lemon pie

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Conheci você na loja, o sol estava ficando quente, eu estou sozinho
Eu estou na cidade por conta própria
Nunca teria pensado que
você seria o único
Mas é assim que acontece
Eu estou alcançando o nirvana
Adeus querida Ruanda
Para sempre é muito tempo

Meu jeans azul
Vai durar por toda a minha vida


*Zayn_*

Minha visão turva me impossibilitava de enxergar bem as cartas em minhas mãos. Aquela provavelmente era a sétima mesa de poker que eu frequentava em apenas 9 dias. Até ali já tinha perdido praticamente todo o dinheiro que tinha, não era muito, mas suficiente pra fazer planos de futuro ao lado de Harry.

O meu Harry... Já não via aqueles olhos verdes a dias e sentia um aperto no peito só de lembrar. Eu queria estar com ele, mas estava com medo, com vergonha. Eu queria poder voltar para ele com muita grana, queria poder dar um palácio para ele, poder dar todo o conforto que ele merecia. Mas agora eu estava sem nada.

Um corpo e uma mente fraca, era isso que eu era.

— Malik? É melhor ir pra casa, você não está bem.

Largo as cartas na mesa e dou uma última golada na bebida do meu copo, levantando da cadeira levemente tonto, percebendo os olhares de todos em mim. Olhares que eu não conseguia identificar, mas certamente eram de pena.

Caminhei para fora daquele cassino clandestino me segurando nas paredes até conseguir encontrar a luz solar. Um dia de céu aberto em Londres, mais um dia em que eu não fazia a mínima ideia do que fazer, do que iria acontecer. Estava sem rumo nenhum.

Sentei em um banco de praça e tirei tudo que tinha dentro dos bolsos. Meu celular sem bateria, poucas notas de dinheiro, um recibo de todas as diárias de hotel que fiquei hospedado nos últimos dias, meu cartão de crédito agora bloqueado, uma carteira de cigarro com esqueiro e... Uma faca. Olhei para aquele objeto e pensei diversas vezes antes de tomar uma decisão.

Eu não queria precisar roubar, mesmo já tendo feito isso tantas vezes sem hesitar. Nem eu mesmo me reconhecia.
Andei de um lado para o outro, caminhei entre as árvores do parque até colocar meus olhos em uma loja de conveniência que ficava ali perto. O movimento era calmo, não haviam muitas pessoas circulando, era um momento bom para entrar lá e pegar o máximo de dinheiro possível.

Olhava para a faca e voltava meu olhar para o estabelecimento. Respirei fundo e decidi caminhar até lá, atravessando o parque e a rua logo depois. Parei na frente da porta de vidro e olhei para dentro do lugar. Havia apenas uma mulher com uma criança e um rapaz jovem que atendia no caixa. Respirei fundo, dei dois passos para trás e sacudi a cabeça em negação.

Estava com nojo de mim mesmo, mas precisava daquele dinheiro sujo. Eu precisava entrar lá, mesmo sabendo que iria me arrepender.
Tomei coragem e empurrei a porta de vidro, já tirando a faca do bolso e mirando no rapaz e na mulher que de imediato tomaram um grande susto.

Z: Me passa tudo, agora. Anda!

Minha respiração era descontrolada, meu estômago se embrulhado mais a cada segundo que passava. Tinha um olho nas mãos trêmulas daquele garoto e o outro na porta para me certificar de que nada daria errado e ninguém entraria ali. O suor escorria na minha testa até o momento em que eu consegui pegar a sacola com o dinheiro e sair dali.

Caminhei em passos longos e me enfiei em um beco na procura de algum traficante que pudesse me vender qualquer tipo de droga que tirasse aquele sentimento ruim do meu corpo.

Eu estava perto de fazer aquilo, até lembrar de Harry. Ele não me deixaria fazer, ele sentiria vergonha de mim por tudo isso. Naquela mesma hora lembrei do dia em que roubamos coisas na loja e ele fez questão de voltar e pagar por tudo que pegou.

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