kazumi que já não era mais frio e sim fuzilante com outro olhar que poderia ser pior, o “não ligo”.

“essa será a última vez que prolongo seu prazo Hayashi-san. -Saito-kun, deixe comigo a partir de agora que voltei.” 

Kazumi Oto era bem paciente apesar de gostar de impor medo, ele era responsável pelo trabalho de Isao e também editor chefe dos livros. A única coisa que o tirava do sério era um trabalho mal feito, coisa que também incomodava Isao, por isso, Kazumi sempre dava um jeito de o ajudar a finalizar um bom livro.

Isao solta um bocejo se virando para o computador, como sempre tendo uma expressão de desinteresse “então eu terminarei. -Podem sair agora.”

Os dois ali em pé trocam olhares já entendendo o que um queria dizer ao outro. Em poucos movimentos, Kazumi levanta Isao pelos braços e Tatsuo o joga um sobretudo marrom escuro que havia ali.

Ao ser levantando, Isao se assusta e fala entre os dentes “o que pensam que estão fazendo? Me solte Oto-san!”

“se você ficar aqui não escreverá uma linha mesmo, vamos sair pra tomar um ar então e achar alguma inspiração.” Kazumi fala simplista já soltando Isao e o empurrando para fora da sala.

“isso mesmo! há um café aqui próximo, certeza que Hayashi-san irá gostar, parece que vários escritores frequentam o lugar.”

Os encarando furioso por ter sido tirado de seu habitat, Isao veste o casaco resmungando algumas coisas para si próprio. Kazumi e Tatsuo estavam satisfeitos pelo o que fizeram.

“onde estão minhas luvas? Não posso sair sem elas.”

Isao entra novamente no escritório e vai direto para as gavetas as abrindo e revirando os objetos ali em busca de um par de luvas. Ao achar, não podendo evitar acaba soltando um suspiro de alivio.

“você ainda tem medo de germes?”

Tatsuo joga a cabeça para o lado meio preocupado.

Isao cerra uma das mãos em punho, “é... pode se dizer que sim.”

Kazumi solta um suspiro arrumando os óculos que usava, “tinha me esquecido, desculpe por te segurar daquela forma.”

“tudo bem, eu não iria sair se não fosse aquilo. -Podemos ir logo? Já quero voltar...”

Os três juntos entram no elevador, Isao estava desconfortável mais do que podia se perceber, porem tentava não demonstrar o quanto para não causar o mesmo aos outros dois.