*Conto de terror, gatilho para quem tem medo de escuro.
Indicado para maiores de 13 anos
Eu lembrava vagamente de meus pais, era muito nova quando eles morreram e eu e minha irmã mais velha tivemos que ir morar com nossa tia, ela não nos queria ali, nunca quis, mas a pensão recebida era o que a fazia nos suportar. Contávamos os segundos para que minha irmã fizesse 18 e pudéssemos nos mudar, e por isso hoje era um dia feliz, havíamos acordado cedo para que fizéssemos as malas, minha tia parecia mais raivosa do que nunca, disse que deveríamos continuar com ela, mas o que realmente saiu de sua boca e que ela queria continuar recebendo o dinheiro, e esse era um dos motivos para querermos partir, não deixaríamos ela sugar nossa herança.
A busca por um novo imóvel não se fez necessária, não era se quer uma mudança o que estávamos fazendo, e sim um retorno, para a casa de nossa infância, a casa na qual morávamos antes do ocorrido. Ela estava empoeirada, não via uma vassoura há anos, e por mais deprimente que fosse voltar ao lugar no qual morávamos com nossos pais vivos, estar ali me deu um arrepio nas costas de familiaridade.
Não houve discussão na hora da escolha do quartos, minha irmã preferiu o usado como de hóspedes e eu fiquei com o que dividíamos quando menores, o de nossos pais permaneceu vazio, se quer havíamos entrado no tal, a porta de madeira maciça a frente do cômodo se mantinha fechada.
A convivência com minha irmã era fácil, o único motivo para nossas discussões era a luz, ela sempre odiou todo tipo de desperdício, principalmente de energia, então havia se tornado rotina eu sair de um cômodo deixando o interruptor ligado e ela aparecer quase instantaneamente atrás de mim para apagar. Eu dizia esquecer de desligar, mas a verdade é que desde de sempre morri de medo de escuro, uma das poucas lembranças que tinha de minha mãe era dela me abraçando, dizendo que não havia nada a temer na escuridão, e que toda vez que ficasse com medo deveria fechar os olhos e repetir "não tem nada aqui, vai ficar tudo bem".
Eu estava saindo com minha irmã para procurar trabalho para ela, mas percebi que no final das contas apenas a atrasava, então decidimos que eu ficaria em casa enquanto ela o fazia. Era um dia nublado e mesmo pela manhã o céu estava num tom cinza, logo que minha irmã saiu aproveitei para ligar todas as luzes, queria pelo menos por um dia poder sentir iluminação de todos os lados.
De dentro do meu quarto eu comecei a ouvir um barulho seco e curto, quando sai para checar, as luzes haviam se apagado uma a uma, senti minha nuca gelar, gritei o nome de minha irmã, mas não ouvi resposta, então voltei correndo para meu quarto e tranquei a porta, liguei para ela, com meu coração batendo na garganta, mas logo que a tal atendeu me tranquilizou dizendo que no dia anterior havia mandado instalar luzes com detector de movimento, que se apagavam quando não havia ninguém no cômodo, e se desculpou por ter esquecido de me avisar. Fiquei mais calma e me contentei com a luz de meu quarto acessa.
A noite foi caindo e minha irmã não havia chegado ainda quando de repente comecei a ouvir de novo o barulho seco, como plástico sólido batendo, resolvi checar o que era e assim que saí para o corredor percebi que o som vinha de dentro do quarto de meus pais. Decidi que não era hora de hesitar, checaria o que estava acontecendo, até porque provavelmente era um inseto, ou um rato, algo que eu poderia resolver. Engoli em seco abrindo a maçaneta, a porta rangeu de leve, interrompi meu instinto de bater o dedo no interruptor ao me dar conta de que a luz já estava ligada, parecia entranho que minha irmã tivesse dito para instalarem o detector ali também, mas respirei fundo e entrei no quarto, disposta a checar de onde vinha o barulho. Deixei meu celular, que até então estava em minha mão, sobre a cômoda na parede contrária a da porta, e comecei a observar o quarto, tudo parecia tão inalterado, era o único cômodo da casa sem poeira, cheguei a conclusão de que minha irmã deveria ter decidido limpá-lo sem me informar.
Tudo parecia normal e desde que eu entrara no quarto não havia ouvido nenhuma vez o barulho novamente, então decidi sair, logo que fui passar pela porta levei minha mão até o interruptor, e foi então que ouvi, o som seco, era... dali. Não tive tempo para pensar pois meu celular começou a tocar sobre a cômoda na qual eu o havia deixado, liguei a luz, ouvindo o som do interruptor novamente e indo até o aparelho, atender a chamada de minha irmã, que soou desesperada dizendo: "irmã tem algo errado! A companhia de luz me ligou dizendo que alguém desligou o detector de luz de forma manual, ele não está funcionando desde hoje de manhã, saí de casa agora!", não tive tempo de responder pois no segundo seguinte o som seco do interruptor soou e a luz apagou, arfei e em choque derrubei meu celular que quebrou ao chão me deixando na completa escuridão, eu ouvia minha respiração, e meu coração batia no corpo inteiro, fechei os olhos e comecei a repetir comigo "não tem nada aqui, vai ficar tudo bem", quando uma voz cortante sussurrou no meu ouvido "engraçado, sua mãe disse o mesmo" gritei com meu coração na garganta e a ultima coisa que senti foi uma mão tapando minha respiração.
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Link do vídeo:
*Pelo Tiktok: https://vm.tiktok.com/ZSsjc44w/
*Pelo Instagram: https://www.instagram.com/tv/CIZTqiBBKuH/?igshid=w6ll318sdmtg
*O conto é uma adaptação mais detalhado do roteiro do vídeo, eles tem diferenças.
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Contos de uma escritora
Short StoryCada capitulo carrega um conto de temática e universo diferentes, todos criados a partir de roteiros escritos para vídeos de historia (POVs). No final de cada capitulo haverá o link do vídeo, que é a história em formato visual para quem sentir vonta...