IV

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Na manhã seguinte, Riele abriu os olhos e encarou o teto branco enquanto seu cérebro acordava e processava as informações.

Os fatos.

Os acontecimentos.

A memória da noite passada que a amedrontou invadiu sua mente e seu "alerta corporal" ligou.

Sentou-se rapidamente na cama, olhando em volta para ver se tudo estava em seus devidos lugares, peças de roupas, vidros, malas, móveis... tudo estava certo mas o silêncio que havia na casa, a deixava preocupada.

De repente ela se assusta com uma batida na porta, levantou-se rapidamente pegando um vaso de flor sem flores e se preparando para o ataque.

"Quem é?"

"Jace" ouviu a voz melodiosa que soava do outro lado da porta e soltou sua respiração baixando a guarda.

Largou o vaso onde foi pego e destrancou a porta, abrindo-a e vendo seu suposto irmão com olheiras, cabelos desgrenhados e uma bandeja recheada de coisas deliciosas para o café da manhã.

Ela abriu espaço para que ele adentrasse no quarto.

"Só vim deixar seu café" Disse pondo a bandeja sob a cama e quase saindo porta à fora.

"Quer comer também?"

O clima estava pesado e estranho, como quando você briga com sua mãe e tem que passar por cima de seu orgulho para fazer as pazes.

Ele assentiu sentando-se na cama de edredom lilás.

"Você está bem?"

"A questão agora é você, não parece nada bem"

"Não costumo dormir direito quando ele bebe"

"Tem muito tempo que ele bebe?" Perguntou levando em boca um grão de uva.

"Desde que mamãe morreu. Ele não soube lidar com a perda e descontou tudo nas bebidas"

"Quando isso aconteceu?"

"Eu tinha 4 anos, há 14 anos."

Enquanto ele contava os acontecimentos, sua mente viajava para o dia em que seu mundo acabou, como se estasse vivendo aquilo naquele exato momento...

"Não lembro bem mas foi em uma noite, estava em meu quarto e ouvia a discussão deles, gritos e barulho de vidros sendo estilhaçados. Mas quando me dei conta, não ouvia mais a voz da mamãe, só do papai gritando pra ela aguentar firme.

Eu desci as escadas desesperado, quando encontrei os dois, ela estava no chão, não se mexia, não falava, apenas tremia dura no chão.

Um tempo depois, a ambulância chegou e levaram-na ao hospital mas ela não resistiu e morreu de AVC."

"Porra, sinto muito"

"Relaxa, tá tudo bem" falou levando em boca  o copo de suco de limonada recém preparada.

"Quando ele beber novamente, a única coisa que quero que faça é se trancar no quarto e não sair por um bom tempo" Ele a avisou.

"Tudo bem"

"Ele é legal quando não está intupido de álcool, não precisa ter medo"

"Não vou" lhe deu um meio sorriso.

"Que bom"

"Planos de hoje?" Mudou de assunto.

"Primeiro vamos comprar roupas, coisas que você irá precisar e materiais da escola"

"Perfeito"

Conversaram sobre coisas banais enquanto terminavam seu café da manhã em meio a sorrisos e gargalhadas.

Unlikely loveOnde histórias criam vida. Descubra agora