Capítulo 7

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Algumas semanas haviam se passado, eu por fim, consegui um tempo para ver minha família, e isso me alegrava imensamente.
Acordei super cedo, para assim chegar em casa o mais rápido possível. Logo que saí do prédio, vi um carro preto, e ao caminhar, a janela do automóvel abaixou-se, logo fazendo com que eu observasse Ming, que sorria largo.

- O que faz aqui?- perguntei, o olhando.

- Eu soube que você foi liberado, e advinhe? Eu também. - apenas suspirei baixo. - Bom, como está indo para sua casa, posso te levar?

- Não. Eu tenho o meu carro. - respondi.

- Por favor, P'Kit! Eu nunca te pedi nada!- ergui uma sobrancelha, e ele sorriu sem jeito. - Hoje eu não te pedi nada.

Suspirei, indo para o lado do passageiro, coloquei minha mochila no banco de trás e sentei no banco da frente, olhando para o amorenado.
Ele apenas deu um grande sorriso e eu olhei através da janela. Ming logo deu partida, porém, não falávamos nada, afinal, eu não queria conversar.

- Como é sua família, P'? - olhei para ele, assim que ouvi a pergunta. Parei por um tempo, para poder pensar e nisso ele me observou rapidamente, antes de olhar para a pista.

- Normal. Meu pai trabalha e minha mãe tenta cuidar de casa. Tenho um irmão cirurgião e uma irmã formada em psicologia. - olhei para meus dedos, enquanto os mexia. - E você?

- Tenho um irmão mais novo. - ao olha-lo, Ming parecia calmo. - Meus pais trabalham fora, então meu irmão fica com meus avós. - assenti, voltando a olhar através da janela.

(...)

A viagem toda, fomos em silêncio. Chegamos em casa pelo fim da tarde e eu olhei para Ming, que estava a me observar.

- Obrigado por ter me trago até aqui.- disse baixo.

- Sem problema, eu moro perto. - ele respondeu e eu continuei a observa-lo.

Ming não deixava com que nossos olhos, mudassem a direção. Pude sentir o corpo do mais alto se aproximar bem devagar.
Meu corpo parecia que tinha ficado estático, estávamos a um centímetro de findarmos aquele ósculo. Entretanto, ouvi uma porrada leve no vidro, que nos fez dar um pulo, e por fim, tivemos que se afastar. Dava para ver Prew através do vidro e ela parecia super irritada.

- Preciso ir.- avisei a ele.

- O que ela faz aqui?- ele segurou meu pulso, e eu apenas levantei os ombros. Eu também não sabia, então o que eu falaria a ele.- Tudo bem. Ligo mais tarde.

- Vou esperar.- após responde-lo, franzi o cenho e ele riu.

Eu sai do carro, com minha mochila em mãos, Prew estava me olhando com uma cara horrível e eu apenas entrei em casa, indo para o meu quarto. Eu estava cansado, e estressado por ela estar ali, já que não tinhamos mais nada, desde semana passada.
Sim, eu decidi terminar com ela, após ver que a cada dia, eu deixava de gostar dela. Ela também não gostava de mim, então por quê estavamos juntos ainda?
Prew não aceitou o término de bom agrado, tanto que acabei sendo o errado.

- Não vai me dizer por quê veio com ele?- ela bateu a porta do quarto e eu a olhei.

- Não estamos mais juntos, por quê quer satisfações?- tirei minhas roupas da mochila, as deixando em cima da cama. - Afinal, o que faz aqui?

- Sua mãe me ligou. Disse que queria ver a namorada do filho. - ela ajeitou a bolsa.

- Você não é mais minha namorada. Ainda não entendeu?

- Ok.- ela sorriu sarcástica.- Mas o que seus pais vão pensar sobre você namorar um cara? - ela ergueu a sobrancelha, e eu não pude falar nada. - Eu não ousaria me por para fora daqui.

- Você é maluca? - passei a mão em meus fios.- Eu não namoro ninguém.

- Não foi o que eu percebi dentro daquele carro. - ela virou as costas, me fazendo bufar.- Pense bem, não vai ser bom que seus pais descubram, que você é gay.

Vi ela abrir a porta do quarto e sair. Ela me deixou sozinho naquele quarto, pensando. Tinha medo do que meus pais falariam sobre isso, eu não podia vacilar e Prew parecia ter várias cartas, as mesmas que acabariam comigo, se eu tentasse a por pra fora.

Assim que ela voltou ao meu quarto, suspirei cansado, a garota por vezes tentou me agarrar e me beijar, mas não queria aquilo, então apenas inventei uma história bizarra de que eu não estava preparado para tentar algo a mais com ela.
Bom, não era mentira. Nunca me senti atraído por Prew, ela era linda, fofa, educada, mas ao mesmo tempo era manipuladora, chantagista, mimada e de certa forma chata, insuportável e eu a detestava por ter se mostrado tão podre.
Não que eu já não soubesse, mas naquele tempo eu estava louco por ela, e agora eu nem queria ter alguma coisa relacionada a namoro com Prew.
Enquanto eu mexia no celular, Prew foi para a janela conversar com alguém, pude ouvir um pedaço da conversa e notei, que alguém queria a ver com rapidez.

- Kit, irei ter que ir embora. - ela se aproximou falando. - Meus pais estão precisando de mim.

- Ta bom, boa noite. - falei, sem olha-la.

Prew apenas saiu e eu suspirei aliviado. E do mesmo jeito que ela foi, não demorou para que alguém entrasse no meu quarto. Subi meu olhar para a pessoa e dei um sorriso rápido a ele.

- O que faz aqui? - perguntei.

- Vim jantar com você.

(...)

Após Prew ir embora de casa, por precisão, Ming apareceu subtamente, me obrigando a jantar com ele e minha família. Porém, eu realmente tinha perdido os 5% de clima que eu ainda tinha.
Ter que fingir estar com alguém e por cima, deseja-la - coisa que nunca aconteceu- era terrível.
Prew me tinha nas mãos e sinceramente, aquilo me deixava assustado, pois, eu tinha toda a certeza que sobraria para Ming.
Estava completamente aéreo no jantar, fui para o quarto mais aéreo, que nem sabia que Ming estava me observando, desde que entramos no cômodo.

- Você está bem?- o olhei, só que não conseguia o responder.

Ming sentou-se ao meu lado e meus olhos, pararam em meus dedos.
Eu não sabia o que sentir, era uma mistura de medo e raiva. Os dedos de Ming tocaram meus fios, e nisso eu o olhei.

- Se você tivesse nas mãos de alguém, por "gostar" de outra pessoa, o que faria?- meus olhos não paravam no rosto do mais alto.

- Eu não sei. Acho que eu assumiria gostar da outra pessoa. - Ming olhou para a frente.

- Não sei se pode ser tão fácil. - dei um simples sorriso a ele.

- Eu tenho certeza que seja, mas você precisa saber como os outros vão ver esse relacionamento. - ele me olhou, sorrindo pequeno. - Se eles aprovam, ótimo. Caso contrário, você pode decidir se quer ou não continuar.

Assenti levemente, enquanto pensava. Ming estava certo, mas eu já sabia como seria a reação dos meus pais.
Era difícil estar numa situação daquelas, contudo, eu não queria me submeter a estar com uma garota que estava comigo e com outros.

- Ming...- chamei o amorenado, que me olhou nos olhos, esperando que eu falasse.

Bom, eu não falei nada, apenas o beijei. Queria ter certeza do que o que eu faria a partir daquele momento, seria o certo.

Him - J9 / JoongnineOnde histórias criam vida. Descubra agora