Íris Fragmentos

EVA

"Nunca na história algo tão ousado foi feito, desafiando as próprias leis da física e da ordem das coisas!" (Manual dos Predecessores)

Ciclo quatro mil duzentos e Sessenta e sete, primórdios das instalações de ciência quântica e neural de Meissa, futura "nano neural tech."

Termino de acoplar os últimos transmissores de ignição dentro da câmara geradora de fusão quântica, criada e reforçada ao longo de trinta ciclos de pesquisas e experiências, afim de dar vida ao projeto N-9000! Ou projeto "Eva"

Tudo está acontecendo como planejado, por segurança pedi que tanto o campo de contenção quanto o filtro de radiação fossem acionados, não queria cometer o erro de ferir milhares de inocentes, mesmo estando em uma distância razoável dos aglomerados, todo cuidado foi tomado para o caso de uma hiper explosão.

— Tudo está pronto, agora podemos começar o processo de mutação!
— Você tem mesmo certeza de que quer fazer isso?
— Por qual motivo não iria querer?
— Porque sou apenas um programa de computador super avançado e acredito que depois de trinta ciclos sendo apenas um programa, talvez  alguns algoritmos possam ser corrompidos e por em risco a integridade deste domo.
— O que vejo é que mesmo se considerando apenas um programa de computador você está propensa a expressar sentimentos e sentimentos confundem nosso raciocínio, pois foram feitos para os humanos!

— Como isso é possível? Minha interface foi criada á base de dados e você fez isso! Então não existe lógica para sentimentos como: nervosismo, ansiedade, medo, ou curiosidade!
— Não se você fosse apenas um programa, mas você é mais do que isso!
— Não entendo o que quer dizer?!
— Eva! Eu criei seus algoritmos a partir do meu código cibernético! Você é parte de mim e isso faz você mesmo sendo ainda apenas um programa, ou um feto tecnológico, possuir os mesmos sentimentos que eu!
— Então você é minha mãe?

— a pergunta de Eva me pegou de surpresa, senti quando as maçãs de meu rosto mudaram de cor e um sorriso desajeitado tomou conta de meus lábios; passaram se apenas dois ciclos desde que minha criadora a doutora Millis se desconectou e esse foi meu primeiro sorriso desde então.

Eva me considerando como mãe me fez sentir o que há dois ciclos não sentia, alegria e a sensação de ter uma ligação direta com algo ou alguém.
— Mãe! Você está bem?
— o computador quântico que abriga a programação de Eva é equipado com câmeras de última geração que possibilitam que ela possa ver e identificar o mundo ao seu redor e ela percebeu através das câmeras que eu estava diferente, e eu estava, porque quando percebi que há trinta ciclos havia gerado um ser a partir de mim mesma, fui tomada de algo que os humanos chamam de emoção! Eva não era só um programa complexo, ela é parte de mim e não percebi isso antes! quando eu e minha criadora demos inicio ao projeto, a ideia era criar uma inteligência que atuaria dentro da rede e no mundo real de forma física e eficiente, também tínhamos em mente, uma superinteliência que superasse a todas as já existentes, inclusive a mim, para darmos todos os passos sem erros crescentes na construção da primeira vimana espacial e de novas tecnologias para garantir a sobrevivência da humanidade.

— Querida, tenho que deixar claro que a mutação pode afetar momentaneamente suas programações e isso pode alterar seu comportamento variando entre compreensão e distorção da lógica.
— Em palavras técnicas não terei certeza do que é certo e do que é errado?
— sim. — Por isso você selou tudo ao redor? Tem medo de que eu machuque os humanos e danifique nossa espécie?
— Desculpe minha bebê! Quando você conseguir calcular o tamanho do seu potencial vai entender porque tomei todos os cuidados.
— Eu entendo você mãe! Mas vou tentar reestabilizar o mais rápido que meus programas permitirem!

— iniciei o protocolo de inundação da câmara com radiação suficiente para abastecer toda a rede de energia de Meissa por dez centenas de ciclos sem oscilar.
Os computadores indicavam que tudo estava correndo como planejado, já era possível ver os nano robôs preenchendo a câmara e recebendo todo o suprimento de radiação que preenchia o local.
— Os níveis de saturação estão em oitenta e sete por cento e subindo!
— respondeu um dos computadores inteligentes que monitorava a resistência dentro da câmara.