Capitulo I

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— Papai, como o senhor e a mamãe se conheceram? — Sarada perguntou sentada em meu colo.

— Acho que essa foi a única história que eu nunca te contei... — Pensei um pouco e então sorri. — Essa história é cheia de drama, ação, luta...

— Está tentando me enrolar pra contar mais uma história das suas batalhas, papai? — A pequena me olhou desconfiada.

— Essa não foi apenas minha batalha, foi de sua mãe também... Essa é a história de como sua mãe salvou o Japão...

Eram tempos difíceis no Japão, o país havia sido invadido por um grupo de rebeldes que havia sido expulsos do país, esse grupo estava sendo liderado por um ex militar chamado Danzou, a guerra estava declarada, o imperador não sabia o que fazer, a cada dia ele perdia mais soldados e civis, até que ele ordenou que enviasse um recado às famílias de todo o país, convocando um homem de cada família para lutar na guerra, os filhos assumiram a posição de homem da família e marcaram presença no lugar de seus pais que no passado já haviam lutado na guerra contra a China, mas para aquelas famílias que não tinham filhos homens, o desespero vinha à tona, dentre essas, estava à família Haruno, que não havia gerado filhos homens, apenas uma desastrada garota chamada Sakura.

— Ei! — Sakura me olhou feio.

— Desculpa amor, mas sua mãe me disse que você era um desastre, e seus dias como Sakumo também me mostraram isso — Dei de ombros.

— Eu não era tão desastrada assim — Ela disse emburrada.

— Que tal você contar essa parte da história? — Sugeri a olhando.

— Certo...

Sakura era diferente das outras mulheres de sua vila, ela havia fracassado com a casamenteira cinco vezes. Ela sentia que nunca traria honra a sua família; seus ancestrais deveriam estar se revirando de desgosto no túmulo, e em sua última visita a casamenteira, ela teve a certeza de que jamais traria honra a família Haruno, baseada nas palavras da própria casamenteira da cidade. As únicas coisas em que a rosada era boa, seria contrariar os homens, o que era um grande problema, já que os homens costumavam abominar mulheres que fossem mais inteligentes ou que conseguissem fazer as mesmas coisas que eles; e lutar, desde pequena Sakura foi abençoada com a coragem e determinação para lutar, coisas que muitos homens almejam ter, no início seu pai não se importava, e acha incrível a determinação de sua filha, mas conforme ela foi crescendo, as pessoas na vila começaram a criticá-la e isso fez com que Kizashi a proibisse de lutar novamente, causando grande tristeza a garota, mas como a filha obediente que sempre foi, Sakura acatou as vontades do pai.

Quando o mensageiro do imperador chegou até o vilarejo no qual Sakura morava, e anunciou que os homens das famílias teriam que ir para a guerra, ela sentiu-se tomada pelo desespero, seu pai era debilitado de saúde, e seu joelho já não era mais o mesmo, o homem precisava de uma bengala para se locomover, para o velho Kizashi seria morte na certa quando chegasse no campo de batalha. E ao concluir isso, Sakura fez o que para as outras mulheres, foi algo impulsivo e idiota.

— Papai não pode ir! 

— Sakura? — Kizashi a olhou sem entender enquanto Sakura se colocava na frente de seu velho pai.

— Por favor senhor, o meu pai já lutou bravamente — Ela suplicou olhando para o soldado que entregava as convocações.

O arrogante mensageiro do imperador foi até eles montado em seu cavalo, Hiruzen tinha coragem apenas por sua posição como mensageiro do rei, mas se o jogassem no campo de batalha, ele com certeza fugiria como o covarde que era, e isso não era segredo para ninguém... Nem mesmo para o rei.

— Quieta! — O velho lhe lançou um olhar gélido. — Seria bom ensinar sua filha a dobrar a língua na presença de homens! — O velho falou petulante encarando Kizashi.

— Sakura... Isso é uma desonra — Kizashi desviou o olhar envergonhado.

Sua avó Chiyo, a puxou para tirá-la dali, a mulher de sessenta e seis anos, era a única que apoiava o jeito independente de Sakura.

— Apresente-se no campo de treinamento Hoshi amanhã de manhã — Hiruzen entregou a convocação de Kizashi.

Sakura abominava a ideia de seu pai, o único homem da família, falecer lutando para defender o país, quando nem mesmo o imperador entrava em batalha para defender seu povo, e ela achava estupidez de seu pai marcar presença na guerra, mas para ele seria uma honra morrer pelo país.

— Mamãe, eu não entendi o que o papai tem a ver com essa história — Sarada olhou para Sakura com os olhinhos brilhando em curiosidade.

— Bom... É aqui que as coisas começam a se encaixar filha

Naquele dia Sakura viu seu pai tentando treinar, o que era algo digno de pena, já que mal conseguia se manter de pé sem o auxílio da bengala.

— E o vovô pretendia lutar mesmo assim? — Sarada perguntou e quando Sakura assentiu ela olhou para a mãe indignada. — Mamãe, com todo o respeito, mas o vovô é burro

— As coisas eram assim, filha, o vovô não tinha escolha, mas eu também pensava assim...

Durante o jantar, Sakura se mordia para não dizer nada, mas seu instinto protetor falou mais alto e ela resolveu se pronunciar.

— Isso não é justo! — A garota bradou furiosa.

— Sakura... — Mebuki a repreendeu.

— Há jovens até demais para lutar pelo país

— Para mim é uma honra proteger o meu país e a minha família — Kizashi transmitia uma falsa serenidade.

— O senhor vai morrer pela honra então? — Sakura perguntou.

— Vou morrer cumprindo meu dever! — Kizashi exaltou-se.

— Mas o...

— Eu conheço meu lugar! E está na hora de você conhecer o seu — O homem a interrompeu furioso.

Sakura o olhou espantada, se já não bastasse a opressão pela qual passava nas ruas por seu jeito astuto e cheio de opiniões, agora estava passando em casa, foi demais para ela, Sakura correu para fora da casa e ficou transitando pelo enorme jardim das terras da família Haruno.

E naquele momento, quando as luzes se apagaram, Sakura tomou uma decisão perigosa, que colocava sua vida em risco, mas também que salvaria o país.

Sakura com muito cuidado foi até o quarto de seu pai pegando a convocação que lhe foi entregue, ela caminhou até o salão no qual Kizashi mantinha sua armadura guardada, olhou para a espada reluzente pendurada ao lado da armadura e a pegou, ela tirou a espada da bainha e viu os kanjis "chū/", "isamu/" e "shin/" gravados na espada, eles significam: Lealdade, coragem e verdade.

Respirando fundo tentando encontrar coragem para o que estava prestes a fazer, Sakura com um suspiro sôfrego, passou a espada afiada pelos exóticos fios rosa, cortando seu cabelo, ela o prendeu em um coque bem feito, e vestiu a honrada armadura, antes de sair de sua aconchegante moradia, ela passou no templo de seus ancestrais lhes pedindo proteção na guerra, e para que não fosse descoberta; eram tempos onde mulheres não podiam ser igualadas aos homens, e Sakura estava disposta a tentar mudar isso.

Sakura pegou seu cavalo e saiu rumo ao campo de treinamento Hoshi, com a convicção de que voltaria e honraria seu pai, não como um homem, mas sim como mulher, uma mulher que ajudaria a salvar o Japão.

— Já chega, amanhã terminamos a história filha, está ficando tarde e amanhã você precisa acordar cedo para ir à escola. — Sakura se levantou fazendo Sarada me olhar com um biquinho.

— Desculpe meu amendoim fofinho, mas sua mãe dá as ordens, amanhã quando chegar da escola eu te conto o resto da história

— Promete? — ela me olhou esperançosa.

— Prometo

A Flor de Cerejeira da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora