Whispers (TobiIzu)

Único

Oh, eu vi sua beleza crescer.
Onde tudo isso desaparece, você brilha em ouro.
Nosso amor vai ser uma lenda,
Se o deixarmos ir para casa.

(Whispers - Dave Baxter)

— Vocês já estão velhos demais pra ficarem brigando, não acham? — Kagami elevou o tom de voz olhando de um para o outro, as mãos na cintura e um colete Jounin para tornar a situação ainda mais séria.

Tobirama Senju, o Nidaime Hokage, 61 anos e posentado, olhava para um lado com um bico enorme e o curativo na cabeça, além de um corte superficial na bochecha esquerda. Já Izuna Uchiha, ex delegado e ex líder da Anbu, poucos meses de distância dos 61, estava intacto com os braços cruzados no peito enquanto os cabelos grisalhos caíam pelo ombro. Seu olhar passava porta aberta para o rosto raivoso de seu esposo Tobirama, depois voltava para o ninja no centro do salão com um entendimento estranho. 

— Vocês poderiam ter se machucado de verdade!
Tobirama olhou seriamente para Uchiha e fechou o semblante, se não levava desaforo na sua juventude, menos ainda na velhice. Iria colocá-lo para fora na base do chute, mas resolveu ignorar os sermões porque sua cabeça realmente estava latejando.

— Por que atacou ele sem motivo, Izuna-sama? — perguntou virando-se para Izuna. 

O Uchiha olhou de Tobirama todo lascado para Kagami, aquele traidor, e estreitou as sobrancelhas bufando de ódio. 

— Eu não vou ficar aqui tomando bronca de vocês! — disse jogando o cabelo do ombro para trás e começou a se afastar a passos lentos.

— Izuna-sama! Izu... 

— Vai pra merda! Não vem me aborrecer não! 

Tobirama arqueou as sobrancelhas olhando para trás, depois para o jounin que estava prendendo riso diante da cena, tentando manter uma postura séria.

— Tem certeza que o senhor não fez nada? — perguntou ao Nidaime.

Tobirama levantou do sofá, não era nenhuma criança para ficar dando satisfação da sua vida e das brigas com Izuna, que aliás, não eram nenhuma novidade abaixo do céu.

— É claro que tenho! Vai embora, vai! Vai ajudar o Saru com alguma coisa. Jovem hoje em dia não serve pra nada... — reclamou pegando o caminho do corredor.

— Eu tô ouvindo isso que você falou!
 
— É pra ouvir mesmo! Vai procurar missão, folgado!

O rapaz deu outra risada revirando os olhos. Pensava de verdade que a velhice iria deixar aqueles dois mais dóceis e até amorosos, mas quanto mais o tempo passava, mais rabugentos e encrenqueiros ficavam. 

Resolveu ir embora antes que jogassem papel bomba nele. 

...

Izuna olhava fixamente para a árvore de Natal pensando em queimá-la e fazer uma grande fogueira no quintal. Seria mais fácil do que passar horas se entortando e subindo em banquinhos para pendurar os enfeites. Se pelo menos Tobirama ajudasse com alguma coisa seria mais fácil, mas desde que tentou atravessar o rosto dele com uma kunai, o Senju ficou insuportável. 

Tentou ficar na ponta dos pés para colocar a maldita estrela ali, mas a labirintite vinha com força e jurava que iria cair de cara no chão. Ficava tonto xingando baixo, reclamando sozinho, e tentava de novo. Era vergonhoso que ele, o grandioso Izuna Uchiha, mal conseguisse colocar a porra de uma estrelinha em uma árvore de Natal. 

Olhou para o sofá onde Tobirama estava com alguns pergaminhos tentando ler mesmo que a catarata já tivesse tomado conta e até cogitou pensar em pedir ajuda; mas sabia que ele não iria ajudar. Estava bravo, e se dependesse de Izuna, iria continuar.