Prologo

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             O ranger das janelas trazia uma pálida atmosfera ao ambiente, o vento silvava sobre as folhas das árvores de cerejeiras e os pingos da chuva aos poucos tomavam forma, grossos, e um prelúdio da tempestade que mais tarde decairia sobre aquele lugar. Os uivos dos lobos espirituais traziam uma tremura aos ossos de animais menores, assim como de alguns Ayakashis de baixo nível.

            Mas este sentimento não poderia ser visto naquele dojo, onde na quentura aconchegante do seu interior, duas figuras se encontravam observando o tempo e procurando desvendar os mistérios que a água torrencial levavam para aqueles que procuravam, afinal a natureza sempre respondia como um chamado da grande Deusa Coelha, Kaguya, de beleza ímpar e poder imensurável.

             O mais velho daqueles dois e que já aparentava a velhice soltou um suspiro pesado antes de fechar a janela e se sentar numa almofada ao chão, colocando um pouco de chá verde em um copo e o tomar. Olhando finalmente para o mais jovem ali, perguntando o porque de seu filho mais velho ainda estar ali junto a si, enquanto o mais novo já tinha ido para além do conforto de casa e formado seu próprio clã, seus próprios descendentes e mais ainda, já tinha sido convocado por sua Yezhu, mas o mais velho ainda estava consigo.

— Indra, venha até aqui... — Hagoromo falou de forma firme ao rapaz de cabelos negros encostado sobre o portal de saída observando a chuva. — Preciso lhe contar uma história.

             O rapaz, que mal aparentava ter dezoito anos, caminhou até o mais velho e se sentou a frente dele, também colocando chá para si, porem não chegou a tomar, apenas observando o que ele teria para lhe contar. Seu pai não era muito de contar histórias afinal de contas, então isto lhe aguçava a curiosidade o bastante para apenas esperar com paciência as palavras do homem.

— Há muitos anos atrás, quando este mundo ainda era apenas a natureza e os pequenos espíritos animais, surgiu um diferente dos outros, uma mulher com fisionomia humanizada, mas com longas orelhas de coelho. Muito mais forte do que qualquer outro ser e capaz de criar um novo mundo, humano, cheio de beleza e poder. — Hagoromo começou e parou apenas para tomar um pouco do chá devido a sua garganta já seca. — Ela também trouxe para este mundo algo novo, filhotes de sua magia e seres de extremo poder, os Ayakashis como eu e você somos. Devo lhe dizer meu filho, que temos uma ligação especial com Kaguya, afinal eu fui uma de suas primeiras criações e também o seu guardião, para protege-la e guardá-la em seu sono profundo. E você meu filho, é o fruto do amor que sentimos um pelo outro, por isto querido, você deve encontrar sua Yezhu, sua filha de Kaguya, como seu irmão já encontrou e forme sua família, seu próprio clã.

            Indra escutou atento a história, procurando tirar proveito de todas aquelas palavras, ele sabia que o pai não estava mentindo, Hagoromo não era um homem de contar mentiras e muito menos de brincar com algo sério como a sua Yezhu da qual o mais jovem sempre quis saber quem era, mas contudo nunca teve esta oportunidade. E entendendo bem o que o pai queria dizer, ele decidiu que iria formar seu clã e procurar ansioso por sua mestra.

— Pai, eu irei fazer isto, procurarei até no final dos tempos por minha Yezhu.

             O brilho sério nos olhos do rapaz evidenciava que ele não estava mentindo em momento algum dali, muito menos sendo leviano em suas palavras. E tomado por uma súbita coragem, Indra se levantou num rompente e sem deixar o pai falar uma única palavra, saiu de casa e caminhou quase sem rumo pelas ruas daquela cidade, Konohagakure no Yumi, a contraparte da futura Konohagakure no Sato.

              Apenas parou de caminhar quando estava ao lado de uma antiga caverna e observando ao interior dela, apenas sentiu um arrepio que parecia lhe dizer e instigar a ir adiante e também ter cuidado, que perigos infindáveis estariam por ali, apenas esperando algum desavisado para lhe estraçalhar ao corpo. E ao mesmo tempo dar o melhor dos presentes para aquele que conseguisse atravessar as incertezas que aguardavam, para o escolhido de Kaguya.

             O rapaz decidido a continuar, caminhou seguindo apenas os instintos, pronto para qualquer adversidade, que sequer o acompanharam, a estranha sensação que lhe confortava ao coração e a mente lhe guiava como se soubesse o caminho certo, onde pisar e o que fazer em cada câmara. Demorou horas até chegar a uma gruta iluminada pela lua presente no céu noturno, sequer parecia que momentos antes uma tempestade ocorria, ou talvez fosse aquele lugar cheio de magia.

            Observou as paredes do lugar a procura de alguma passagem além da que tinha acabado de passar, porem nada, nem sequer uma única rachadura compunha aquela caverna. Procurando mais a fundo, conseguiu ver uma pedra que se erguia do chão, curiosamente cheia de símbolos perto de si, a rodeando e esperando alguém a ativar.

            Indra andou até a mesma e passou os dedos sobre os símbolos, sentindo uma pequena picada que ao levar os dedos para cima, viu o sangue que aquilo tinha causado. Algumas gotas caíram no chão sobre os círculos e uma luz saiu cegando seus olhos por alguns segundos. A respiração se tornou descompassada, enquanto seus instintos teimavam em relaxar, quando ele claramente queria estar alerda a qualquer coisa que fosse.

             Quando finalmente pode ficar de olhos abertos, a pedra já não estava mais ali e a parede a frente tinha mudado, mostrando uma nova passagem. O homem mesmo receoso sobre o que fazer, adentrou ao novo local, se deparando com uma longa escadaria de mármore, que indicava a criação por mãos de algum Ayakashi.

            Finalmente após incontáveis degraus a câmara mais profunda daquela montanha se mostrou aos olhos de Indra, o marfim branco sem sequer uma única mancha chegava a doer aos olhos negros do rapaz, as paredes contavam com inscrições em variadas línguas, ele tinha certeza que aquilo eram inscrições para o futuro e para o passado. E por isto procurou alguma que ele conseguisse entender e ler, para saber onde estava e o que ocorria ali.

           A Deusa Coelho após toda a criação se encaminhou para seu profundo sono, esperando o momento certo para despertar e trazer o Tsukuyomi ao mundo. Renascida necessitará da ajuda de Ayakashis escolhidos, seus dez mandamentos, homens amaldiçoados com o amor que beira a obsessão. E seu primeiro escolhido, será aquele que criará todo um clã para a devoção as Yazhus, passando adiante a maldição, de geração a geração. Que tomará o nome de Indra Uchiha.

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              Sakura Senju, era uma criança isolada das demais e mesmo com as adversidades que isto lhe trazia, ainda mantinha um sorriso doce sobre seus lábios, mas principalmente ela nunca desistia. Não demonstrava a dor que possuía por não ter amigos com quem conversar ou coisa do tipo. E bem, ela era isolada por alguns motivos, nenhum deles ela entendia muito bem, não quando se era uma criança de seis anos e nunca conseguia se aproximar dos outros.

              Os adultos não gostavam dela por ser descendente de Kato Dan, um exímio shinobi, ninguém duvidava disto, mas ele era diferente, um homem amaldiçoado a morrer cedo. E os mais velhos tinham medo da garota tenha herdado isto do pai, além é claro, dela ser filha da grande Tsunade, isto impunha medo nas pessoas, devido ao grande respeito e o histórico de Ayakashis nível um das Yezhus daquela família.

               Depois quando ela entrou para a academia, ficou isolada por ser a única criança a não fazer progressos e pior ainda, sempre causar algum acidente em sala de aula. Como as outras meninas a apelidavam, ela era a rainha da destruição, uma criança que tudo que tocava era destruído e os que ficavam perto dela, se machucavam.

             Aprendeu então a ignorar a todos os comentários e a não precisar de ninguém, apreciando a solidão que a sociedade de Konoha impunha a ela. Mas isto mudou aos seus dez anos, quando duas garotas que antes estudavam em casa, entraram para a academia, na mesma turma que a sua. Ino e Hinata, se tornaram suas amigas logo no começo e finalmente ela saiu um pouco da solidão.

            Apreciou a companhia das duas garotas e prometeu a si mesma, não as machucar, ou pelo menos tentar não fazer mal algum a elas. Passando a treinar mais arduamente para conseguir controlar os desastres que sempre a acompanhavam, seja o erro de um justo ou as quedas que sempre tomava. Também procurou proteger a ambas das piadinhas e do mal que as outras garotas faziam, em especial Karin Uzumaki, uma garota odiosa que se achava a melhor, apenas por ter dominado rápido aos jutsus. Ela tinha também seguidoras para paparica-la e infernizar o dia das outras garotas, e especialmente a vida de Sakura.

Sakura no KamiOnde histórias criam vida. Descubra agora