É Perigoso Lá Fora

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   Quando estava começando a amanhecer, eu já estava exausta, não consegui fechar os olhos nem por um minuto; pelo bairro ainda escutavam-se gritos e pela janela vi as cenas mais horríveis que se pode imaginar: pessoas sendo degoladas, crianças mortas pela rua e sangue por toda parte. Ao notar que eu estava na janela, Darin me pegou e me deitou com ele, tampando meus olhos e dizendo que no dia seguinte as coisas estariam mais calmas. Ele conseguia perceber meu medo, meu coração batendo forte e minha falta de ar, então me segurou mais forte com um dos  braços e com a outra mão impediu minha respiração, me fazendo desmaiar para que dormisse.
   Quando acordei, ele não estava por perto, então me aproximei da janela, perto da casa, quase no meu jardim, vi um antropomorfo ainda mais assustador que o Darin. Sua boca e corpo estavam cobertos por sangue e ele terminava de mastigar a cabeça de uma mulher. Fiquei paralisada e seus olhos foram de encontro aos meus, neste momento, corri para o andar de baixo e trombei com Darin, que me abraçou e ao ver meu semblante e corpo trêmulo, perguntou o que tinha acontecido; abri a boca, mas não saiu sequer uma palavra...
   Antes que ele dissesse algo, chegaram outros antropomorfos, pareciam ser seus amigos. Aimee, outra "humana" com lobo, se abaixou próximo a mim e disse à Darin:
- Aimee: Você encontrou uma humana bonitinha, Darin. (Enquanto segurava forte no meu rosto)
- Darin: Está a assustando, chega disso.
- Aimee: Que tal fazermos uma troca? Tenho ótimos brinquedos para essa aqui... (Soltando meu rosto e puxando minha camisa para baixo, fazendo com que meus seios ficassem à mostra)
   Quando Aimee fez isso, tentei cobri-los e Darin levantou-a pelo pescoço até sua altura, dizendo:
- Darin: Não vou repetir.
- Aimee: T... tá bom, já vi que se apegou ao seu pet. (Falando de um jeito sarcástico, com uma voz falhada e sem ar)
   Darin sentou-se e me colocou em seu colo; enquanto avisava meu cabelo, conversava com os antropomorfos. Todos agiam com a naturalidade de quem morava ali há anos...
   Depois de algum tempo, Darin me deu  uma caixa de pizza e falou que precisaria sair.
- Darin: Você não pode sair desta casa, lá fora está cheio de antropomorfos e você sabe o que podem fazer com humanos. (Enquanto ele falava, trancava todas as janelas e portas)
   Eu me esgueirava próxima das paredes para ficar longe dele.
- Darin: Aqui dentro você está segura, nenhum deles vai entrar. (Se aproximou de mim, enquanto eu me abaixava no canto da parede sem saber o que ele faria, e beijou minha testa)
   Depois que ele saiu, peguei uma faca e comecei a serrar a parte de madeira da janela, mas a faca se desprendeu da madeira e fez um corte profundo na mão que eu estava usando para alinhá-la. Então, peguei um enfeite de mesa e usei ele para quebrar o vidro, me rendendo mais alguns cortes ao passar pela janela.
   A casa do meu vizinho parecia estar vazia, corri até ela e entrei por uma porta que estava aberta. Lá dentro, ouvi um "psiu"; por sorte era meu vizinho Anthony e sua filha Emma, de 10 anos; me escondi junto a eles no sótão e abracei-os com força. Foi um alívio tão grande ter encontrado humanos depois de tudo que aconteceu, mas pouco tempo depois, ouvimos passos pesados e vagarosos... olhei por uma greta e meus olhos se encheram de lágrimas; meu corte tinha deixado uma trilha de sangue que chegava até nós, foi então, que sem falar nada, saí do sótão para que o antropomorfo não viesse e encontrasse Emma e Anthony. Comecei a correr e ouvi, atrás de mim, aquele ser começar a me perseguir; ao sair da casa, aquela coisa conseguiu fincar um de seus espinhos em minha mão, me prendendo ao chão. Gritei de dor e Darin, que já estava me procurando, pegou o antropomorfo e o derrubou; enquanto o socava, aquela coisa reagia perfurando seu corpo com os espinhos. Depois de algum tempo, o animal parecia morto, então Darin me pegou no colo e trouxe de volta para casa.

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