Você é minha luz, ou inevitável escuridão

Melanie 3

- Eu falei que ela ia ficar brava. - Lilya ri com o próprio comentário.

- É sério, o que aconteceu? Como que já estouraram o limite?- Pergunto atonita.

- Bem.- Carla recupera a postura e começa a falar, parece um robô. - Ouve um grande gasto para sequestrar o príncipe, e um gasto ainda maior ontem quando os capitães nos entregaram a lista de armamentos novos, perdemos muita coisa para trazer o príncipe aqui. - Ela toma fôlego.- E me desculpe por isso mas, a senhorita tem dado muito luxo para os integrantes, com as festas de boas vindas, presentes, e passeios, nós deveríamos usar esse dinheiro para o bem da causa e não para...- ela diz tão baixo a última parte, não fui capaz de ouvir.

Barbara e Lilya a advertem com o olhar, elas notam minha cara de confusa, e disfarçam voltado para suas tarefas. Finjo não notar, e começo a traçar o novo plano para os gastos.

❖

Parece que estou aqui a décadas, mas finalmente "acabei", Bárbara e Carla já não estão mais na sala, restando apenas eu, Lilya e meu cansaço.

Me levanto e vou até a loira que lia um livro encolida no sofá, me jogo e apoio a cabeça em seu colo, antes de cochilar ouço a resmungar algo como "Sua folgada".

Segundos se passaram, pelo menos é essa sensação e sinto alguém cutucando as minhas costas, me viro abrindo os olhos lentamente, Lilya me encarava esboçando um sorriso travesso, na verdade estava rindo de mim.

- O que foi? - resmunguei ao me sentar, me espreguiço com cuidado para não acerta o braço da loira.

- Sua cara- Diz entre risos, uma pausa para se recompor. - Um soldado veio dizer que o príncipe está reclamando de dor, e como você os proibido de "tocar-lo" ele não recebeu os devidos cuidados.

- Pelo Amor, eu tenho que desenhar? Quando disse "toca-lo".- Faço aspas com os dedos. - Quis dizer machuca-lo.- Bufo.- Estou cercada de inúteis.- Me levanto bruscamente, vou para uma porta ao lado de minha mesa, que revela um banheiro espaçoso mas nada luxuoso.

Prendo meu cabelos em um coque, me dando total visibilidade de minha cara amassada, rio da cena, abro a torneira e lavo meu rosto com delicadeza, seco, e saio do banheiro. - Vamos lá resolver o que esses idiotas não foram capazes. - Vou até ela é lhe ofereço a mão. - Madame. - digo brincalhona.

- Com todo prazer.- ela segura a minha mão e ri comigo.- descansou?.- Sua preocupação é quase palpável.

- Não tanto quanto gostaria, mas estou melhor do que antes, apesar de xingar todos estou de bom humor agora.- Abro a porta e saímos do cômodo.- Vocês tem me ajudado muito, obrigada por cuidarem de mim.

- Tô até agora esperando meu salário, Sou babá de graça não meu anjo. - pronuncia em tom de deboche, dando ênfase em Babá. - Você me salvou, devo muito a ti.

- Você me salvou primeiro.- Um riso fraco acompanhá a frase.- Não te salvei, eu acabei com a sua chance de um final feliz, fui imprudente... Me desculpa. E-eu, eu sei que já disse isso antes, mas, juro que na época achei que fosse o melhor, mas hoje penso e se ele mudasse? E se fosse realmente o cara certo, e estraguei tudo? - Minha respiração está acelerada, sinto que falta oxigênio no corredor.

- Nós sabemos que ele não mudaria, e você me salvou de um cara idiota, me salvou de um relacionamento abusivo, Acabar com a nossa conexão foi o melhor a se fazer, não te culpo por isso.- Ela diz isso com uma naturalidade absurda, então preciosa o botão do elevador e se cala.

- Mas agora você não tem Alma gêmea!- Friso, aguardo que ela concorde e me xinguei mas não o faz, ela nunca faz e isso me frustra, em vez disso me abraça e sussurra.

- Muitas pessoas não têm alma gêmea e são felizes, eu dei sorte de a minha ser meu vizinho, conhecê-lo antes de criar expectativas foi muito bom, me poupou de muitas dores.- Ela entra no elevador me puxando junto.- Então pare de se culpar já passou, e outra eu nem gosto de homem hoje em dia, isso foi uma benção não acha?

- Talvez seja mesmo. - pressiono o botão que da para o andar inferior e assim as portas se fecham e se abrem em um piscar de olhos.

Andamos até a primeira porta do corredor, coloco minha mão sobre a maçaneta e visto minha máscara de indiferença, não mostrar é um passo importante para que o adversário não te conheça. Abro a porta adentrando o cômodo. Ele é grande com uma decoração simples mas sofisticada até, era o meu antigo quarto, antes de me tornar líder, tem paredes beje, uma cama grande entre duas janelas, gostava de sentar na cama e observar o lado de fora, o vento fresco era uma das únicas coisas que me acalmavam, agora as janelas estão fechadas por causa do tempo fechado, uma forte tempestade assola as janelas de vidro. O príncipe Charles se encontra sentado na pequena escrivaninha que fica no canto oposto a janela, ele lê um livro e faz anotações em uma pequena folha, vejo que descobri-o me antigo esconderijo de livros.

- Alteza! Nossa líder veio te ver. - Lilya proclama, o moreno enrijece no lugar, e pousa seus olhos nos meus. Desvios o olhar de seus fortes imãs verdes para os olhos castanhos da minha conselheira.

- O título dele não é nada aqui, então dirija -se a ele como Charles apenas, ok? - Ela acente, volto a olhar para o príncipe. - Fui informada que está sentindo muita dor, correto?

- S-sim.- Ele abaixa a cabeça, acho que não queria que visse o rubor em suas bochechas.

- Vou cuidar disso.- Aponto para um canto do cômodo. - Querida, peque para mim o kit de enfermagem naquela parede.- A loira faz o que mando, pressionando a parede que recua mostrando duas prateleiras, ela pega o kit e fecha a parede novamente, traz até mim a pequena caixa.

- Obrigada, Charles retire a camisa. - Ordeno.

- Nos conhecemos a menos de um dia e você já quer me ver sem camisa de novo? - reviro os olhos, ele ri da minha reação. - Onde eu fico para facilitar o seu trabalho? - O moreno retira a camisa, me deparo novamente com seu abdômen esculpido, meu coração acelera.

Me aproximo cautelosamente dele, sinto borboletas no estômago, um nó na garganta, parece que meu coração vai saltar para fora, perdi a fala. O que ele esta fazendo comigo?