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Querido Gguk,
Já faz um tempo, não?
Mais uma crise de insônia me pegou.
E mais uma vez estou escrevendo uma carta que nunca chegará em suas mãos.
Eu estava procurando o meu livro favorito (aquele que você adorou e quase roubou meu exemplar) quando achei sua camiseta, uma esquecida no fundo do armário que provavelmente você nem imagina que esteja aqui.
Eu olhei para aquela camiseta e consegui, por um momento, sentir você novamente. Já faz um ano, mas parece que foi ontem que você estava deitado nessa cama enquanto me observava com seus olhos brilhantes e desejosos, explorando, memorizando, ansiando por cada parte de mim.
Observei-a entre os meus dedos, como se ela fosse a única prova concreta de que tudo o que vivemos foi real e a vesti, como antigamente, e pude sentir os seus braços me rodeando e sua voz melodiosa recitando a frase que sempre me deixava sem jeito: "você fica linda demais com as minhas roupas".
Eu sinto sua falta, Jungkook.
Só confirmei ainda mais isso quando te vi na rua ontem.
Você estava lindo, como sempre, estava sorridente, andava despreocupado e carregava algumas sacolas da loja que você costuma comprar as suas roupas.
Foi bom ver que você estava bem, que estava feliz.
De vez em quando ainda me pergunto onde foi exatamente que nos perdemos, seria em nossas brigas bobas? Ou em nossa confusão de sentimentos e inseguranças?
(Essa é a pergunta que eu faço todas as noites em que penso em ti, você também se questiona de vez em quando?)
Muita coisa mudou em um ano, mas no fundo, eu continuo a mesma bola de intensidade de antigamente (a qual você dizia ser totalmente apaixonado).
Eu ainda acordo durante a madrugada e fico em silêncio, olhando para o nada enquanto escuto uma Seul noturna reverberar pelas paredes do meu apartamento.
Ainda há uma dor avassaladora dentro de mim, que penetra em minhas entranhas e me faz miserável, me faz deplorável, me faz só.
Eu infelizmente não fui capaz de cumprir a minha última promessa a você, eu deixei que essa escuridão me engolisse.
Apesar de sermos a mais pura metamorfose, certas coisas nunca mudam, certos hábitos nunca nos deixam, acho que por isso ainda penso tanto em você.
Eu também a vi ontem, Jungkook, vi os seus olhos brilharem como uma constelação, vi as suas mãos entrelaçarem enquanto você sorria, e mesmo do outro lado da calçada, eu pude saber que você a amava.
Porque você olha para ela com a mesma intensidade que olhava para mim.
Você seguiu em frente.
(E me doeu um pouco ver isso).
Porque eu ainda amo você, ainda anseio por tua presença, ainda quero vestir todas as suas camisetas, ainda desejo te amar incansavelmente.
(E mesmo que eu sangre todas as noites, eu ainda assim, não deixo de amá-lo).
É engraçado dizer que essa carta soa como um dos nossos bilhetes matinais, soa como a nossa última noite juntos, como as nossas últimas juras de amor.
(Por que eu ainda não segui em frente?)
Eu deixei que o vento levasse, que o tempo me carregasse, mas por que ainda escuto com o sussurar da brisa a sua voz chamando o meu nome?
(Por que mesmo que eu queira eu não consigo te esquecer?)
Essa é a camiseta que você usou um dia antes do nosso término, um dia antes de decidir (sozinho) que não era bom o suficiente para mim.
Porque apesar de incríveis juntos, éramos problemáticos demais para nos ajudar.
E aquele foi o nosso fim para você, e deveria ter sido o fim para mim.
Um ano.
Um ano apegada as memórias que cultivamos.
Eu deveria estar brava por te ver com outro alguém?
Porque apesar de ter doído, eu fiquei aliviada por ver que você estava feliz, mesmo que eu não faça parte dessa felicidade.
Aliviada por ver que pelo menos um de nós conseguiu vencer a escuridão que nos cercava e lentamente nos devorava. E mesmo que essa carta nunca chegue a você, eu desejo que você seja feliz, Jungkook.
Acho que essa é a minha última carta dedicada a você, acho que esse é o meu adeus definitivo.
Um adeus as memórias que insistem em voltar, um adeus a essa velha camiseta, e por fim, um adeus ao meu primeiro amor.
Você sempre terá uma parte de mim, assim como você disse em seu último bilhete que eu sempre teria uma parte de você comigo.
