Aí tem coisa!

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— Você pode parar de fazer isso? — perguntei para Ahri, que estava fixada em Liu Yangyang com um olhar que beirava o insano.

Era sexta-feira, o último dia da semana de aula, e, aparentemente, a única coisa que minha melhor amiga conseguia fazer era devorar com os olhos o chinês que estava sentado com seus amigos na mesa ao fundo da sala. A comparação pode não ser a mais elegante, mas era a mais precisa: Ahri parecia uma predadora prestes a fazer sua refeição. Juro que vi um fio de saliva escapando dos cantos de sua boca uma vez.

— O quê? — Ahri respondeu, distraída, ao ser interrompida pela segunda vez. Seus olhos continuavam grudados na mesa onde Yangyang e seus amigos conversavam animadamente.

— Você podia ir falar com ele — sugeri, apontando discretamente para a mesa dos três, que estavam rindo e conversando como se fossem os únicos no mundo. — Eu duvido que algum deles, especialmente o Yangyang, vai morder. Se ele perceber que você está o encarando desse jeito, vai sair correndo.

Ahri soltou uma risada nervosa, balançando a cabeça. — Você exagera, sabia? Sabe que eu não consigo formar uma frase coerente quando estou na frente dele.

Ah, sim. Ahri tem uma queda por Yangyang desde o ano passado, algo que ela só compartilhou comigo e com o pai dela. No entanto, eu tenho certeza de que metade da escola já percebeu. A maneira como ela fica vermelha como um pimentão quando Yangyang se aproxima, ou as frases desconexas que ela solta quando ele tenta puxar conversa com a gente na sala de aula, são bastante evidentes. É engraçado, mas também incrivelmente fofo.

— Amiga, limpa essa baba que está escorrendo — digo, piscando para Ahri, que imediatamente leva a mão ao rosto, confundida.

Ela passa um guardanapo pela boca e, ao perceber que não havia nada ali, me lança um olhar indignado. Eu não pude me conter e comecei a rir, um riso que rapidamente se espalhou pela nossa mesa. O barulho chamou a atenção de alguns alunos ao redor, incluindo Yangyang, Dejun e Hendery, que trocaram olhares curiosos para a nossa direção.

— Eu não era assim com você e o Hendery — Ahri protesta, tentando parecer brava, mas com um sorriso malicioso no canto dos lábios.

— Nunca foi preciso — retruco, ainda rindo.

Entre Ahri e eu, o título de mais louca sempre foi meu. E, no trio chinês da escola, todos tinham um parafuso a menos, mas Hendery ganhava disparado. Ele sempre foi o tipo que não liga para o que as pessoas pensam e age da forma mais maluca possível. Era típico dele ser direto e sem rodeios. Lembro-me de uma vez, há cerca de seis meses, quando Hendery chegou na nossa mesa com um sorriso travesso e, com a maior cara de pau, me perguntou se eu aceitaria um beijo dele, porque ele estava morrendo de vontade de me beijar. Tentei esconder o penhasco que eu tinha por ele, mas depois de fazer um jogo de cena por uns 10 segundos, aceitei e, com um “ah, por que não?”, Hendery me levou para o banheiro desativado da escola, onde tivemos nosso primeiro beijo.

— Claro, vocês são dois sem-vergonhas — Ahri responde, balançando a cabeça em descrença, mas com um sorriso divertido.

— Escuta aqui... — começo a falar, mas interrompo quando uma ideia brilhante surge na minha cabeça. Se estivéssemos em um cartoon, provavelmente uma lâmpada teria aceso acima da minha cabeça. Mas, pelo visto, só Ahri consegue ver o brilho no meu olhar.

— O que foi? — Ahri pergunta, com curiosidade evidente. — O que você vai fazer? Não gosto quando você sorri desse jeito.

— Vem comigo — respondo, levantando-me da mesa e puxando Ahri pela mão. Passamos por duas mesas antes de chegarmos à mesa do trio chinês. Com um sorriso confiante, dou um cumprimento animado. — Oi, meninos.

Os três, Liu Yangyang, Xiao Dejun e Hendery, olham para nós com expressões variadas de surpresa e curiosidade.

— O que você vai fazer? — Ahri pergunta novamente, agora um pouco ansiosa, apertando minha mão como se tentasse me parar.

— Liu, Xiao... — começo, seguindo meu costume de chamar os outros pelo sobrenome, um hábito que sempre achei divertido. — Eu preciso conversar com o Wong. — Coloco a mão que não está segurando a de Ahri no ombro de Hendery. — Vocês podem fazer companhia para a Kim?

— O que? — Ahri arregala os olhos, ainda segurando minha mão, como se tentasse entender o que estava acontecendo.

— Claro — responde Yangyang, dando um sorriso acolhedor para Ahri. — Fique tranquila, a gente vai cuidar dela.

— Senta aqui, Ahri — diz Dejun, levantando-se e puxando Ahri gentilmente para que ela se acomode entre ele e Yangyang. — Vou deixar vocês com a Kim por um tempo.

Antes que qualquer um de nós possa protestar ou entender o que está acontecendo, Dejun se levanta rapidamente, lançando um último olhar brilhante para Yangyang e um rápido joinha, como se estivesse confirmando um plano secreto. Então, ele se dirige apressadamente para a saída, murmurando algo sobre precisar ir para a biblioteca.

— Interessante — murmuro para mim mesma, observando Dejun sair com uma expressão de leveza e entusiasmo. — Aí tem coisa.


— Hendery — chamo, tentando capturar sua atenção.

Ele sorri de volta, claramente divertido. — Você pode falar aqui. — A expressão de dor em seu rosto revela que Yangyang acabou de lhe dar um leve beliscão. — Ouch! Isso dói! — Hendery se volta para Yangyang com um olhar de reprovação, enquanto Yangyang apenas faz cara de paisagem, como se não tivesse feito nada.

— Por que você não vai ver o que a sua amiga quer? — Yangyang sugere, enfatizando a palavra “amiga” com um tom de brincadeira. Eu o encaro com uma sobrancelha arqueada, mas antes que eu possa retrucar, puxo Hendery pelo braço de forma nada gentil — ao contrário da maneira suave e cuidadosa com que Dejun havia ajudado Ahri.

— Nós já voltamos — digo para Ahri, que está tentando se esconder atrás de Yangyang, seu rosto ruborizado como um pimentão. Ela me lança um olhar mortal, como se tivesse um plano para me assassinar de várias maneiras diferentes, mas eu apenas sorrio de volta, sabendo que ela vai se divertir com a situação.

— Para onde você está me levando? — Hendery pergunta, enquanto caminhamos para fora do refeitório. Seu tom é de curiosidade misturada com uma pitada de malícia.

— Para o banheiro desativado — respondo, mantendo o tom leve e misterioso.

— Oh, e você nem vai pagar meu jantar antes? — Hendery para de andar de repente, dramatizando o espanto. — O que você pretende fazer comigo lá? — Ele faz uma pose exagerada, cobrindo seu corpo como se estivesse se preparando para um ataque iminente. Alguns alunos ao redor nos observam por alguns segundos, mas rapidamente voltam ao seu almoço quando percebem que é apenas Hendery sendo, bem, Hendery.


Galera, assim como Feel Special, estou reescrevendo Plot Twist também

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Galera, assim como Feel Special, estou reescrevendo Plot Twist também. Não haverão muitas mudanças, realmente é apenas a escrita.

Lembrando: é uma shortfic, bem leve e cheia de humor.

Eu espero que vocês gostem 😊

Ah, só para lembrar, tem um grupo no whatsapp onde eu sempre dou avisos sobre as minhas obras e as vezes nós conversamos.
O link tá na bio.

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⏰ Última atualização: Sep 18 ⏰

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