Prólogo | Oque é, Oque é? Todo mundo tem, mas ninguém perde?

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10 ANOS ANTES DA QUEDA DA ESTRELA.

Taehyung corria entre os corpos caídos sem vida no chão enquanto segurava firme os braços magros de seu irmão, tentando impedir que visse todo aquela barbaridade, sentia sua respiração falhar e seus olhos arderem, o cheiro que invadia suas narinas era insuportável, tentava achar sua mãe em meio aquela gritaria ou até mesmo seu corpo no chão, procurava desesperado por todos os cantos, murmúrios sem sentido fugiam de seus lábios, até que notou sua respiração acelerada escapando entre seus dentes que rangia com a força colocada na mandíbula.

Andava desamparado sem realmente saber para onde ia, a angustia e o pavor o possuía, seu corpo e sua mente já exaustos. Duas mãos agarraram os dois lados de seu rosto com força e o puxando para trás de uma das carroças tombadas. Focou a visão a vendo o rosto magro com vestígios de sangue de Avelin que também tinha sangue espalhado por suas vestes e mãos, uma parte de seu rosto estava vermelho, mas sua expressão continuava a mesma, sem alguma emoção.

— Oque vocês estão fazendo aqui? — Perguntou com seu olhar afiado, como se quisesse os matar ali mesmo e descartar o corpo.

— Eles levaram o papai, e depois vocês saíram e não voltaram mais e... — Falava Taehyung com o pânico notável em sua voz.

-— Que droga... Eu também estou procurando os dois... — Respondeu desviando os olhos para frente.

Avelin se levantou puxando os dois garotos consigo, os escoltando até um lugar menos perturbador, sempre com a mão no cabo da espada, Avelin controlava a respiração e afastava os pensamentos importunos que trariam sentimentos desnecessários, precisava achar seus pais e manter os irmãos mais jovens vivos.

O som que fazia quando a sola de seus sapatos entravam em contato com o chão era aterrorizante, pensava se aquele som molhada era o sangue de pessoas que lutaram ali a poucos minutos ou somente a água da chuva se encontrando com a terra, Taehyung se obrigava a acreditar que era a segunda opção.

Quando os sons de espadas se chocando e gritos de guerra foi se aproximando, Taehyung sentiu o coração comprimir no peito e seu estômago revirar, esperava o momento que seus olhos parariam de transbordar em lágrimas, e o ar retornasse ao seu pulmão.

Quando chegaram até uma espécie de cabana destruída, Taehyung acelerou os passos bambos encostando as mãos na madeira úmida que antes pudesse ser uma parede inteira, fechou as mãos em punhos forçando as unhas a perfurarem a própria pele, rasgando um grosso tecido de pele derramando o sangue por seus antebraços e manchado as partes de sua camisa já molhada por lágrimas. Tentou focar naquela dor física, aquela sensação ardente, mas não funcionava, a dor emocional se juntava com o pânico e o impedia de se acalmar.

Encostou a testa na madeira sentindo o gelado em contato com a pele, as lágrimas não paravam e parecia não ter previsão para uma pausa. Virou o rosto as pressas para um dos arbustos amassados, vomitando tudo oque comeu naquele dia.

Avelin andou lentamente até Taehyung, erguendo sua cabeça e olhando nos olhos aterrorizados que jorravam lágrimas.

— Está sendo fraco.

— Eu não con-consigo — Puxou o ar com força.

— Seu desgraçado, é claro que você consegue. — Falou Avelin entre os dentes. — Estamos em uma guerra Taehyung, se você não conseguir, você não sobrevive. — Está apenas se machucando, quer se acalmar? Entenda oque está acontecendo na sua cabeça! A dor fisíca pode te distrair por breves segundos, mas se pergunte se realmente vale a pena, está desistindo sem ao menos tentar lutar, recomponha-se ou morrerá.

Taehyung não respondeu, somente limpou as mãos nas calças surradas e enxugou as lágrimas com uma das poucas partes de sua blusa que não estava manchada de sangue, já não conseguia distinguir oque sentia, mas entendia em partes oque a irmã dizia, afinal seu pai sempre lhe disse: Avelin é uma guerreira.

A Queda das Estrelas.Onde histórias criam vida. Descubra agora