→ 𝙿𝚛𝚎𝚕𝚞𝚍𝚒𝚘

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| Uma estrada torturosa é regada em nossos caminhos cheios de ambições, medos e tremores.

Podemos imaginar uma bela floresta em seu ápice do outono inspirada nas dos contos de fadas mais clichês já lidos e ouvidos. A cada andar sobre as secas folhas alaranjadas caídas no chão, barulhos de galhos quebrando se ecoam pelo local, pássaros alegres de cores vívidas esvoejavam sobre sua cabeça como se estivessem se comunicando por meio de cantarolares vibrantes. As árvores estão repletas de galhos secos com algumas flores em seu processo de secagem, os troncos grossos enfincados na terra trilhavam um caminho reto para o que parecia ser um lago... Um lindo e extenso lago azul cheio de patinhos nadando e algumas flores aquáticas, o sol estava no alto enviando raios solares para as águas que brilhavam em agradecimento, tudo era lindo!

Ao se aproximar do lago, você percebe que tem algo de estranho ali. Mirando um olhar focado para as águas, tentando enxergar seu fundo que não era tão escuro, você vê algo se movendo lá embaixo...

Parecia estar em desespero. A coisa se movia no fundo do lago deixando alguns rastros para trás como se fossem gosmas, e estes resíduos se transformavam em outras coisas que se moviam igualmente à primeira... E todas tinham a mesma ação em comum de deixar seus rastros para trás... Era como um vírus, uma bactéria pegando forças no fundo daquele lago e se espalhando rapidamente até tudo lá embaixo estar completamente tomado pelas gosmas que agora você notou serem pretas.

Aos poucos aquelas gosmas iam se aproximando da superfície, e, pelo olhar periférico, você conseguia ver os animais a sua volta se desesperarem tentando, com toda sua rapidez, saírem de perto do lago que tinha suas bordas começando a ficarem escurecidas como se estivessem apodrecendo. O sol foi coberto por nuvens que pareciam estar carregadas de chuva, o ambiente a sua volta foi se tornando sombrio a cada segundo que passava, as árvores foram se retorcendo para proteger seus animais e o brilho que a floresta tinha quando estava no começo, simplesmente se esvaiu...

De repente, um grunhido estridente ecoa do lago e, no segundo seguinte, água é esguichada para todo lado molhando boa parte dos arredores. Ao olhar para frente, você vê aquela criatura que antes era pequenina em relação ao lago agora tomar conta de quase toda a água contaminada pelas gosmas pretas que borbulhavam onde estavam. A criatura não tinha forma, não tinha olhos nem nada, era apenas uma média torre que expelia gosma preta. Prestando atenção, você percebe que pequenos sussurros indecifráveis saíam daquela coisa, sussurros que na verdade pareciam diversas histórias embaralhadas sendo contadas ao mesmo tempo...

Algo lhe hipnotizou, seu olhar não conseguia se desviar daquela criatura, do preto vivo que banhava aquela pseudo torre de aproximadamente três metros de altura, você começa a observar cada gosma percorrendo seu caminho para baixo e um pensamento estranho tomou sua cabeça: parecem lágrimas... Muitas lágrimas.

E focando nisso, seus olhos se voltam para o topo da criatura que parecia lhe fitar com uma áurea instigante e indecifrável, era como se ela quisesse que você a desvendasse... Quando uma gota de gosma abundante apareceu no topo da criatura, os sussurros ficaram mais altos, você agora consegue entender um pouco, apesar do medo ainda tomar seu corpo, a gota caía lentamente pelo corpo da gosma e enquanto isso, um único sussurro foi se sobressaindo... Foi ficando mais nítido, mais intenso... Mais chamativo... Até que tudo se apagou e apenas uma voz pode ser ouvida naquela escuridão que você entendeu que estava repleta de dor e sofrimento... A voz era chorosa e trêmula, ela ecoava no meio da escuridão se tornando a única...

"- Olá? Tem alguém aí? Alguém me ouve? Por favor... Eu não aguento mais... Essas... Essas memórias me corroem todos os dias, e eu não aguento mais vê-las... Isso dói muito... Eu vou lhe contar..."

E então, você dorme e sua mente é tomada por uma espécie de livro e a sua visão esta mirada para as frases daquela folha alaranjada...

Eram partes de uma história... Uma não, várias e várias histórias, seu olhar se foca no primeiro trecho...

A minha história.

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