Como não me entregar?
Como não me entregar para o desânimo? Para a vontade de me jogar na cama e simplesmente dormir... As vezes, o que me ajuda a não me entregar, é o peso de saber como é se entregar. Nem sempre é só conforto. Não, não é só deitar e descansar. As vezes é a dor latente, que parece eterna e te enterra aos poucos. Você grita, e ninguém pode te salvar. Já ouve dias piores, aqueles que eu gritava e ninguém ouvia. Hoje eles escutam, e também sentem, eu acho. Nem pai, nem mãe, nem noivo, nem irmãs e nem irmão. Nem os cachorros. Podem salvar. Não há o que fazer. Você não pode fazer nada! E quando está na cama, só consegue em pensar na vida que não tem, aquela que acorda cedo, que toma café e cheira o sol. E faz carinhos nas plantas, que contempla o ar durante uma caminhada e que corre. Pensa nos exercícios que poderia fazer, na coreografia que tem para aprender com as irmãs mais novas, os livros que não leu, que não escreveu. Nos desenhos que poderia desenhar, nos te amo que poderia dizer. Mas prefere fingir e lutar sozinha, num campo minado, num campo aonde os tiros vem e você não sabe de onde. E quando sabe, é a sua missão atirar de volta. Isso me faz lembrar da guerra. Ato mais estúpido da humanidade, aonde as mesmas pessoas que reconhecem seu Deus, tem sede de sangue, de justiça. Nem era esse assunto. Então....mas fingir estar bem, melhora? Ontem sim. Hoje eu não sei e amanhã muito menos eu saberei. Fugir não é a solução. Mas hoje, hoje foi o jeito que eu arrumei de fingir...Não pela companhia, ela tá perfeita hoje. Fingir por causa da cabeça que insisti em doer. Quero é logo chegar na parte que eu digo " um café por favor" e ainda que o café piore meu corpo. Ele sacia a minha alma, e limpa a minha mente. Dizem que quando você foca na sua respiração, não consegue pensar em mais nada. Com café é assim, um gole e os pensamentos entram nas jaulas... ENTRAM-NAS-JAULAS. Então, respiro.