Canções de Primavera

Capítulo 1 ✿

Meredith PoV

Perder um paciente na mesa de cirurgia é sempre desgastante e te faz sentir o profissional mais insuficiente do mundo, principalmente se você já vem acompanhando esse paciente há algum tempo. Espero a equipe sair da SO e fico sentada na cadeira do anestesiologista olhando para a mesa de cirurgia e dizendo a mim mesma que fiz o melhor que pude e o que era possível ser feito. Me recomponho, me limpo e vou até a família dar a notícia.

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Em dias como esse eu só quero chegar em casa, tomar um banho demorado, me jogar na cama e só acordar na manhã seguinte, porém nem sei se dormir eu consigo. Depois de falar com a família me dirijo até a sala do staff pegar meu jaleco, ainda tenho um último paciente para checar. Quando visto o jaleco sinto um peso no meu bolso, coloco a mão e tiro do bolso um Twix. Eu sei quem deixou isso e eu sei o porque deixou isso. Ele sabe. Junto do chocolate, tinha um bilhete:

“Soube do seu paciente, sinto muito.
Espero que isso ajude, sei que é o seu favorito.
-A’’

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Andrew PoV

Eu estou exausto e o meu horário ainda não acabou. Uma família deu entrada após um acidente de carro e as duas crianças envolvidas tiveram alguns ferimentos graves. Tenho alguns minutos para esticar as pernas e comer algo antes da última consulta. No caminho até a lanchonete eu encontro o Dr. Webber meio cabisbaixo e meu pensamento vai até a Meredith. Eles iriam operar juntos hoje, era uma cirurgia difícil e eu sei o quanto a Mer se dedicou a esse paciente.

━━ Dr. Webber! Como foi a cirurgia? - Eu pergunto.

━━  Houve uma complicação e o paciente não resistiu. - Ele responde, eu o encaro por alguns segundos e quando vou responder ele se adianta — Ela ficou arrasada, DeLuca, ela se empenhou muito nesse caso.

━━  Eu sinto muito, onde ela está?

━━  Na SO ainda. Você sabe, ela está processando o que houve e se preparando para contar para a família.

━━  Certo, obrigado Dr. Webber. - Eu digo e sigo para a lanchonete.

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Eu conheço a Mer desde que comecei o internato no SGH. Ela é a minha melhor amiga e sempre fomos uma dupla e tanto no trabalho. Minha casa fica a exatos 1,6km da casa dela, então sempre estamos trocando carona e conversando durante o caminho e nessas conversas eu aprendo muito sobre ela. Mer é extremamente inteligente e determinada. Ela é atenta, sempre está por dentro de tudo, tem um bom conhecimento sobre diversos assuntos, mas, ela também gosta de ter o espaço dela. Às vezes damos um tempo nas caronas porque ela precisa de um tempo sozinha, quietinha, afastada. Muitas vezes eu estou louco de vontade de contar algo mas me seguro até ver que ela está se aproximando novamente. Eu costumo falar muito e ela é uma mulher de poucas palavras. Palavras certas e precisas, eu diria, em muitas situações fico desconfortável por falar demais e acho que estou incomodando. Quem a vê de fora diz que ela é durona, eu prefiro dizer que ela é forte. Acontecimentos do passado formaram a mulher que ela é hoje e a maneira com que lida com as coisas e não julgo nem se eu quisesse. Eu não posso dizer que conheço ela totalmente, mas sei de algo que pode ajudar pra animar um pouco depois dessa cirurgia.

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No final do expediente estou esperando ela no carro e provavelmente ela irá sentar no banco de trás e seguirá o caminho sem dizer nada. Ela chega, senta atrás como eu imaginava mas me surpreende falando:

━━  Você não existe. - Ela fala e eu sinto o cansaço e a tristeza na sua voz.

━━ Eu sou um anjo, confessa. - Falo com um tom divertido.

━━ Você é um convencido, põe música. - Dessa vez ela fala mais séria e eu entendo que é o momento dela.

Seguimos sem conversar para casa. No rádio está tocando uma música da banda que ela gosta e é possível ouvi-la murmurar alguns trechos quando paro o carro no sinal.

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━━ Chegamos. - Eu digo enquanto abaixo o volume da música.

━━ Eu vou tomar um banho e me jogar na cama. - Ela diz com a voz arrastada.

━━ Comer, Meredith, comer.

━━ Não estou com fome, Andrew. - Ela diz em meio a um sorriso de deboche.

━━ Vai comer sim, qualquer hora você vai cair dura nos corredores por não comer.

━━ Ok, ok, eu vou comer, calma. - Ela ergue os braços em sinal de rendição. - Boa noite, Andrew, obrigada.

━━ Não precisa agradecer a carona, Mer.

━━ Não estou agradecendo a carona, estou agradecendo por você saber. - Eu sei do que ela está falando. Esse é o jeito dela demonstrar as coisas.

━━ Mer? - Eu digo enquanto ela se aproxima da porta da casa.

━━ Sim? - Ela vira pra mim com um ponto de interrogação quase visível na testa.

━━ Nem a Times Square brilha tanto quanto você.

Ela sorri pra mim. Essa frase é de uma música que tocou no carro em uma das caronas até o hospital, ela achou engraçado o jeito que eu cantei e depois disso eu passei a dizer sempre que percebo que ela precisa sentir que é brilhante.  Nós ficamos presos por alguns segundos no olhar um do outro. Ela acena pra mim e entra para dentro da casa. Eu ligo o carro e sigo para a minha.

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Quando chego vejo que tem uma mensagem, é dela. Meu coração dá um salto e eu tento entender o que rolou aqui.

Mer: Obrigada por hoje. Acertou meu chocolate, como voce sabia?  

Andrew: Eu costumo reparar alguns detalhes. Já comeu?

Mer: Vou comer. Boa noite, Andrew.

Andrew: Boa noite, Mer.

E depois disso eu sigo minha rotina noturna, amanhã é mais um dia de trabalho e eu preciso descansar, o problema é descansar a mente sem saber se ela realmente vai comer ou se ela vai conseguir dormir hoje. Eu me preocupo com ela e quero vê-la bem. Depois de comer e tomar um banho, eu sinto o cansaço me consumir de vez e me arrumo para dormir.

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Oi gente, tudo bacana?
Essa é a minha primeira história, perdoem os erros, ainda estou me adaptando por aqui. Espero que estejam gostando. ❤️

A música que foi citada nesse capítulo é: Hey There Delilah - Plain White T's