Capítulo Único

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Marlene e Dorcas eram o que todos chamam de melhores amigas, e as pessoas ficavam ainda mais cientes disso quando viam as mesmas fazendo as típicas brincadeiras que melhores amigas faziam. As brincadeiras eram extremamente variadas, desde encher a cara da outra com bolinhas coloridas até deixá-la com aparência diferente por semanas. E essas eram as fora do dormitório.
Elas tinham o costume de juntar as camas antes de dormir, porque quando estavam no 3º ano Dorcas teve um pesadelo e se deitou com Marlene na cama dela para pedir consolo. Agora, para evitar isso, essa é uma solução que acharam, e mesmo hoje no 7º ano continuam com esse costume. Elas sempre acabavam conversando até altas horas e só paravam quando Lily reclamava, lembrando à elas que teriam que acordar cedo no outro dia para assistir à aula. Por isso, de sexta para sábado eram sempre as melhores noites: passavam a madrugada no quarto dos meninos. Todos acabavam dormindo lá, e as meninas sempre acabavam roubando as camas de dois dos Marotos. Geralmente, Sirius e Remus não se importavam de dormir juntos no chão.
E, nessa semana não seria diferente. O combinado era se encontrarem às 19:00, e exatamente nesse horário, Alice, Lily, Marlene e Dorcas e Mary estavam na porta do quarto. Elas sempre davam 3 batidinhas na porta e depois gritavam "Abram logo ou vou enfeitiça-los!". Bem, a parte do grito ficava com Lily, e James sempre deixava-as entrar com um sorriso enorme.
— Bem vindas à humilde... - começou James.
— E bagunçada. - Lily o interrompeu.
— Residência dos Marotos. Estressada cedo hoje, Evans?
— Você sabe que não, Potter. - dizia ela, abraçando o garoto em sua frente e dando-lhe um beijo carinhoso na bochecha. - Só prefiro que esse lugar esteja mais arrumado para receber visitas, imagina dividir um quarto com você!?
— Quem te viu e quem te vê, Lily. Até o início do ano dava o maior gelo no James, e agora tá toda animada falando sobre dividir um quarto. - disse Mary, explodindo em risadas.
— Hahaha. Muito engraçada, MacDonald. - respondeu a ruiva.
— As senhoritas vão entrar ou vão continuar nisso? - perguntou Sirius. - Temos uma noite toda para aproveitar. - e, dito isso, as meninas entraram e fecharam a porta atrás de si.
[...]
A garrafa rodou, e parou de Sirius para Remus. Dava para ficar assustado com o sorriso dado por Black.
— Verdade ou desafio, Moony?
— Eu tenho mesmo que fazer isso? - perguntou o lobisomem.
— Sim. Se você não escolher nada eu vou ter o direito de te obrigar a fazer qualquer desafio que eu quiser. - respondeu Sirius.
— Argh, se não tem jeito mesmo... eu escolho verdade.
— Poxa, eu tinha tantos desafios em mente! - lamentou Black. - Tudo bem. É verdade que eu sou o homem mais bonito de todo o mundo e que você me ama mais que seus chocolates?
— Sim, Sirius, é verdade. - respondeu Remus, pensando se já não estava óbvio o suficiente. - Você já foi melhor nisso, Black.
— Eu 'tô só aquecendo, Lupin. Torça 'pra essa garrafa não cair mais em você.
— Depois dessa até eu fiquei com medo. - disse James.
— Não duvide do potencial do Sirius, Potter. Eu já tive lições suficientes sendo a melhor amiga desse aí. - disse Lene.
— Ei! Pensei que EU era sua melhor amiga, Lene! - respondeu Dorcas, claramente enciumada.
— Eu sou o melhor amigO, você a melhor amigA. - retrucou Black.
— Ai gente, girem essa garrafa logo! - resmungou Alice.
Algumas rodadas depois, desafios cumpridos e verdades ditas, Marlene teve uma "brilhante" ideia, como sempre.
— Gente, para tudo! Eu tenho uma ideia. - disse Marlene. - E se...
— Fala logo! Você sabe que todo mundo sempre fica curioso com isso. - disse Mary.
— 'Tá, 'tá! Eu ACHO que ainda tenho um pouco de Verissaterum que furtei... éeee, quer dizer, peguei emprestado da sala de Slughorn. A próxima pessoa que precisar responder vai virar tudo e despejar as verdades, e, dependendo, vai ter que cumprir um desafio também! - finalizou.
— Agora é a melhor parte, então. Só espero que não pare em mim. - disse James.
— Digo o mesmo. - concordou Remus, olhando pelo canto do olho para Sirius.
— 3, 2, 1 e... - Frank rodou a garrafa. - Lily pergunta 'pra Marlene.
— Isso! Eu fiquei esperando por essa oportunidade a noite toda.
— E lá vamos nós... já posso virar?
— NÃO! - respondeu a ruiva, desesperada. - Vai bebendo de pouquinho em pouquinho, assim o efeito não passa.
— Inteligente como sempre, Evans. - disse Marlene. - Preciso ter medo dessa genialidade?
— Poupe sua voz, Lily. - pediu James - Sim Marlene, você precisa ter MUITO medo.
— Eu concordo com James, Lene. - disse Sirius. - Só Deus sabe o que essa garota pensa.
— Pronta? - Marlene assentiu. - Pode beber.
— Quanto, exatamente? Um terço?
— Sim, pode ser.
E Marlene bebeu um terço da poção da verdade.
— Vamos lá. Verdade ou desafio? - perguntou Lily.
— Verdade.
— Ótima escolha, McKinnon. Você 'tá gostando de alguém que está nessa roda? Se sim, de quem? Descreva a pessoa com clareza, por favor.
— Lene, segura a onda um pouco. - pediu Peter. - Podemos apostar antes dela falar?
— 10 galões que não 'tá gostando de ninguém. - apostou Frank.
— Pois eu aposto mais 10 que é da Mary que ela gosta.
— Poxa, Pete, você com certeza ganharia se dissesse Dorcas ao invés de Mary! - disse Sirius. - Comecem a revirar seus bolsos para me pagarem 10 galões, eu nunca perco apostas.
— 'Tô com o Sirius. - disse Lily. - Boa sorte para nos pagarem. Vai lá, Marlene.
— Eu não acredito que realmente vou fazer isso. Sim, eu gosto de alguém daqui. - disse, e inspirou profundamente. - Ela...
— Frank, meu doce, sinto dizer que você já perdeu essa aposta. - disse Alice, rindo baixinho.
— Ela é uma dama. E eu sou apenas uma garota. - Lene olhou para seu próprios pés e soltou um suspiro baixo. - Ela... ela é uma dama. E eu sou só uma linha sem gancho.
— Bebe mais um pouco. - pediu Lily, e Marlene bebeu. - Já peço desculpas antecipadamente, você vai me odiar depois disso, mas... quem é?
— Primeiramente, eu te odeio a partir de hoje Lily Evans. Segundamente... essa palavra existe? Não faz diferença. Ugh, maldita poção da verdade! Eu... eu gosto da Dorcas. - e, dizendo isso, saiu correndo do quarto.
Todos congelaram no lugar por alguns segundos, até que Dorcas tomou uma iniciativa.
— Eu vou atrás dela. - Dorcas disse.
— Agora que elas já foram... quem nos deve 10 galeões mesmo? - indagou Sirius, trocando um olhar cúmplice com Lily.
[...]
— Lene! Espera, por favor! - pediu Dorcas, batendo na porta de seu dormitório.
— Dorcas... eu não vou abrir.
— Você é difícil, né? Eu só queria te contar uma coisa. Mas já que você não 'tá interessada...
— Ah não. Já começou, agora termina.
— Vou ser direta. Eu gosto de você também, Marlene. Desde o terceiro ano. O jeito que você me abraçou e disse que ia ficar tudo bem... eu sabia que queria algo à mais. E, se você também quiser...
Um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. Dorcas conseguia ouvir a respiração de Marlene pelo outro lado da porta, até que a mesma foi aberta.
— Eu quero. Mais que tudo, Dorcas. - disse, entre algumas lágrimas.
Um sorriso enorme foi esboçado no rosto de Dorcas. Ela se aproximou da loura em sua frente e pegou seu rosto. E então, num único impulso, seus lábios se encostaram.
Elas não faziam questão de voltar para onde todo mundo estava. Só queriam se curtir e dormir abraçadas. Porque era isso que namoradas faziam. Não amigas, não melhores amigas. Namoradas.

Melhores Amigas - Dorlene Onde histórias criam vida. Descubra agora