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Numa manhã que nasceu fria e que nos faz implorar por um abraço bem quente, acordo e encontro os olhos chamativos e expressivos de Yoongi me fitando, sua pálpebra dupla e suas pequenas sardas me dando bom dia. Sorrio ao me espreguiçar e enlaço meu braço ao redor de seu pescoço, puxando-o para mim, suas íris escuras me admiram com carinho e sinto suas mãos trilhando um caminho em minha coxa desnuda, arrepiando-me. Yoongi aproxima sua testa da minha e as cola juntas, deixando um selinho fraco em meu nariz.

"Bom dia, meu bem." Sua voz rouca e aveludada agraciam meus ouvidos.

"Bom dia, dengo. Dormiu bem?" Afasto alguns fios de cabelo que caem sob sua testa, seus olhos se fecham ao toque de forma adorável.

"Hu-hum." Ele resmunga enterrando o rosto na curvatura do meu pescoço, sua perna enlaçada em minha cintura.

E ficamos desse jeitinho, abraçados, entrelaçados um no outro, a manhã inteira. Se alguém perguntasse porquê demoramos a levantar diríamos que a culpa é do sol que não apareceu pra nos acordar, culpa do frio que transforma nossos corpos em ímãs no desespero para esquentar. Poderíamos colocar a culpa até no pobre do despertador, que falhou em seu serviço, mas nós sabíamos que a culpa era apenas nossa. Nossa porque sentir o toque um do outro afastava até o mais gélido dos frios, sentir e ouvir ambas respirações nos dava forças para continuar, pois estamos vivos, vivos e juntos. Partilhamos uma vida boa e serena. Culpa nossa porque adoramos ficar agarrados e presos na bolha de amor que nos envolve. Nem mesmo se inventassem um mar grande o bastante, nada nos impediria de nadar até que nossas mãos se tocassem, até que meus olhos encontrassem a pálpebra dupla e as sardas do meu Yoongi.

O som das notas do piano ressoam pelo apartamento recém pintado de lilás enquanto espero a água do café ferver, de costas para o local em que ele tecla precisamente sorrio aproveitando o momento. O vapor da água subindo, a pouca luz do sol ainda escondido entre às nuvens entrando pela janela em frente à pia, o cheiro familiar do café pingando na garrafa e a música soando quase como se acompanhasse o ritmo que o pó vira líquido.

Encho duas xícaras com uma quantidade boa e me junto ao lado do meu pianista particular, observando-o terminar a canção bebericando o café. Seu rosto está sério e os olhos fechados, completamente em transe e focado no que faz. As sardas em suas bochechas redondas chamam minha atenção, e seguro a vontade avassaladora de lhe encher de beijos no momento.

"O que tanto olha aí, hein?" Yoongi pronuncia de repente, seu rosto agora virado para mim e seus dedos descansando no colo.

"Suas sardas." Digo e lhe entrego a xícara.

"O que tem elas?" Ele assopra o líquido e bebe um gole, um som apreciativo sai de sua garganta. "Obrigado amor, ficou muito bom."

"De nada." Pisco para ele e beberico mais do meu café.

"E então, as sardas?"

"Não é nada... Eu apenas estava me segurando enquanto você tocava para não enche-las de beijos." Digo encarando o chão.

"Você não precisava ter se segurado." Yoongi diz com um sorriso de lado nos lábios ao que leva a xícara nestes. Ele me fita entre o vapor da bebida e seus cílios batem graciosamente quando começa a rir, os ombros balançando.

"Qual é a graça?" Finjo estar irritado, deixando a xícara na mesinha à minha direita. Uma mecha do seu cabelo castanho cai sob o olho.

"Você é fofo." Ele abre seu sorriso gomoso e deixa o café de lado. "Venha cá, bem."

Os braços fortes me roubam em um abraço apertado com nossos corpos largados no pequeno banco do piano, seu cheiro me atordoando e seus cabelos macios como seda fazendo carícias em meu rosto. Afasto-me da curva de seu pescoço e o olho de longe, porém com o seu toque ainda agarrado à mim. Tomo-lhe entre as mãos, trilhando seu rosto delicadamente e passando o dedo em círculos em cada preciosa sarda. Yoongi fecha os olhos e tomba a cabeça levemente, imerso nos meus toques. Deixo o primeiro beijo em sua bochecha esquerda, um beijo longo e molhado, o seu aperto em volta de mim afrouxando à medida que vai relaxando ao sentir meus lábios sobre sua pele. Ele solta murmúrios positivos e baixos quando seguro sua nuca e o puxo para perto, um sentimento desenfreado corre entre minhas veias implorando para que o trouxesse ainda mais perto do calor de meu corpo.

"Jimin..." Sua voz preenche o ambiente em conjunto às gotas da chuva do lado de fora.

Yoongi aperta minha cintura e abre os olhos banhados em prazer, seu hálito adocicado igual café batendo contra meu rosto fazendo minha boca salivar. Ficamos perdidos no olhar um do outro, prestes a naufragar no oceano particular de nossas íris por mais alguns segundos, até que nossos lábios se entrelaçam em um beijo fervoroso e doce. Nossas línguas dançam uma valsa infinita, um amor tão grande que necessita ser vivido a todo instante. Em meio a suspiros poéticos e movimentos mal calculados, algumas teclas do piano ressoam pelo apartamento. Engolimos o riso um do outro, sem querer saber o dono da mão ou cotovelo estabanado. Não ligamos para nada no momento que não sejam toques, beijos e a poesia que criamos juntos.

"Já faz cinco anos..." Tento dizer entre o beijo, minha mão empurrando o peito de Yoongi gentilmente. Observo seu rosto; vermelho, suado e deslumbrante. "Cinco anos que nos casamos e eu ainda não me acostumei com isso tudo. É tão surreal."

Ele abaixa e deixa um selar em minha testa, sorrindo grande e mexendo a cabeça negativamente.

"Por que seria surreal? Esse é o único cenário que consigo me imaginar vivendo." Yoongi pega minha mão e a coloca em seu coração. "Sente isso? Está acelerado, não está?"

"Sim." Respondo baixinho, sentindo seus batimentos cardíacos e quase suspirando de alívio por tê-lo aqui, vivo e comigo.

"Ele só acelera por causa de você, e apenas por você Jimin. Não existiria nada de mim, nada desse Yoongi, se você não estivesse comigo. A cada segundo que fico longe de você é um desperdício, o mundo para de girar e fazer sentido quando não estou ao seu lado."

Sem ar é como me sinto. Sem fôlego me sinto ao ouvir palavras tão belas e puras. Enquanto o coração de Yoongi bate disparado, o meu desacelera e preciso me lembrar como se respira. A sensação é como se todo esse amor me sufocasse, não de um jeito ruim, e sim de forma grandiosa, bonita.

"A única parte da nossa vida que é, de fato, surreal, é o nosso amor em conjunto." Falamos em uníssono.

A nossa frase. A frase que dissemos em nossos votos. A frase que resume de um jeito único e belo a nossa história de amor. Uma história sobre um amor surreal de duas pessoas que se amam ao ponto de girarem a terra inteira se for preciso, até que o tempo se esqueça de ir pra frente e volte atrás, para que possam caminhar até que se encontrem novamente e façam florescer e crescer o mesmo amor, quantas vezes puderem.


[                                     ☕️                                   ]

E essa foi a história curtinha de mais um dos Yoonmin que criei na cabeça. Espero que tenham gostado e aproveitado o pequeno tempo que tiveram com eles, estava com vontade de escrever algo assim, romântico, mesmo sendo pouca coisa.

É isso! Obrigada se você leu, não esqueça de deixar um favorito e um comentário pra me ajudar :) E te convido a conhecer mais das minhas histórias aqui, estas são maiores!

Até mais. <3

piano, café e sardas [ yoonmin ]Onde histórias criam vida. Descubra agora