Pequenos contos

Vou morrer na mesma

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Eu fumo, e todos á minha volta adoram meter-se na minha vida e dar-me concelhos.
Não devias fumar, isso vai te matar.

Mas qual é a diferença, isso vai acontecer em algum momento, só tou a adiantar o óbvio.

Neste momento estou na parte de fora de um bar, encostada á parede a fumar.

Os meus "amigos" estão provavelmente a embebedar-se lá dentro, importo-me ? Não.

Aliás, não me importo com ninguém, para mim são todos simplesmente pessoas.

E os meus pais.

Não os conheci, eles foram as primeiras pessoas que saíram da minha vida, mas não serão as últimas.

Eu vivo com os meus pais adotivos, eles tentam que eu tenha alguma emoção no olhar, mas eu sempre digo que é perda de tempo.

Saio dos meus pensamentos quando ouço a porta do bar a abrir-se, não olho, não me importo com quem quer que seja que de lá saiu.

Continuo a fumar olhando para a frente até que sinto um corpo perto do meu.

Culpa da curiosidade eu viro-me para olhar a pessoa.

Um rapaz, provavelmente da minha idade, cabelos pretos, a combinar com a roupa, ele também fumava.

Ele vira-se para mim e por alguns segundos eu paro de respirar.

Os seus olhos, verde esmeralda, acho que os mais bonitos que já vi, fico perdida no seu olhar até perceber que estou a olhar à muito tempo.

Ele vira-se para frente novamente e eu também.

Olho para a estrada, pensando nos seus olhos e no cheiro do seu perfume, sabendo que uma barreira de gelo do meu coração se quebrou.

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