Capítulo 8 - O Velório

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Trixie nunca tinha ido a um velório ou funeral desde seus 4 anos, quando seus pais morreram. Ela se sentia desconfortável, mas precisava estar lá por Katya. Ela estava cumprimentando as pessoas com sua mãe na entrada da capela.

''Como você está, baby?'' Trixie perguntou, quando Katya voltou para o seu lado.
''Eu não conheço nenhuma dessas pessoas. Eu nem tenho certeza se eles viram meu pai mais do que uma vez. Isso é tão estranho.''
''Me diga se você precisar de alguma coisa. Eu te amo.''
''Amo você também.''

Elas estavam sentadas na primeira fileira, bem em frente ao caixão aberto. De repente, eles ouviram vozes familiares vindo da entrada.

''Trix, olhe.''

Eram George e Donna. Eles cumprimentaram a mãe de Katya, seus olhos procuravam por alguém entre as pessoas.

''Ah não. Não aqui, hoje não.'' Disse Trixie, virando a cabeça para Katya.
''Você acha que eles vão querer conversar com a gente?''
''Trixie! Katya!'' disse Donna, aproximando-se deles. George não apareceu, em vez disso, ele se sentou em um dos bancos da capela e começou a orar.
''Oi vó!'' Disse Trixie, levantando-se para dar um abraço em Donna. ''O que você está fazendo aqui?''
''Ah, Pat nos ligou para dar a notícia. Viemos dar nossas condolências, ambos admirávamos muito Dan.''
''Obrigado por vir, Donna.''
''Querida ... eu sinto muito por sua perda. E sinto muito por dizer que fiquei desapontada com você, não quis dizer isso. Vocês duas são muito importantes para mim.''
''Está tudo bem, Donna. Eu te amo.'' Katya pegou Donna de surpresa.
''Oh. Eu também te amo.'' A mulher deu um abraço nela.'' Bem, vou sentar-me ao lado de George. Conversamos depois.''

Donna voltou para o lado de George, que ainda estava orando.

''Você acha que ele vai falar com a gente? '' Katya perguntou a Trixie.
''Duvido muito. Mas é tão estranho para mim que eles viajaram para o outro lado do país apenas para o funeral. Deve ter algo mais...''

O padre subiu ao altar e começou a missa. Durou duas longas horas, e então, todas as pessoas foram ao cemitério ao lado da capela, para enterrar o homem. Trixie confortou Katya ao se despedir de seu pai, o que a deixou levemente tensa, devido à presença de seu avô. Após o enterro, todos voltaram para a casa de Katya para um coquetel. As duas garotas estavam no quintal, deitadas em uma rede juntas, abraçadas.

''Acho que vi meu ex-namorado lá dentro. Eu disse a minha mãe para dizer a ele que eu morri.''
''Deus, o que ele está fazendo aqui?''
''Provavelmente para pedir desculpas por minha perda e depois esperar para ver se eu imploro para ele voltar para mim. O que nunca vai acontecer, porque eu tenho a melhor namorada do mundo inteiro.''
''Sabe, estar com você não é bom para o meu ego.''
''Eu sei.'' Katya levantou a cabeça do peito de Trixie e a beijou, até que foram interrompidas.
''Então, você está namorando uma garota ...'' Eddie, o ex-namorado de Katya disse inclinando-se em uma árvore e acendendo um cigarro.
''Eu estou, Edward. E eu adoraria se você não fumasse no meu quintal.''
''Qual é o seu nome?'' disse Eddie, ignorando o pedido de Katya e continuando a fumar.
''Me chamo Trixie.'' Ela disse, revirando os olhos para ele.
''Legal. Então, quando foi que você se tornou uma sapatona, Kat?''
Katya se desvencilhou de Trixie e se levantou da rede. Ela deu um soco tão forte no rosto do menino que seu cigarro voou.

''Que porra é essa, Katya?''
''Você não vai entrar na minha casa, no dia do funeral do meu pai, e me chamar de sapatona pra me ofender. Você é um merda. Sai da minha casa. Agora.''

Eddie foi embora, balbuciando xingamentos enquanto caminhava. Katya voltou para os braços de Trixie, com a mão trêmula e vermelha.

''Ok, isso foi incrível.'' Trixie disse, fazendo Katya esquecer sua raiva imediatamente. ''Mas eu acho que você machucou sua mão socando aquele filho da puta.''
''Acho que sim. Eu vou cuidar disso mais tarde. Não quero entrar, odeio falar com as pessoas.''
''Boa decisão.''

Depois de alguns minutos de paz total, as meninas acabaram adormecendo na rede. Quando o sol se pôs e todos os convidados foram embora, a mãe de Katya foi ao quintal para chamar as meninas.

''Meninas, ei.'' Ela disse batendo levemente no ombro de Katya.
''Hmm ... ei mãe.''
''Vamos entrar, todos já se foram.''

Katya acordou Trixie e as duas meninas se levantaram da rede, seguindo Pat para dentro. As meninas pararam de andar ao ver Donna e George sentados no sofá da sala.

''Meninas, sentem-se. Precisamos conversar, é muito importante.'' Pat disse, sentando em uma poltrona.

''É uma conversa boa ou ruim?'' Katya perguntou, levando Trixie pela mão para o outro sofá, de frente para Donna e George.
''Nenhum dos dois. É apenas uma conversa. Bem, vamos direto ao ponto: seu pai deixou dinheiro para você, mas provavelmente você já sabia isso. Mas, há algo que está nos intrigando muito. '' Disse Pat, olhando para George e Donna.
''O que é?''
''Seu pai te deixou sua parte da propriedade da fazenda. Está no seu nome agora.''
''Que porra é essa?'' Katya se levantou, parecendo confusa.
''Querida, sente-se. Nós vamos resolver isso. Se acalme.''
''Eu não quero ter propriedade nenhuma. Eu tenho 18 anos! Mesmo no pós vida meu pai está tentando me foder, Deus!''
''Estamos aqui por dois motivos, principalmente, Katya.'' George disse, parecendo sério. ''Em ​​primeiro lugar, seu pai concordou em nos ajudar com o incidente de Harry antes de ele falecer, mas agora...as eleições estão se aproximando e não está nada bem para o lado de Paul, então há uma chance de ele arruinar nosso negócio a qualquer momento. Nós vamos ter que resolver...''
''E você precisa de mim? Que irônico. Você me expulsou de sua fazenda e agora precisa da minha ajuda para salvá-la.'' Katya deu uma risadinha irônica.
''Estamos pedindo humildemente, querida. Você está ciente do que aconteceu, você sabe como as coisas estão ruins. '' Donna disse, olhando Katya nos olhos.
''Eu vou transferir toda essa merda para minha mãe. Eu não sei lidar com negócios. Isso ajuda? ''
''É uma boa escolha, querida.'' Pat disse. ''Vou entrar em contato com todos os advogados que Dan conhecia, farei o meu melhor. Tenho certeza de que podemos resolver isso. Não se preocupe com sua fazenda.''
''Estamos muito gratos. Não é, George?'' Donna olhou para o marido.
''Sim. Obrigado, Pat.''
''Então, qual foi a outra coisa que você veio fazer aqui?'' Trixie falou pela primeira vez nessa conversa.
''Trouxemos isso para você.'' disse George, colocando uma pilha de cartas na mesa de centro.
''O que é isso?''
''Cartas de aceitação. De todas as faculdades para as quais você se inscreveu.'' Donna disse ,sorrindo com orgulho.
''Oh meu ... sério? Oh senhor...'' Trixie pegou as cartas, nervosa.
''Parabéns, amor!'' Katya disse, instintivamente dando um beijo em sua namorada.
'' Oh meu Deus, estou tão feliz. Eu te amo muito. Olha, uma deles é aqui em Boston. Você enviou uma inscrição para lá? '' Trixie perguntou a Katya, com entusiasmo.
''Meu amor, eu...não enviei nenhuma inscrição. Eu perdi os prazos, eu acho.''
''Bem, eu não perdi nenhum.'' disse Pat, entregando dois envelopes para Katya.
''O que ... mãe, você enviou minhas inscrições? Como você sabe o que eu quero estudar?''
''Quando você foi embora, visitei seu quarto algumas vezes, porque estava com saudades de você.'' a declaração fez Katya sorrir. '' E eu vi um monte de desenhos espalhados. Você é tão talentosa, filha. Eu sabia que você não tinha enviado nenhuma inscrição, então tomei a liberdade de fazê-lo.''

A mãe de Katya estava realmente tentando ser uma mãe melhor. A menina se levantou e deu um grande abraço em sua mãe, um que nunca haviam dado antes. Parecia um pouco estranho, mas certo.

''Muito obrigada mãe! E ... onde são essas escolas?''
'' Uma é em Chicago, a outra em Nova York.''
'' Trixie ... as suas são em alguma dessas cidades? '' Katya perguntou, temendo a resposta.

Trixie olhou pacientemente para os endereços de cada uma das 15 cartas que tinha. O silêncio era mortal e definitivamente estava matando Katya. De repente, Trixie puxou uma e gritou.

''Cidade de Nova York! Esta é em Nova York! Baby, nós vamos para Nova York!'' A garota pulou nos braços de Katya, ambas girando de felicidade.
''Nós deveríamos voltar para o hotel, teremos um longo dia amanhã...'' George disse, levantando-se do sofá.
''Sim claro. Vou levar vocês até lá! '' Pat disse a Donna e George.
''Tchau, minhas meninas! Eu te amo! '' Donna beijou Katya e Trixie nas bochechas.
''Tchau vovó...''
''Tchau...'' Katya acenou para Donna.

Quando eles saíram de casa, Trixie desabou. Ela estava segurando as lágrimas desde que viu seu avô pela primeira vez no velório. Foi difícil ver o homem que a criou, ensinou-a a tocar violão e lhe deu tanto amor ao longo de sua vida de repente, nem mesmo lhe dirigir a palavra. Ela estava soluçando, deitada com a cabeça no colo de Katya no sofá.

''Ele vai mudar de ideia, baby. Dê tempo para ele.'' disse Katya, acariciando o cabelo da namorada.
''Só queria que ele não me odiasse. É o meu pior pesadelo se tornando realidade. Eu não queria decepcioná-lo.''
''Não é sua culpa, Trix. Para de se punir. Você não está fazendo nada errado. ''
''Eu sei, Katya, eu sei! Você não entende. Você nunca teve que viver sob a expectativa de pessoas que realmente amam você. '' Trixie se levantou do colo da garota.
''Oh, ok. Eu...'' Katya estava sem palavras. Embora o que Trixie disse fosse verdade, ter jogado aquilo daquela forma feriu Katya.
''Sinto muito, Katya...''
''Quer saber, você está certa. Talvez eu não seja digna de amor. Foda-se essa merda.''
''Eu não disse isso, para de ser tão pirralha!''
''Oh meu Deus, cala a boca!''
''VOCÊ cala a boca e me escute! Me desculpa! Não é um momento fácil para nenhuma de nós. Por favor, eu já perdi meu avô, não quero perder a única coisa boa que me aconteceu.''

Katya sabia que Trixie estava se referindo a ela. Ela caminhou até Trixie e colocou os braços em volta dela, como se tivesse medo de deixá-la ir.

''Desculpa ter perdido a cabeça. Eu te amo. Eu te amo muito.''
''Na verdade, toda essa briga me excitou um pouco...'' Trixie disse, quase sussurrando, no pescoço de Katya.
''Me encontra no chuveiro em 5 minutos. ''

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