Severus Snape
Andava apressadamente pelos corredores, desviando vez ou outra de um dos alunos que passavam por mim. A escola era um lugar barulhento, cheio de vozes, conversas e até mesmo ruídos, mas nada se comparava com a barulheira que havia dentro de mim nesse momento. Estava prestes a me encontrar com James, hoje completaria o nosso segundo mês de namoro e nem em mil anos saberia dizer como a minha relação com meu Ex-rival mudou tanto de uma hora para a outra, mas se eu tivesse que chutar, diria que tudo começou a mudar no começo desse ano, quando voltei das férias eu e Lílian brigamos feio e eu fui me esconder em um pequeno cantinho escondido de Hogwarts para que pudesse me lamentar a vontade, sem o peso dos olhares sobre mim.
Me lembro claramente que naquele dia tudo estava dando errado e que quando James apareceu ali, transparecendo choque e surpresa na expressão ao me ver daquela forma, pensei que ele seria só mais uma das coisas que piorariam a minha vida naquele momento, mas eu felizmente me enganei.
James me deu um bom conselho, conselho esse que eu nunca esperei ouvir saindo da boca do que eu considerava um completo babaca, brutamonte, insensível e sem concerto. Ele me disse que nada dura para sempre e que se eu estivesse pensando em desistir deveria saber que isso não mudaria em nada, só faria com que tudo o que eu vivi até aquele momento tivesse sido atoa e de alguma forma isso mexeu bastante comigo, mas logicamente nunca contaria isso para ele, naquele momento eu apenas me levantei e saí dali, voltando para o dormitório sem dirigir uma palavra para o grifinório, como o bom orgulhoso que sou.
No dia seguinte, fiquei surpreso ao perceber que as brincadeiras de mau gosto dos marotos comigo não haviam acontecido e que por incrível que pareça, o infeliz grifinório que tinha me pego chorando no dia anterior não tinha contado para todos o que viu ou zombado de mim por isso. Suspeitei, suspeitei a tal ponto que comecei a ficar paranóico, esperando que a qualquer momento ele fosse aprontar algo ainda pior do que imaginei e trair o pequeno pedacinho de confiança que eu tinha criado por ele devido aos últimos eventos, e foi ai que eu percebi uma coisa bem óbvia... eu nunca esperei que algo desse certo para mim, nunca acreditei que eu pudesse ter um final feliz igual o das estórias bonitas que vez ou outra eu lia, nunca esperei encontrar alguém em que eu pudesse confiar totalmente e por isso, a possibilidade de Potter estar fazendo isso sem maldade ou um plano para me ferrar nunca passaria pela minha cabeça e nem se essa possibilidade fosse verdadeira e isso fosse bem óbvio, ainda assim, eu nunca acreditaria de verdade, porque tudo o que eu já vivi me fez acreditar que as pessoas não mudam e que nunca me estenderiam a mão. A única que fez isso de certa forma foi Lílian e veja só como estamos.
Fazia um bom tempo em que James e eu não chegavamos muito perto um do outro, apenas trocavamos olhares rápidos sempre que nos encontrávamos nos corredores ou nas aulas conjuntas da sonserina com a grifinória. Confesso que eu o observava mais do que o necessário, sempre buscando-o com o olhar e perdendo o foco quando via o seu belo corpo suado sem camisa depois de um dos jogos.
Lílian e eu tinhamos voltado a nos falar depois da briga, mas não era a mesma coisa, sentia que ela estava mais distante mas não a julgava por isso, sabia que grande parte da culpa era minha, senão toda ela. Lily, sempre foi a "garota perfeita" perante o olhar de todos, ela era bonita, inteligente, grifinória e tinha um coração enorme, todos a amavam e como já era de se esperar, ela foi várias vezes considerada o par perfeito para o Potter, que apesar de tudo era amado por todos, bonito e talentoso, e eu? Bom, eu era o patinho feio da história, não pertencia totalmente a lugar nenhum, nem a Hogwarts, nem a minha casa (se é que eu a posso chamar disso) e se fosse pensar bem, nem mesmo meu futuro me pertencia, não estava somente nas minhas mãos e eu já estava cansado demais de tudo.
Em um belo dia de chuva, eu, um belo azarrado que sempre pensou ser um beta porque não tinha tido um cio na idade em que a maioria tem e nem mesmo tinha feito os exames para saber meu segundo gênero, entro no heat na aula conjunta com a grifinória, me revelando um ômega e saindo correndo da sala. Tentei correr o mais rápido que podia em direção a enfermaria, usando a pouca lucidez que ainda tinha para me concentrar nisso, mas como quase nada para mim é flores, minhas pernas fraquejaram e eu caí no chão duro, sem forças para conseguir me levantar novamente. O cio de um ômega é bem mais intenso do que se pensa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Recomeço - Snames
FantasyAs vezes as coisas mudam As vezes as pessoas se apaixonam E as vezes tudo de que precisamos é um recomeço. -Omegaverse -Snames -Snape Ômega, James Alfa