Prólogo

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Faz dez minutos desde que deixei de pisar na terra para andar pelos corredores tomados pelo eco de meus próprios passos. Desde pequeno, quando sonhava em ser um tripulante da nave Skeld, pensava o quão incrível seria estar aqui. Tantas coisas que poderíamos fazer: cursar a nave, realizar as missões, observar as estrelas de perto e fazer amigos... Mas agora percebi que nada é assim, pelo menos não como eu imaginava. Todos os outros andavam isolados pelos cantos da nave, céticos, virando as costas os olhos para os lados. Os passos eram curtos, mas não lentos, a respiração ofegante e descontrolada. Era como uma caça. Como se alguma coisa os visse e ouvisse de longe e, num piscar de olhos, de perto também...
As luzes da nave piscaram vermelho forte. Num instante, o alarme principal da nave também. O que estava acontecendo? De repente, ouvi passos à minha direção, e estavam mais fortes e altos, não tinha cara de que iriam parar. Eu podia ver, bem no final do corredor... Não... No meio do... Na minha frente! Saí!
- Aí... Minha cabeça! Acho que bati em alguma coisa. Está tão escuro que não vi nada.
Essa voz... Quem é? Abro os olhos e tudo que vejo é um crachá brilhante escrito Rose... Rose! Uma das tripulantes da nave.
- Rose?
- Sim. Sou eu - respondeu desorientada, sem saber para onde olhar - Quem é você?
- Eu sou o... - Simon? Por que não consigo falar? Estou com um pouco de dificuldade de respirar. O que tá acontecendo comigo? Não me diga que minha asma voltou logo agora!
- Quem? Não consigo te ouvir. Só vejo a sua respiração abafando o vidro do meu traje.
- Traje? - estava piorando, me sentia fraco e com um pouco de sono... Talvez...
- Traje? O que tem isso? - Ela pegou do chão um tablet e o ligou. - Droga! Rachou a tela quando caiu. Ei, tudo bem com você? - Mal consegui ver as luzes vermelhas quando ela virou a tela em busca de respostas. Estava quase dizendo boa noite.
- Aí, meu Deus! Você está sem o traje, e a nave está sem oxigênio. - Meus olhos se fecharam, estava tão escuro, porém tranquilo, não queria abri-los nunca mais. Estou tão relaxado aqui não sei onde... Inadvertidamente uma sensação estranha e bastante... Asfixiante, eu diria? Espera, eu tô sufocando? Uma luz.
- Ah! - Parecia que tinha acordado de um pesadelo, estava ofegante, quase sem ar e num surto de adrenalina. - O que aconteceu?
- Calma! Aconteceu alguma coisa com o oxigênio da nave, pois toda a ala leste está apresentando problemas. E ainda por cima você estava sem o traje e quase morreu agora, se não tivesse pegado um traje extra desse tal de Simon, estaria morto.
- Esse traje é meu. Eu sou o Simon.
- Então por que não pegou antes?
- Porque não pensei que íamos ficar sem ar pouco tempo depois de entrarmos na nave. Nós nem decolamos ainda.
- E nem vamos se não arrumarem o oxigênio e a energia. - Rose olha seu tablet e o estado de energia da nave. - Aí, não!
- O que foi? - Me aproximei dela e da pouco luz que a tela emitia.
- Skeld está sem energia para poder iluminar as salas e ativar as portas. - Ela passa a tela para o lado e vê os dano na nave, que não são bons. - Se não consertarmos a energia, a nave não irá mais funcionar. Já estamos usando as nossas baterias reservas.
- Mas e toda a carga acumulada?
Rose checa o estado da energia outra vez.
- Não tem mais nada. Acabou.
- O quê?! Mas devia durar pelo menos uns trinta anos! Não pode ter acabado. - Aquilo não estava certo. Alguma coisa não se encaixa.
- Não era para ter acabado, mas temos problemas maiores agora. - Ela ativa a lanterna do tablet e ilumina parcialmente o corredor. - Preciso ir até a elétrica consertar todo esse estrago.
- Ok. Então vamos.
- Como assim, vamos?! Eu vou sozinha. Não confio em você.
Droga. Por que ninguém confia um no outro aqui? Em situações como essas, é necessário.
- Eu vou com você. Não vou te deixar sozinha no escuro, e, além disso, vim para cá por um motivo. Então me deixa ajudar.
Rose não parecia ser alguém que cedia fácil às coisas, porém era esperta e sabia que precisaria de alguém que iluminasse seu palco para ela brilhar.
- Ok. Vem por aqui.
Ela é uma das melhores eletricista da nossa geração, por isso foi a primeira a passar no teste para a missão. Todos são os melhores que temos, todos têm sua função aqui. Rose, a eletricista; Safira, a enfermeira; Thomas, o piloto; Petra, a química; Rory, a cozinheira; Blake, o cara que cuida dos arquivos da nave; Hari, a moça da rádio; Vicent, o mecânico; Paiper cuida das armas, e eu, Simon... O que eu faço? Nada... Então como passei no teste?
- Estamos quase na elétrica, Simon.
- Ah, tá... Que bom...
- Nossa, que desânimo. Nós vamos salvar a nave!
- É, tem razão. Vamos salvar a Skeld! - talvez, só talvez, ajudar alguém a fazer um bem comum me distraía um pouco dos meus pensamentos. Ou não. Ah, droga! Por que eu tenho que pensar em tudo e analisar tudo que vejo?

Among Us - The SkeldOnde histórias criam vida. Descubra agora