𝐷𝐸𝑆𝑇𝐼𝑁 - 𝑀𝑖𝑐𝑘 𝑆𝑐ℎ𝑢𝑚𝑎𝑐ℎ𝑒𝑟

• 𝑚𝑎𝑚𝑚𝑎 •

27 / 10 / 2005

Toco a campainha três vezes e ninguém vem atender a porta.

Estou quase convencida de que a melhor opção é jogar pedras na janela ou gritar o nome de Mick ao lado da janela do seu quarto. Ou jogar pedras enquanto grito seu nome.

Antes que eu decida ir até o outro da rua buscar algumas pedrinhas no quintal da senhor John, ouço passos até a porta. E ela se abre.

- Bom dia? - Michael está parado com os braços cruzados e uma expressão de quem odeia uma menina de 9 anos.

- Bom dia, tio! - digo e vou entrando. Passo por ele tão rápido que quase nem vejo para onde estou indo.

Encontro o corredor até a sala de estar e vou em direção ao enorme e confortável sofá que tem um cheiro de rosas que eu amo. Fazem lembrar minhas bonecas de morango.

Tento ficar confortável no enorme sofá enquanto balanço minhas perninhas curtas, já que meus pés não chegam até o chão.

- O que faz uma criança de 9 anos vir até minha casa às... - ele olha para o relógio e ergue as sobrancelhas. - 07:15 em ponto da manhã?

- Uau, meus cálculos deram certo mesmo. - eu sorrio para ele e empurro meu óculos um pouco mais para cima. - Queria sentar nesse lindo sofá exatamente as 07:15, sabia?

Ele segue me olhando com uma cara de paisagem e os braços cruzados novamente em frente ao corpo.
Até ouvirmos passos do corredor e eu rezo para que seja o Mick.

Mas é a Corinna.

- Olá, bom dia? - ela ergue uma sobrancelha quando me vê sentada em seu sofá com uma maleta de ferramentas e um sorriso no rosto. Então olha para o marido e sua expressão se transforma em um simples e enorme sorriso. - Bom dia, amor. O que ela está fazendo aqui e porque não está tomando café?

Minha barriga responde imediatamente à palavra "café" e emite um som estranho. Sei que significa que estou com fome. Na correria de buscar minhas coisas na garagem, eu até esqueci de comer uma maçã.

- Então, tia - levanto rapidamente do sofá e corro até a cozinha com ela. -, na correria de ir até a garagem para pegar minhas ferramentas e vir para cá, percebi que não sabia onde estava minha caixa de ferramentas, então... - Michael senta ao meu lado na bancada e fica me observando com a mesma cara de paisagem. Até me interromper.

- Suas ferramentas não deviam estar dentro da sua caixa de ferramentas? - Corinna segura o riso enquanto faz o café.

Faço uma expressão séria e me sinto irritada por ter sido interrompida por uma pergunta tão idiota.

- Como eu estava dizendo - desvio o olhar para tia Corinna de novo. -, minhas ferramentas...

- É que você sabe que o melhor lugar para ferramentas é dentro de uma caixa de ferramentas, já que o nome da caixa é "caixa de ferramentas". - eles riem.

Não seguro o riso também mas ignoro sua piadinha.

- Resumindo: eu aceito o café! - sorrio para ela e ignoro mais uma vez que o tio Michael está tentando me irritar. Apesar de amar esse jeitinho dele, estou com fome. E com fome fico irritada.

•••

Acordo com o barulho do meu celular tocando e percebo que ouvi esse som o meu sonho inteiro. O que significa que faz algumas várias horas que está tocando.

Passo a mão pelo rosto para tentar me manter mais acordada e ao mesmo tempo fingir que não tive outro sonho com algo que vivi na infância. Especialmente algo que vivi com o Mick.